O PECADO ORIGINAL
OS FATOS:
1º “quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as arvores do jardim. O Senhor Deus ao homem chamou e lhe perguntou: onde estás? O homem respondeu: ouvi a tua voz no jardim, e por estar nu, tive medo, e me escondi. Gn 3.8 a 10”.
2º “Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, extraordinariamente Caim e lhe descaiu o semblante. Gn 4.4 e 5.”
3º “Dei-te a casa de teu amo Saul e as mulheres de teu amo Saul em teus braços, e também te dei a casa de Judá e de Israel; se isto fora pouco, eu teria acrescentado tais e tais coisas. Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o que era mal perante ele? A Urias o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por mulher, após o matar com a espada dos filhos de Amon. 1ºSm 12.8 e 9 ”.
4º “Mas Jesus lhe disse: afirmo-te Pedro, que hoje, três vezes negarás que me conheces, antes que o galo cante. Lucas 22. 34”.
5º “Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do Homem? Lucas 22.48”.
6º “Em 20 de julho de 1944, o ditador nazista HITLER, escapou por pouco de morrer quando uma bomba-relógio, colocada em seu quartel-general, por um oficial alemão, explodiu. Os inimigos de Hitler na Alemanha faziam planos de derruba-lo ou mata-lo desde 1938, mas todas as tentativas não lograram sucesso. Para se vingar da bomba-relógio que quase o matara, Hitler mandou executar pelo menos 4980 pessoas. Em obediência a ordem sua, algumas dessas pessoas foram estranguladas lentamente com cordas de piano, e a agonia delas foi registrado em filmes que o ditador assistiu depois.(pág. 4031, enciclopédia Delta Universal)”.
7º “Estrangulou filhotes de cães para atingir
mulher”; “Cadáver encontrado com tiros e facadas”; “Dupla mata homem em hotel”;
“Rapaz é executado dentro de sua casa”;
(manchetes de jornais e telejornais de Goiânia em 23-07-10).
Ao ler os fatos descritos, e refletir sobre: “o medo de Adão; a raiva de Caim; a perversão sexual de Davi; a traição de Judas; a negação de Pedro; a fina maldade de Hitler; a banalização da vida na atualidade”, conclui-se que todas essas manifestações, são originarias de uma única fonte, e são partes integrantes de um mesmo sistema. Ao refletir, sobre o motivo que gerou a explosão de cada uma destas manifestações, percebe-se que o estopim da bomba, sempre é aceso pela ação destrutiva do EGOISMO [excessivo amor ao bem próprio, sem atender ao dos outros] assim como, pelo domínio ambicioso do EGOCENTRISMO [propensão inata para referir tudo a si próprio, considerando-se sempre a figura central] que são características inerentes ao ser humano. A essa inerência, a Bíblia outorga um nome: PECADO.
SIGNIFICADOS
PECADO:
s.m = Transgressão de preceito religioso (por ext) culpa,
vicio maldade. (dicionário da língua
portuguesa).
Transgressão livre e deliberada da lei de Deus; todo
desvio decidido por si mesmo, embora de leve, de Deus; nosso ultimo fim para
aderir a algum bem finito, contrario a lei de Deus. O âmago do pecado é a
rebelião contra Deus; e será pecaminoso todo o ato em que a vontade humana se
opuser à vontade divina como tal conhecida pela consciência. (dicionário da Bíblia Sagrada; enciclopédia Barsa –
Monsenhor J.Alberto L. de Castro Pinto).
PECADO
NO HEBRAICO « é definido pelo uso de três
palavras básicas: HATA’= pecar, errar o alvo; PESA’= rebelar-se, transgredir; e
AWON’= iniquidade, culpa. Cada uma dessas palavras implica um absoluto padrão
divino, e define o pecado em relação a esse padrão. Podemos errar o alvo por causa
de nossas fragilidades, podemos nos rebelar contra o padrão de Deus, ou podemos
deturpá-lo em uma tentativa de evitar o conhecimento do pecado. No entendimento
de Lawrence O. Richards (escritor, filosofo, mestre em Educação Cristã, e
doutor em Psicologia Social e Religiosa), o SALMO 51, desenvolve a mais
completa e simples declaração de uma real “teologia do pecado”, ao identificar
a natureza da falha humana através dos termos usados (versos 1 e 2... e,
segundo a multidão das misericórdias apaga as minhas TRANSGRESSÕES, lava-me
completamente da minha INIQÜIDADE, purifica-me do meu PECADO); ao afirmar que o
pecado é contra Deus, que institui o padrão (verso 3.... pois eu conheço as
minhas TRANSGRESSÕES, e o meu PECADO, está sempre diante de mim); e ao apresentar
a idéia de que a semente do pecado está enraizada na natureza humana decaída,
de maneira que não só executamos atos pecaminosos, mas nós mesmos somos
pecadores por natureza (verso 5 ..... eu nasci em INIQÜIDADE, e em PECADO me concebeu minha mãe). Refletindo um pouco
mais nessa “teologia do pecado”, pode-se também entender através do verso 5,
que a “doutrina bíblica de depravação” é
frequentemente mal interpretada. Davi diz “eu nasci em iniquidade (‘awon), e em
pecado (hata’) me concebeu minha mãe”. A afirmativa mostra que a verdadeira
natureza de Davi foi desviada da forma planejada por Deus, de maneira que ele
não atingiu o objetivo do designo de Deus para a humanidade. È essa falha na
natureza humana, que Romanos 5.12-21 (o fundamento real desse estudo) traça
para a queda de Adão; a falha que faz com que homens e mulheres, sejam
pecadores e que gera o ato de pecar. Afirmar que a humanidade é depravada
significa que o pecado tem um constante domínio sobre o ser humano, e que todas
as pessoas praticam atos de pecado.
Também não se deve olvidar que a historia do pecado de
Davi com Bate-Seba, encontrada em 2º Samuel 11, relata que ele viveu com o
pecado encoberto, fechado no seu interior por um ano, desde a concepção de
Bate-Seba (verso 4), até o nascimento da criança (verso 27). A confissão de
Davi sobre a ocultação e interiorização desse pecado, é relatada no Salmo 32.
(Ler com muito zelo)
O
PECADO NA VISÃO DA IGREJA CATOLICA ROMANA
O catolicismo romano considera que o pecado é constituído
de dois tipos distintos: “o pecado original e os pecados atuais”, sendo que os
atuais são divididos, conforme a gravidade da transgressão, e conforme o grau
de voluntariedade e deliberação: “pecados mortais e pecados veniais”. Outra
classificação divide os pecados atuais em “formais”, (todas as transgressões
deliberadas) e “materiais” (transgressões onde não haja consentimento ou
conhecimento). Os pecados materiais, não são propriamente considerados pecados,
porque a transgressão não é voluntária. De acordo com a visão teológica do
catolicismo romano, a Igreja tem o poder de fazer com que a alma, volte à
amizade de Deus, e ela assim o faz através do sacramento da “Penitencia ou
Confissão”. Esse poder foi recebido quando Jesus Cristo disse: “recebei o
Espírito Santo. Os pecados a quem perdoardes serão perdoados, e os pecados a
quem retiverdes, serão retidos. (João, 20.23).” ««« comentários exegéticos e hermenêuticos
ao final desta secção »»».
PECADO
ORIGINAL: esta expressão designa duas coisas diversas, porém
relacionadas entre si:
I- o
pecado de Adão, ao desobedecer a Deus;
II-
as consequências dessa desobediência,
As consequências se
constituíram na perda para si e para todos seus descendentes, da graça
santificante e bens sobrenaturais, que lhe fora dado por Deus, tais como o
direito ao céu, a imortalidade e a imunidade contra o sofrimento, o paraíso
terrestre, o dom da integridade, « o perfeito controle das paixões pela razão
cuja perda prejudicou os dons naturais no sentido de que, só através de luta e
esforço, poderá o homem alcançar a perfeição de qualquer um deles » assim,
pois, Tomas de Aquino aponta a luta pela verdade para suplantar a ignorância, a
luta pelo árduo para suplantar a fraqueza, a luta pelo uso moderado, daquilo
que é altamente agradável para suplantar a concupiscência.
[o livro da Sabedoria 10:1 e 2 nos informa que, mais
tarde, Adão obteve o perdão de sua grande falta, “a sabedoria guardou aquele,
que foi por Deus formado primeiro pai da redondeza da terra, tendo sido criado
só, e o tirou do seu pecado e lhe deu virtude de governar todas as coisas”].
Uma vez que Adão foi não somente o primeiro homem, mas também o “chefe ou cabeça” do gênero humano, seu pecado (não o de Eva) causou serias consequências a todos os seus descendentes, que ficaram privados dos mencionados dons que teriam se Adão não tivesse pecado. Esta privação da graça santificante e dos outros dons é o que se denomina pecado original em todos os homens (Rm 5.19). Nisto não há injustiça alguma, já que não tínhamos direito a esses dons. O pecado de Adão, não nos fez perder nada que, como seres humanos, tivéssemos direito. Pelo sacramento do Batismo, Deus nos restitui o mais precioso dos dons gratuitos outorgados outrora a nossos primeiros pais, que é a graça santificante. Entretanto, as outras consequências tais como a morte corporal, doenças, fraqueza da inteligência e da vontade etc permanecem.
[Apenas uma pessoa, Maria, mãe de Jesus, não chegou a ser
privada da graça santificante devido ao extraordinário privilegio de uma
redenção preservativa, em vista dos méritos futuros de seu filho, Jesus. Esse
singular privilegio de Maria é conhecido como “A IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA”,
tendo sido majestosamente instituído como “dogma de fé” em 08 de dezembro de
1854, pelo papa Pio IX. [Imaculada Conceição, é o peculiar privilegio pelo qual
a Virgem Maria, em vista dos méritos futuros de seu “Divino Filho Jesus Cristo,
foi concebida livre do pecado no seio de sua mãe Santa Ana, ou seja, no
primeiro instante de sua concepção, foi preservada de toda mancha do pecado
original]”.
PECADO
ATUAL-Todos os atos ou omissões que são contrários à Lei de Deus.
São pessoais e voluntários, sendo assim chamados em contraposição ao pecado
original.
PECADOS
CAPITAIS - São as sete principais fontes de atos pecaminosos: ORGULHO;
AVAREZA; LUXURIA; INVEJA;
IRA; PREGUIÇA; GULA.
È importante notar que essas fontes não são primitivamente o “pecado”,
mas sim tendências da natureza para os atos descritos. Recebem o nome de
“capitais”, porque são as fontes ou as raízes de outros pecados. A visão da
“Igreja Romana” é de que a vida cristã é uma continua luta contra estas sete
tendências ou inclinações para atos pecaminosos.
PECADOS QUE CLAMAM AOS CÉUS POR VINGANÇA- O homicídio voluntário, o pecado de Sodoma, a opressão
do pobre, a defraudação dos operários no seu salário. Em virtude de sua má fé
ou dolo, (são pecados cometidos contra a sociedade) parecem pedir castigo por
um ato especial da Justiça Divina. O nome especial dado a esse tipo de pecado,
se deve ao motivo das Escrituras
Sagradas, assim se referirem a eles. Gênesis 4.10 “e disse Deus: Que fizeste? A
voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim”. Êxodo 22. 22 e 23: “A nenhuma
viúva nem órfão afligireis, pois se de algum modo os afligirdes, e eles
clamarem a mim, eu irei lhes ouvir o clamor.” Deuteronômio 24.14 e 15: “Não
oprimirás o jornaleiro pobre e necessitado, seja ele teu irmão ou estrangeiro
que está na tua terra e na tua cidade. No seu dia, lhes dará o seu salário,
antes que o sol se ponha, porquanto é pobre, e disso depende a sua vida; para
que não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado.”
PECADOS
CONTRA O ESPIRITO SANTO: Conforme o relato
bíblico em Mateus 12. 22 a 32, alguém trouxe a Jesus um endemoninhado, cego e
mudo. Jesus expulsou o demônio, e aquele homem passou a ver e a falar. Enquanto a multidão se admirava, os fariseus
murmuravam, acusando a Jesus de expelir os
demônios senão pelo poder de Belzebu, o maioral dos demônios.
Jesus, porém
conhecendo seus pensamentos, lhes contou uma parábola, afirmando ao final: “se
alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem ser-lhe-á isso perdoado;
mas se alguém falar contra o ESPIRITO SANTO, não lhe será isso perdoado, nem
neste mundo nem no porvir.” Em Marcos 3.29, lê-se: “mas aquele que blasfemar
contra o ESPIRITO SANTO jamais terá perdão, pois será réu de eterno pecado.”
Este pecado,
cognominado como “o pecado dos fariseus,” se diz contra o ESPIRITO SANTO,
porque vai contra a bondade e o poder milagroso de Deus. Cristo expulsava os
demônios pelo poder divino, então os fariseus ao atribuírem esse ato ao poder
de Belzebu, simplesmente colocavam em duvida o poder de Deus. Consoante a esse,
há outros seis pecados citados pelos “teólogos medievais” e, que de forma
especial, podem também ser considerados contra o ESPIRITO SANTO.
São eles:
1- desesperar-se da própria salvação; 2-
acreditar presunçosamente na misericórdia de Deus; 3- atacar as verdades
aceitas pela Igreja; 4- invejar o bem espiritual dos outros; 5- permanecer
obstinadamente em estado de pecado mortal; 6- a impenitência final (falta de
arrependimento). Embora sejam diferentes do pecado que Jesus descreveu como
sendo contra o ESPIRITO SANTO, estes seis também recebem a mesma cognominação
porque endurecem o pecador contra o auxilio do ESPIRITO SANTO, o que torna mais
difícil a possibilidade do arrependimento.
PECADO
MORTAL: Transgressão da lei de Deus em matéria grave com
advertência e consentimento, ou seja: “voluntariamente”. Para que haja um
pecado mortal, três condições são requeridas:
A - que a ação seja em “matéria grave” ou como tal
considerada pelo pecador, como assassinato, furto, blasfêmia;
B - deve haver
“plena advertência” de que a atitude a ser realizada é falta grave.
C- deve haver
“pleno consentimento” da vontade, escolhendo-se livremente o perfazer a atitude
má. Esses pecados são chamados mortais, porque matam a vida sobrenatural da
alma, tirando-lhe a graça santificante. Todo o que perecer, em estado de pecado
mortal não terá condições de ir para o céu, e será condenado ao inferno
eternamente.
PECADO
VENIAL: desobediência em matéria leve ou por não ter havido pleno
consentimento. O pecado venial, embora prepare o caminho para o pecado mortal e
seja o maior mal depois deste, ainda não destrói de forma completa a amizade da
alma com Deus. É uma enfermidade da alma, mas ainda não significa morte, pois a
graça santificante permanece na alma.
«« Dicionário Prático por Mons. José Alberto L. de Castro Pinto – Bíblia Sagrada, Edição Barsa 1968; Rio de Janeiro. »»
OBS: 1- A respeito da interpretação feita pela Igreja
Católica Apostólica Romana de João 20. 23, antes de aceitar ou condenar, é
importante que se faça uma reflexão cuidadosa sobre as palavras e a intenção de
Jesus ao proferi-las. A tradução literal do texto grego diz: “aqueles cujos
pecados vocês perdoarem, já terão sido perdoados; aqueles cujos pecados vocês
não perdoarem, não terão sido perdoados”. É no evangelho que todos nós
proclamamos o perdão. Ao compartilharmos o evangelho colocamo-nos no papel de perdoar
os pecados, dependendo da sensibilidade do ouvinte. Jesus deu aos seus
discípulos, que são pessoas conduzidas pelo Espírito Santo (v. 22), a
autoridade para declarar aquilo que Deus já fez quando alguém confia em Cristo.
Quando vocês perdoam os pecados de alguém, ele parece estar dizendo, essa
pessoa já foi perdoada, entretanto, quando vocês dizem que ela não é perdoada
(por não confiar em Cristo), ela não foi perdoada. Todos os cristãos, portanto,
possuem esse mesmo poder de pronunciar perdão de pecados, pois são testemunhas
das boas novas de Cristo por todo o mundo. Nessa passagem não há qualquer
menção de que essa declaração de perdão fosse apenas obra dos apóstolos, e que
iria ser primazia de um grupo sacerdotal, ou de algum determinado grupo de clérigos. (Manual Popular de
duvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia: Norman Geisler e Thomas Howe, pág
432, ed. Mundo Cristão).
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