Primeiramente é importante destacar três pontos, um em
cada capítulo:
Capitulo 1: durante a narrativa da criação o autor deixa claro que ao final de cada obra, Deus observava o que havia feito e concluía que o resultado "tinha sido bom" (veros 9, 12, 18, 21 e 25) . São cinco exclamações
com a afirmação: “E VIU DEUS QUE ISSO ERA BOM”, porém no versículo 31, a ênfase
é bem mais incisiva: “VIU DEUS TUDO QUANTO FIZERA, E EIS QUE ERA MUITO BOM”, e
isso se deve ao fato de que ali Deus examinou todo o conjunto da obra.
Capitulo 2: a
narrativa da criação mostra dentre outras coisas, a forma e a maneira como Deus
delegou ao homem a primeira tarefa: “Tomou, pois, o Senhor
Deus ao homem e o colocou no jardim do ÉDEN para cultivá-lo e o guardar. E o
Senhor Deus lhe deu esta ordem: de toda arvore do jardim comerás livremente,
mas da arvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que
dela comeres, certamente morrerás.” (versos 15, 16 e 17).”
É interessante observar que mesmo em se
tratando de uma ordem, ao homem foi dado o direito de escolha, porém
paralelamente havia a advertência sobre a consequência dessa escolha.
Capitulo 3: a ênfase
da narração recai sobre a forma e a maneira pela qual o homem definiu sua
escolha. Mesmo estando clara a advertência de que a opção pela “arvore do
conhecimento do bem e do mal”, traria junto o decreto de sua morte, o homem
conscientemente, e de pleno acordo com sua mulher desprezou a advertência,
assim como desconsiderou as consequências que iriam advir de sua escolha, e a
mais grave destas consequências é descrita nos versículos 17, 18 e 19: “E ao
homem disse Deus: visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da arvore
sobre a qual eu lhe advertira para que não comesses, maldita é a terra por tua
causa. Em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá
também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto
comerás o teu pão, até que tornes a terra, pois dela foste formado; porquanto
sois pó ao pó retornarás”.
Analisando os três
pontos destacados, é possível o entendimento de que:
1- A escolha feita
pelo primeiro casal da humanidade causou danos irreparáveis para eles, para a
terra da qual haviam sido formados, e para todos os seus descendentes. O maior
desses danos é sem sombra de dúvidas, aquele o qual se denominou PECADO (escolha
do caminho contrário ao caminho de Deus), pois ele é simplesmente o responsável
direto não só pelo desajuste, como também pelo desvio sofrido por todos, e por
tudo, que existe na terra. O próprio Deus em Gênesis 8.21, afirma que o dano
denominado “PECADO” é algo que se encontra enraizado em todo ser humano:
“edificou, pois Noé um altar ao Senhor e, tomando de animais e aves limpos,
ofereceu-lhes em holocaustos sobre o altar; e o Senhor respirou o agradável
odor e disse consigo: não amaldiçoarei mais a terra por causa dos homens porque
os desígnios do coração do homem são maus desde a sua infância; nunca mais
destruirei todos os viventes como fiz.”
2- O conteúdo bíblico
nos dois primeiros capítulos do livro de Gênesis é explícito na afirmação de
que toda a criação de Deus foi elaborada e produzida de uma forma perfeita,
então, não há duvidas de que se o primeiro casal houvesse optado por não comer
o fruto da árvore do “conhecimento do bem e do mal” teriam o direito de comer
da outra árvore que também estava no meio do jardim – A ÁRVORE DA VIDA ETERNA
-, seriam perfeitos e assim permaneceriam eternamente, porque eterno é o
criador. Ou seja, se a escolha do primeiro casal da humanidade, tivesse
respeitado a advertência de Deus, o “PECADO” não teria existência, e este não
existindo todos os homens seriam plenamente possuidores somente do fruto do
Espírito:
( “mas o fruto do
Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio”, Gálatas 5.22 ).
Sem a existência do pecado não
existiria: prostituição, impureza, lascívia, luxúria, ira, idolatria,
feitiçaria, medo, ansiedade, inimizade, porfia, discórdia, inveja, ganância,
dissensão, ambição, ciúme, glutonaria etc.
Sem a existência do
pecado a terra não produziria cardos e abrolhos. Não haveria doenças ou
apodrecimento. Não haveria peste negra, dengue ou gripe suína. Não haveria
morte ou qualquer tipo de maldição.
3- Todas as impurezas,
malignidades e mazelas que assolam a terra, possuem como causa original a
escolha feita pelo primeiro casal de humanos e o motivo pelo qual o esforço
para combater as moléstias não tem alcançado resultados satisfatórios, se deve
ao fato de concentrar o esforço no combate à consequência, e não discutir ou
conhecer melhor a causa primaria.
Quanto mais se refletir sobre a
conjectura da “outra” opção de Adão, e quanto mais analisar os fatos sob a
ótica do mal causado pela queda do homem no jardim do Éden, mais nítido se
torna a dimensão da causa primária, a dimensão do PECADO. E, quanto mais nítida
for esta dimensão, mais nítido será o entendimento da necessidade do estudo da
Bíblia, e quanto mais se examinar a Bíblia, mais facilmente se constatará que
de acordo com seus ensinos, [especialmente os contidos no Novo Testamento] a
responsabilidade pelas mudanças de atitude e de comportamento das pessoas em
relação às manifestações do mal [Pecado] em qualquer segmento ou setor, se
encontra sob a égide da Igreja de Cristo, pois ela se constitui na única
instituição a possuir não só os meios corretos, mas, também as ferramentas
adequadas para promover essa mudança.
Por essa constatação, não é difícil
vislumbrar que se os cristãos realmente assumissem as responsabilidades que o
“status” de cidadão do Reino de Deus lhes confere, iriam plenamente entender
que a confissão de amor e submissão a Jesus Cristo como único SENHOR E
SALVADOR, só será válida se a mesma for referendada por um desejo natural e
espontâneo de viver uma vida, em que cada atitude venha demonstrar alegria e amor em servir outros
seres humanos. Atitudes firmes, constantes, que venham formar e sedimentar um
“padrão de comportamento” (paradigma), alicerçado exclusivamente nos princípios
imutáveis, universais, e irrevogáveis do padrão de Deus, como estes exemplificados
pela Bíblia:
“Se alguém disser: amo a Deus, e odiar a seu
irmão é mentiroso, pois aquele que não ama a seu irmão a quem vê, não pode amar
a Deus a quem não vê.” (1 João 4.20)
“Porque a mensagem que ouvistes desde o principio é esta: que nos amemos
uns aos outros” (1 João 3.11).“Nós sabemos que já passamos da morte para a
vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte. Todo
aquele que odeia a seu irmão é assassino, e vos sabeis que todo assassino não
tem a vida eterna permanente em si. Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a
sua vida por nós; e nós devemos dar nossa vida pelos irmãos. Sendo assim aquele
que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e
fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos,
não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” (1 João 3. 14
a 18).
“Ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo
e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai
pelo que vos perseguem, para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste,
porque ele faz nascer o seu sol sobre os maus e bons e vir chuvas sobre justos
e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não faz
os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que
fazeis de mais? Não faz os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos
como perfeito é o vosso Pai celeste.” (Mateus 5. 43 a 48). “Digo-vos, porém, a
vós outros que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei o bem ao que vos
odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai pelo que vos caluniam. Ao que te
ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que tirar a tua capa, deixa-o
levar também a túnica. Dá a todo que te pede; e, se alguém levar o que é teu,
não entres em demanda. Da forma como quereis que os homens vos façam, assim
fazei-o vós também a eles” (Lucas 6.27 a 31).
Diante do exposto, algumas conclusões
interessantes são mostradas:
1- A responsabilidade
pelo ensino, tanto da preservação do meio ambiente, quanto da educação
sanitária, como meios de combate a varias epidemias cabe principalmente à
Igreja de Cristo, pois, antes destas moléstias serem um problema causado pela
falta de ética, de cultura, e de moral são primeiramente consequências da escolha
do homem no jardim do Éden.
2- Devastação,
degradação, destruição, falta de cuidados para com o meio ambiente, significa
falta de amor ao próximo e desprezo á criação de Deus, ou seja, o atestado do
estado permanente de rebeldia.
3 – Quanto mais os
cristãos do século 21 refletirem sobre os paradigmas estabelecidos na
encarnação, crucificação e ressurreição de Jesus, verão que na atualidade estão
respeitando e seguindo um “modelo doutrinário” não condizente com os
ensinamentos bíblicos, ou com a doutrina cristã instituída pelos apóstolos. Se
refletirem um pouco mais sobre a historia do cristianismo entenderão que a
doutrina atual é formada por uma verdadeira miscelânea de ideias, sendo
predominantes as que se originaram com o
"deísmo iluminista” dos séculos 17 e 18, e as que são geradas pelo
misticismo religioso aliado à crenças populares e culturais.
4- Para que o cristianismo possa voltar ao seu
caminho natural, é necessário que alguns dos paradigmas atuais sejam quebrados,
e que haja uma reflexão mais cuidadosa sobre o propósito de Deus onde sua
vontade seja mais exaltada que a vontade do homem. É necessário abandonarmos a
pregação antropocêntrica trocando-a por um estudo mais profundo de doutrinas
negligenciadas, e até desconhecidas nas igrejas do século XXI.
Não há dúvidas de que haverá um novo e grande
avivamento quando os temas: pecado original, expiação, justificação, salvação e
outros afins retornarem aos púlpitos, quando for o ensino constante nas salas
da EBD, e o assunto dominante nos templos denominacionais.
Goiânia, 20 de maio de
2013.
Fabio S. de Faria
Não consigo imaginar Adão e Eva não escolhendo comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal como sendo uma opção.Não creio que Deus tenha criado o planeta Terra para que este fosse habitado eternamente pelos seres humanos, que teriam comido da arvore da vida e vivessem uma eternidade de paz e harmonia neste lugar. Tudo já era conhecido desde a eternidade por Deus. Deus sabia que Adão iria pecar antes mesmo de criar este universo. Tudo isto já fazia parte do plano de Deus, de seu eterno propósito. Tudo isso já fazia parte do plano de Deus, que sabia que o homem se tornaria o que é hoje, mas tanto amou sua criação, antes mesmo de tê-la criado, que já resolveu o problema do pecado através do sacrifício de Cristo antes mesmo de iniciar a criação de tudo. Esta é a soberania de Deus. Antes mesmo que Deus dissesse: "Haja Luz", Ele já sabia que Adão e Eva comeriam do fruto, por isso não considero que eles não comessem como sendo uma opção. Que a misericórdia de Deus reine eternamente em nossas existências.
ResponderExcluirFiquei deveras satisfeito com sua visita. Agradeço-lhe de todo o coração. Também lhe afirmo que não discordo do seu comentário, pois não há como negar a soberania e a presciência de Deus. Lógico que tudo era de seu conhecimento, porém Adão tinha uma escolha a ser feita, ou seja, ele "podia não pecar".
ExcluirPeço-lhe que leia a posição de Agostinho de Hipona sobre este assunto retratada no livro do puritano escocês Thomas Boston - A Natureza Humana em Seu Quádruplo Estado.-
Eu concordo com ela.
http://www.monergismo.com/textos/livre_arbitrio/naturezahumana.htm "
Abraços. Fabio.