domingo, 20 de setembro de 2020

A Igreja é o Israel na Babilônia.

 


A Bíblia não deixa dúvidas de que o cristão é alguém cuja direção tem como parâmetro uma identidade missional e missionária. Ela mostra que a  identidade política, nacionalista, social e denominacional do cristão está sujeita a sua missão como cidadão do Reino de Deus. Não há nada demais que ele pertença, aliás, ao contrário, ele deve ser membro de uma igreja organização, deve ter sua posição politica, deve amar a pátria em que nasceu, deve ser praticante de obras sociais, porém sem nunca se esquecer de que todas estas coisas são temporais, e, portanto não deve se apegar a nenhuma como se a elas pertencesse, pois desde o momento do novo nascimento, ele se tornou cidadão da pátria que está nos céus, ele é um integrante da família de Cristo, e os membros desta família são peregrinos e forasteiros nesta terra. 

A Bíblia ensina que a cultura dominante neste planeta de peregrinação não deve ser a identidade primária do cristão.  A cultura do cristão é um campo missionário, ou seja, sua profissão, seu ministério, sua vida familiar, são partes inseparáveis de sua missão. O cristão é um missionário, uma testemunha viva de Cristo em todos os lugares, em todos os momentos, pois sua missão é conduzir as pessoas ao conhecimento do Reino de Deus por meio da proclamação da Boa Nova. Ele precisa se ver como uma pessoa em missão, e não como alguém que tem uma missão. É preciso que em sua mente esteja gravado em letras garrafais: “você é um estranho em terra estrangeira”      

A primeira carta de Pedro [2:11] diz que os cristãos são estranhos e exilados . Diz que a terra não é a sua casa, mas infelizmente há um grande contingente de cristãos se empenhando por sua terra natal temporal, em vez de reconhecer que devem ter a mentalidade de estrangeiros e exilados, e de que sua luta é para povoar a pátria prometida por Jesus Cristo, a pátria eterna.

Na atualidade, não é difícil a constatação de que o percentual de pessoas que são nominalmente cristãs está diminuindo, e de que os cristãos nominais estão se tornando Nonas, um fato indicativo de que a terra está cada vez mais secular, e, portanto é preciso de uma ênfase na clareza do evangelho. Ser rotulado como cristão, não significa que o indivíduo possa ser meramente classificado como 'cristão social', significa que ele é uma pessoa transformada pelo poder do evangelho. Esta diferenciação teológica é vital na maneira como os cristãos são vistos, e de como eles devem se ver aqui na terra.

          Compreender essas mudanças é necessário, em parte, porque se vive em uma época de indignação. As pessoas da terra ficam irritadas com as coisas das quais não gostam. Isso chama o cristão à clareza do evangelho, à clareza de sua identidade missionária, pois ao ser visto como estranho e residente temporário, ele terá condições de mostrar e compartilhar mais facilmente o amor de Jesus da forma que deve ser feito.   Houve um tempo em que o cristianismo foi percebido de forma incorreta, ou seja,  como uma maioria religiosa. Hoje ele é simplesmente uma minoria convicta. Isso é fundamental, porque quando se é uma minoria de convicção, a pessoa não se encaixa na corrente principal da cultura. Estatisticamente o cristão pertence a uma minoria de pessoas que pensa diferente no meio da cultura dominante. Ele não anda por aí pensando ser a maioria e gritando a todos: você vai fazer o que eu digo você vai aceitar todos os meus padrões. Por outro ângulo, ainda é possível encontrar muitos cristãos pensando que a família de Cristo é formada pelas pessoas que nasceram em seu país, pelos seus conterrâneos, e consideram como intrusos os vindos de outros lugares se esquecendo de que na realidade, eles é que são os intrusos, os estranhos e estrangeiros.  

Ao se pensar como uma minoria de convicção é menor o poder de engajamento na cultura do com "Você me deve", e maior na "Como eu posso engajar você na cultura em que estamos através da missão em que estamos?" Ao se olhar como uma minoria de convicção será possível entender que estatisticamente a cristandade morreu, mas o cristianismo se fortalece a cada dia pelo poder da graça de Deus. Será possível entender que nenhuma nação, nenhuma terra pode ser considerada como sendo o novo Israel de Deus. A igreja de Cristo é o novo Israel, e, portanto os novos israelitas são os membros da Igreja, são os cidadãos do céu. Na terra, sempre serão exilados, peregrinos e forasteiros. A Igreja de Cristo é o Israel no exílio. Os cristãos podem e devem plantar jardins, pomares, florescer, crescer, multiplicar, mas tendo sempre na mente de que para eles, todas as nações são a BABILÔNIA.


Fabio S. de Faria
[Adaptação do artigo de Ed Stetzer publicado na revista Christianity Today em 01 de maio de 2018].
 

       


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