sábado, 24 de setembro de 2016

UMA CAMINHADA POR APOCALIPSE.



1.1-8: PRÓLOGO
Neste breve texto introdutório nos é apresentado os pormenores essenciais, ou seja, João recebeu uma ”revelação”  [apocalypsis, no grego]. De Cristo sobre o que está prestes a acontecer, que ele chama de “as palavras desta profecia”, oferecendo uma bênção àquele que a lê em voz alta e aos ouvintes nas comunidades cristãs (1.1-3). Então, ele apresenta sua revelação na forma de uma às sete igrejas, com as devidas saudações e uma doxologia – a Cristo!
1.9 a 3.22: AMBIENTE HISTÓRICO
No texto em questão somos apresentados aos três principais personagens do drama: João, Cristo, a Igreja. João se situa a si mesmo, em seu exílio, como companheiro de sofrimento dos destinatários da carta, e lhes dá os detalhes de como recebeu a revelação (1.9-11); ele estará presente como o “eu” que vê e ouve tudo o que se segue. Em seguida ( 1.12-16) passa a descrever Cristo como o Senhor da igreja usando uma colagem de ecos de Dn 7.13; 10.5,6; Ez 43.2. Em (1.17-20) o descreve como o Senhor da história, e quando fala do Senhor ressurreto se apropria das palavras que descrevem Deus em Is 48.12.
Finalmente, nos capítulos 2 e 3, Cristo se dirige às sete igrejas revelando seu conhecimento da presente situação delas, em geral exortando-as de alguma maneira, enquanto roga aos que têm ouvidos que ouçam o que é dito, e prometendo recompensas escatológicas para aqueles que saírem vitoriosos do conflito vindouro. A situação das respectivas igrejas varia bastante – há algumas qualidades bem como algumas deficiências-. Tudo é dito à luz da “provação que virá sobre o mundo todo” (3.10).

a- VISÕES INTRODUTÓRIAS: A CENA NO CÉU E NA TERRA [4.1 A 8.5]

4.1 a 5.14: UMA VISÃO DO TRONO CELESTIAL
Antes das condições terríveis na terra serem reveladas, a majestade incomparável e eterna do Deus criador é revelada a João (cap 4). Em resposta a isso vem a visão do Leão de Deus, o Cordeiro que foi morto, e que por meio de sua morte triunfou sobre o dragão na guerra santa (ver cap 12), e que, por causa de sua obra redentora, é adorado juntamente com Deus e considerado digno de desvelar os juízos justos de Deus (cap 5).
As visões contidas neste texto devem ser lidas com muita atenção, pois todo o conteúdo do livro a partir deste ponto deve ser lido à luz delas. 
[Para melhor entendimento é aconselhável a leitura de Ezequiel 1 e Isaías 6.1-3 para ter uma noção dos antecedentes do Antigo Testamento por trás de muito do que é dito em Apocalipse 4. No mesmo sentido deve também ser lidos Gênesis 49.8-12 e Isaías 11.1-11 para o entendimento de Apocalipse 5].
O que João está oferecendo é a perspectiva do céu (onde há louvor e adoração constantes a Deus e ao Cordeiro), a partir do qual os leitores devem enxergar a horrível situação da terra. Isso fica claro pela inclusão da abertura dos sete selos (6.1 - 8.5) na estrutura dessa visão, como os versos 6.1,3,5,7 deixam claro.
6.1 a 8.5: A ABERTURA DOS SETE SELOS.
Mesmo sendo parte da visão anterior, o relato dos sete selos também inicia uma série de três visões - selos, trombetas, taças - todas possuindo a mesma estrutura: "uma série de quatro, uma série de dois, um intervalo com duas visões, e um sétimo elemento.
Na primeira visão, os quatro cavaleiros (adaptados de Zc 1.6) representam a conquista, a guerra, a fome e a morte (= o império que se opõe ao povo de Deus). A série de dois (o quinto e o sexto elementos) também prepara o terreno para o que vem em seguida fazendo duas perguntas fundamentais:
1 - os mártires clamam "até quando"?. E são informados de que a situação irá piorar ainda mais antes do início da melhora [Ap 6.10,11].
2 - Aqueles que recebem o julgamento de Deus também clamam (ecoando Ml 3.2): "Quem poderá subsistir no dia da ira do Senhor"? [Ap 6.17). 
Assim, João recebe um prelúdio geral dos juízos que se seguem.
A resposta imediata a essa última pergunta são aqueles que são "selados" poer Deus (Ap 7.1-8) e as multidões que vieram da grande tribulação - os redimidos do Senhor (Ap 7.9-11).
Enquanto se faz a leitura é fácil observar que a descrição do povo de Deus em 7.1-8 ecoa o acampamento de Israel na formação de batalha em Números 2, e desta maneira preanunciando seu próprio na guerra santa. Isso, por sua vez, leva à próxima descrição do descanso final  deles na presença de deus, que ecoa Isaías 25.8 e 48.10-13. 
A abertura do sétimo selo indica o início da passagem dos sete anjos (Ap 8.1-5). O silêncio visa um efeito. Observe que os juízos prestes a ser revelados ocorrem em resposta direta às orações dos santos.

b- JUÍZOS PRELIMINARES - TEMPORAIS - CONTRA O IMPÉRIO: [8.6 - 11.19.]

A primeira série de desgraças anuncia juízos temporais e parciais ao mesmo tempo que prenuncia o juízo final (caps 16;18). Isso fica claro pelo fato de que as primeiras quatro são adaptações evidentes das pragas do Egito, que foram juízos temporais, não finais, contra o Egito, e pelo tema repetido do "um terço".
8.6 - 9.21: OS JUÍZOS DAS SETE TROMBETAS
 Observe como esta série de quatro (8.6-13) continua a descrição da ira de Deus do sexto selo, mas agora como trombetas (JUÍZOS DE ADVERTÊNCIA).
Observe como João adapta as três das pragas contra o Egito para se adequar a Roma, que deriva seu poder e riqueza do mar: Granizo (nº 7= Êxodo 9.13-35).
Rio transformado em sangue,  dividido em duas partes - mar e água doce -  (nº 1= Êxodo 7.14-24). Escuridão (nº 9= Êxodo 10.21-29)
A série de duas desgraças (a terceira não é revelada até Ap 18) descreve os juízos em termos mais históricos, aproveitando-se do temor romano às hordas bárbaras (9.1-12 = homens de cabelos compridos), mas descrito em linguagem que remete à praga de gafanhotos de Joel (Jl 1.6; 2.1-5). Isso é representado, em segundo lugar, como uma batalha grande e decisiva (Ap 9.13-19). Mas embora os juízos sejam de natureza temporal e parcial, eles não conduzem ao arrependimento (9.20,21). 
10.1 - 11.19: AS DUAS VISÕES INTERMEDIÁRIAS.
           Essas duas visões nos levam de volta a João e à igreja.
A primeira confirma João em sua tarefa profética (observe especialmente os ecos de Ez 2.9 - 3.3 em Ap 10.9-11), mas observe que ela começa com um anjo poderoso com um pé sobre a terra e o outro sobre o mar, demarcando-os como pertencentes a Deus, não a Satanás e suas bestas (cf 13.1,11).
A segunda visão aponta para o papel profético da igreja, que é cumprir como se esperava, o testemunho do fim dos tempos de Elias e Moisés (cf.11.6), mesmo que isso signifique martírios (versos 7 a 10). Mas em vez da terceira desgraça (prenunciada em 8.13; 9.12; 11.14), a sétima trombeta introduz uma descrição antecipada do próprio fim - mas como já presente: "uma canção de triunfo celebra a consumação do reino de Deus (11.15-19; observe que "aquele que era, que é e que há de vir" [4.8 é agora "aquele que és e que eras" [11.17]; ou seja, aquilo "que há de vir" é descrito como já tendo vindo).

c - O CONFLITO ENTRE A IGREJA E OS PODERES MALIGNOS [12.1 - 14.20]

Esses três capítulos - 12,13,14 - formam o centro absoluto do livro, não apenas literalmente, no esquema geral da narrativa, mas também como a perspectiva teológica (cap 12) e as razões históricas (cap 13) para todo o conteúdo de Apocalipse. 
O capítulo 14, então, prepara o terreno para o restante do livro. 
12.1-17: A GUERRA NO CÉU E SUAS CONSEQUÊNCIAS.
 Observe como as duas visões do capítulo 12 dão a chave teológica do livro. Em sua vinda e ascensão (12.5, a história toda é relembrada retratando-se o início e o fim), Cristo derrotou o dragão (descrito como guerra no céu nos vs 7-11), que agora parte para descarregar sua destruição sobre o povo de Cristo.
Assim, a "salvação" já veio. Satanás já foi humilhado; portanto, "alegrai-vos, ó céus". Mas ainda não é o fim; portanto, "ai da terra". Sabendo que seu tempo é limitado, Satanás irá perseguir o povo do Messias (apontando-se assim para o cap 13), mas será vencido pelos por meio da morte de Cristo e do próprio testemunho que eles dão dela, mesmo que esse testemunho lhes custe a vida.
13. 1-18: AS BESTAS SAINDO DO MAR E DA TERRA.
                    Essa visão apresenta o contexto histórico para o sofrimento deles - profetizando de que maneira Satanás os perseguirá (restrições econômicas e martírio)-, que ocorrerá pela recusa deles em adorar o imperador. 
                  A besta do mar é uma adaptação da quarta besta do mar de Daniel 
(Dn 7.2,7,8,23-25). O que está sendo descrito é Roma, em todo o seu poder aparentemente invencível (observe como em Ap 13.4, o povo parodia o hino do Guerreiro Divino de Ex 15.11), em guerra contra o povo de Deus (Ap 13.7) -- o que conduzirá a muitos martírios (verso 10, ecoando Jr 15.2).
OBSERVAÇÃO: a "ferida mortal" que foi curada (Ap 13.3,12) alude ao ano de 69 d.C, no qual todos esperavam que Roma desmoronasse, tendo sido brevemente governada por três imperadores, um atrás do outro, após a morte de Nero. Mas, o império não ruiu, e isso fazia com que ele parecesse invencível.
A besta da terra representa o sacerdócio do culto ao imperador que florescia na província da Ásia. Observe como aqueles que não carregam o nome da primeira besta (666 é um jogo com o nome de Nero) são isolados economicamente.
14.1-20: RESULTADO DA GUERRA SANTA: VINDICAÇÃO E JULGAMENTO.
           Essa série de visões prepara o terreno para as visões finais, descrevendo primeiro os mártires redimidos como os primeiros frutos que se encontram no monte Sião escatológico (versos 1-5), e então a queda de Roma na linguagem dos juízos proféticos do Antigo Testamento, especialmente aqueles contra a Babilônia (tema que continuará até o final). 
A coleção de breves vinhetas (versos 6-13) desse modo prepara o terreno para o restante do livro, assim como as visões gêmeas de ceifar a terra e pisar o lagar (versos 14-20), que apontam para a futura colheita do povo de Deus e o julgamento de Roma.

d - AS SETE TAÇAS: OS JUÍZOS DE DEUS CONTRA A "BABILÔNIA" [15.1 - 16.21]

                 Essa terceira e última série de juízos distingue especificamente os juízos de Deus contra Roma.
15.1-8: O PRELÚDIO
      Observe como esse prelúdio aos juízos começa com João novamente no céu (cf. caps. 4-6), enquanto os mártires entoam o cântico de Moisés e do Cordeiro, uma primorosa colagem de passagens de todo o Antigo Testamento. Observe também como a série (vers. 5-8) dá continuidade à imagem de 11.19.
16.1-21: A BABILÔNIA É JULGADA
      Observe como essas desgraças ecoam as trombetas, mas sem o qualificador de "um terço". Como nas quatro primeiras trombetas, as primeiras taças são adaptações das pragas do Egito; observe que a terceira (água em sangue) recebe uma resposta imediata em termos da "lex talionis" - olho por olho. Aqui a série de dois continua esse tema. 
O interlúdio nesse caso (v.15,16) é impressionantemente breve e enigmático (um chamado à prontidão e uma referência ao Armagedom), enquanto a última taça de ira repete o terremoto do sexto selo, ao mesmo tempo dá continuidade ao tema da praga (granizo).

e - DESFECHO: O CONTO (ORIGINAL) DAS DUAS CIDADES [17.1 - 19.10)
                          Usando as imagens intensamente evocativas das duas cidades como mulheres que contrastam entre si - Roma como uma meretriz opulenta; a igreja como a noiva de Cristo -, João agora situa o julgamento de Roma contra o pano de fundo dos juízos e da salvação finais de Deus. Observe especialmente que as passagens referentes à cada uma dessas mulheres nos são apresentadas com início (17.3;21.9,10) e fim (19.9,10;22.7-9) semelhantes, e enquanto uma mulher (a queda de Roma) é vista no 'deserto' (17.3), a outra (nova Jerusalém) é vista em um 'monte grande e alto' (21.20). 
17.1 - 19.10: DEUS JULGA A MERETRIZ PELA OPRESSÃO ECONÔMICA
         Observe como essa descrição inicial de Roma como uma grande prostituta montada na besta (capítulo 17) ecoa várias descrições semelhantes de Tiro e da Babilônia nos profetas (Is 23.15-18;Jr 51.6,7). Também é interessante observar que as interpretações de Apocalipse 17.9 e 18, deixam claro quem é realmente a Babilônia. 
João então passa a entoar uma canção fúnebre a respeito dela (18.1-3) seguida de um chamado ao povo de Deus a escapar da "Babilônia" (18.4-8; cf Is 48.20; 52.11; Jr 51.45; etc), e do luto resultante daqueles que participaram nos seus pecados (os "reis da terra" [governadores provinciais], os comerciantes, a frota mercante; Ap 18.9-24). E finalmente vemos o terceiro "AI" (v.8.12;11.14), que por sua vez assume a forma de três "AIS" (18.10,16,19). Eis a única passagem em que João, em geral, abandona o modo apocalíptico para adotar um estilo profético, especialmente no intuito de denunciar a política econômica de Roma, que enriqueceu enormemente à custa dos pobres. Observe como o júbilo no céu é a reação imediata à condenação de Roma (verso 20; cf.12.12a) com ecos de Isaías 25.10, e conclui apresentando mais uma vez a razão máxima para a sua
condenação: "a matança dos mártires" (Ap 18.24).
Observe como o triplo 'ai' é respondido com um triplo 'aleluia' no céu (19.1,3,6). E, assim, João volta à cena no céu (do cap. 4) onde vemos as bodas do Cordeiro e sua noiva, a igreja (19.1-10)
19.11 - 20.15: A ÚLTIMA BATALHA.
        O intervalo entre o "destino" das duas cidades conclui o tema da guerra santa, tanto em Apocalipse quanto na Bíblia como um todo. A descrição do tema forma o pano de fundo final (escatológico) contra o qual o juízo sobre Roma deve ser compreendido. 
        Cristo é desse modo, retratado como um Guerreiro Divino que luta contra a besta, o profeta e o próprio Satanás (19.11-20.15). Observe principalmente como os membros dessa "trindade profana" são lançados, um por um, no lago de fogo (19.20;20.10).  
       Observe como João vislumbra uma separação entre a destruição final das duas bestas e a de Satanás (20.7-10). Isso sugere, junto com a cena nos versos 1-6, que Satanás ainda tem algum tempo depois da destruição de Roma. O evento final é o julgamento daqueles que o seguiram (versos 11-15).
21.1 - 22.11: A NOVA JERUSALÉM: "A NOIVA DO CORDEIRO".
     Estruturalmente, 21.1-8 pertence à "última batalha". Veja como a passagem antevê a cidade de Deus (descrita na visão que começa nos versos 9,10), mas também conclui (v.8) com uma observação sobre aqueles que foram julgados na "segunda morte". Observe especialmente como ela começa com a linguagem de Isaías 65.17-19, com seus "novos céus e nova terra".
         Assim, a visão final de João descreve a cidade de Deus, a nova Jerusalém, descendo à terra, onde ocorrem a restauração do Éden e a reversão dos efeitos da Queda (Ap 21.2-22.6). 
Observe duas coisas: 
                      1- a cidade ecoa a linguagem e as ideias da visão de Ezequiel do "templo escatológico", na qual a glória de Iahweh retorna ao templo (Ez 40.1-43.12). 
                      2- a própria cidade é o templo precisamente porque é o lugar da própria habitação de Deus (Ap 21.3,4,11,22,23; 23.3-5).
Finalmente observe, o quanto 22.1-5 ecoa o Éden restaurado, usando inclusive imagens de Ezequiel 47.1-12.
22.12-21: EPÍLOGO.
                          Essa passagem pode ser considerada um verdadeiro epílogo no sentido de que ecoa numerosos temas do prólogo, pois, assim, como uma conclusão apropriada dessa visão que assumiu a forma de carta, João tanto exorta como convida os leitores originais - e nós - a participar do grande futuro de Deus por meio da vinda de Cristo.

                                      UM BOM ESTUDO A TODOS!
  
Bibliografia: "COMO LER A BÍBLIA LIVRO POR LIVRO. EDITORA VIDA NOVA.
AUTORES: GORDON FEE E DOUGLAS STUART.

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