sábado, 31 de janeiro de 2015

ESSÊNCIA DA DOUTRINA DO PECADO ORIGINAL!



Fundamentado na Teologia Sistemática de A. H. Strong, o Sr Davi H. Stern em seu livro COMENTÁRIO JUDAICO DO NOVO TESTAMENTO, (Editora ATOS, 2008), página 393, elaborou um quadro representativo, onde de maneira fácil pode ser entendida a visão de Agostinho, aquela que é a mais “extrema” da doutrina do PECADO ORIGINAL.
TERMINOLOGIA= o pecado original envolve dois componentes, a saber:       “A CONTAMINAÇÃO ORIGINAL”, que é o estado e a condição pecaminosa sob as quais as pessoas nascem, e em conseqüência das quais elas possuem uma natureza pecaminosa que lhes impossibilita fazer o que Deus considerará como algo bom em termos espirituais.
“A CULPA ORIGINAL”, que faz com que todos sejam merecedores da condenação e da morte desde o momento que passam a existir. São “originais” por que: (a)- procede da raiz original da raça humana, Adão; (b)- estão presentes na vida de cada ser humano desde sua origem (nascimento, ou antes), não sendo simplesmente um resultado da imitação;  (c)- são a origem, a raiz interior, de todas as ações pecaminosas e inclinações que contaminam uma pessoa.
 No entanto, não são originais no sentido de existirem quando Deus criou o homem à sua imagem e o declarou bom (Gênesis 1. 26 a 31).
O RESPONSÁVEL PELO PECADO NO UNIVERSO= mesmo que tenha criado o universo, e tudo que nele há; mesmo dando permissão, e ás vezes até criando situações daninhas e danosas (Isaias 45.7), Deus não pode ser considerado o autor do pecado, e não deve ser responsabilizado por ele. O pecado originou-se no mundo angelical, com Satanás (“o adversário” que no jardim do Éden, é representado pela serpente) « 1ª João 3.8 »; na raça humana, começou com Adão.
QUAL FOI “O” PECADO ORIGINAL? = Tendo como base um sentido formal, o pecado de Adão se caracterizou quando ele comeu do fruto da árvore proibida; porém, a essência desse pecado tem como característica primária, a rebelião de Adão contra Deus, opondo-se a ele, e rebelando-se contra ele pessoalmente, substituindo a vontade de Deus por sua própria vontade. Uma atitude dominada pelo orgulho e pela incredulidade; uma atitude motivada pelo desejo de exaltar-se a si mesmo; pela satisfação de fazer o que havia sido proibido.

***[Alguns estudiosos, ao interpretar 1ªTm 2.14, afirmam que Adão comeu do fruto por causa de sua paixão pela mulher. Ele fez dela o seu ídolo, e por amor a ela se dispôs a desprezar a advertência feita por quem o criou. Essa rebeldia, “o” pecado original que é passado de Adão aos seus descendentes, pelo qual eles se tornam responsável, e não o ato de comer do fruto da árvore proibida.]

CONTAMINAÇÃO ORIGINAL= O termo “pecado”, abrange não só as ações ou manifestações pecaminosas concretas, mas também: inclinações pecaminosas e uma natureza pecaminosa. Ter uma natureza pecaminosa significa que a natureza de uma pessoa é corrupta e contaminada, de uma forma que essa pessoa está predestinada a desenvolver predisposições e desejos pecaminosos, que irão fazê-la praticar atos pecaminosos concretos tão logo atingir a idade da responsabilidade moral. Significa que a pessoa está em uma condição de “depravação total”. A condição, em que mesmo o pecador tendo um conhecimento inato do desejo de Deus; mesmo tendo a capacidade de discernir entre o bem e o mal; mesmo tendo admiração pela virtude; mesmo sendo capaz de agir pelo bem do próximo; ainda que seja capaz de fazer coisas que possam produzir bem externo; ainda que cada um de seus atos não seja tão ruim quanto poderia ser; mesmo que esteja na presença de todos esses atributos, a condição de “depravação total” faz com que a corrupção se estenda a toda natureza do homem, de maneira que nada que o pecador faça lhe será creditado por Deus como bom, porque não é e não pode ser motivado pelo amor puro e verdadeiro de Deus e pelo desejo de fazer a vontade divina.
TRANSMISSÃO DA CONTAMINAÇÃO ORIGINAL= A contaminação original é transmitida de Adão para seus descendentes pela propagação. Assumindo o risco de introduzir imagens anacrônicas (diferente ao uso da época referida), o Dr David H. Stern, compara o pecado de Adão com um raio cósmico que penetra o material genético de uma pessoa, produzindo uma mutação fatal que é completamente dominante, de modo que todos os seus descendentes recebem o “gene defeituoso” que causa a “natureza pecaminosa” e, no final, morrem por causa dessa “doença congênita”.
CULPA ORIGINAL= O pecado original da rebeldia de Adão contra Deus não só fez com que sua contaminação (natureza pecaminosa) fosse a nós transmitida, mas também com que sua culpa nos fosse imputada, fazendo com que nasçamos culpados e merecedores da morte, como o castigo por nosso próprio pecado. Nossa culpa é declarada por três razões: 1ª- somos culpados pelo pecado de rebeldia de Adão, ainda que a escolha moral e individual nesta questão não tenha sido exercida por nós; 2ª- mesmo que tenhamos nascido com ela e não a tenhamos escolhido, somos declarados culpados por ter uma natureza pecaminosa, porque esta é uma natureza própria de um estado de rebeldia contra Deus, e essa rebeldia, é digna de condenação; 3ª- sem duvida, também somos culpados por todos os atos pecaminosos concretos que praticamos como indivíduos.
IMPUTAÇÃO DA CULPA ORIGINAL- A culpa original, diferentemente da “contaminação original”, não é transmitida por propagação, porém  justamente foi imputada a nós devido a sermos organicamente um com Adão.
Ou seja, mesmo não tendo exercido a escolha moral individual no momento que ele pecou, estávamos presentes “nele”, (veja Hebreus 7.9,10 onde LEVI EM Abraão pagou dízimos para Melquisedeque). Muitos hoje são contrários a esta ideia de uma pessoa ser responsável pelo pecado de outro, conforme a filosofia individualista de Hobbes, Locke, Rousseau, etc, mas nos tempos bíblicos, o entendimento de que a culpa de um indivíduo poderia envolver toda a sua família ou até todo o seu povo era bem comum. Um exemplo claro é o sucedido à família de Acã pelo seu pecado. (Josué, capítulo 7). 
Um exemplo atual é o dos norte americano que ao viajarem para fora do país se veem responsáveis por decisões tomadas por líderes, das quais são contrários, e quando ouvem “volte para casa, seu imperialista ianque”, esta é uma declaração da “unidade orgânica” visível do povo americano, da qual a maioria dos norte americano faz parte não por escolha, mas porque nasceu nela. Nossa unidade com Adão, nosso chefe natural e primeiro pai, significa que seu castigo é justamente nosso.
O CASTIGO PELO PECADO - O castigo pelo pecado é a morte, ou seja, a morte não é simplesmente o fim natural da vida humana, mas um castigo. 
Essa morte constitui-se de três partes: «« física, espiritual e eterna »». 
A morte física vem no final da vida física. A morte espiritual significa falta de comunhão com Deus, separação dele (Isaias 59.2 diz: “Seus pecados fizeram separação entre vocês e seu Deus”). 
Por fim, se a pessoa permanecer na morte espiritual ao longo de toda a sua vida física, essa condição é, confirmada por Deus e se torna morte eterna no lago de enxofre e fogo ardente, ou seja, a separação eterna e irremediável de Deus e de toda a bondade.

REMÉDIO PARA O PECADO ORIGINAL- Há apenas um remédio que cura a contaminação e remove a culpa do pecado original, e esse remédio é confiar em Deus, arrepender-se do pecado, renunciar a auto-satisfação, voltar-se para Deus, para sua vontade, e finalmente, aceitar que a morte sacrifical de Cristo, que nunca pecou, mas sofreu com sua morte o castigo que devíamos pagar por causa de nosso pecado, nos reconcilia com Deus e remove a separação.

***O texto em destaque é acréscimo meu!
                                                                            Fabio S Faria




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domingo, 25 de janeiro de 2015

A RESPOSTA CRISTÃ SOBRE A QUEDA DE SATANÁS!


Para que seja possível um perfeito entendimento do assunto a ser debatido é necessário o conhecimento total sobre o significado da palavra QUEDA:
Ação ou efeito de cair; movimento de um corpo que cai ;
desabamento ; ruína; perda de influência ou de poder;
tendência inclinação para alguma coisa.


Se por um acaso alguém perguntar a um cristão : “Onde está escrito na Bíblia, que Satanás seja um anjo caído”, este deverá responder com toda simplicidade:
“Em nenhuma passagem bíblica é feita esta afirmativa”.
 Mas, mesmo sendo proveniente de uma tradição religiosa cristã, não pode e nem deve ser considerada falsa, pois ao se aplicar o MÉTODO DEDUTIVO a este tema, a conclusão obtida é válida, e basicamente será a mesma a qual chegou Agostinho, o primeiro teólogo cristão a explicar e debater em pormenores este assunto. 
Ao final desta análise será apresentado um resumo da posição de Agostinho, e um lembrete sobre a interpretação alegórica dos capítulos 14 de Isaías e 28 de Ezequiel. 

[MÉTODO DEDUTIVO é o processo de raciocínio pelo qual se tira conclusões por inferência lógica de premissas fornecidas. A referência sobre as conclusões de o raciocínio dedutivo ser consideradas VÁLIDAS ao invés de VERDADEIRAS é porque se precisa distinguir claramente entre aquilo que se depreende logicamente de outras informações e aquilo que efetivamente é. As premissas iniciais podem ser “artigos de fé”, ou “suposições”, mas antes de se considerar as conclusões tiradas dessas premissas como “válidas”, necessita demonstrar que elas são coerentes entre si, e com a premissa original.]

As premissas iniciais e verdadeiras a ser examinadas são:

1- A Bíblia afirma que Satanás é um ser espiritual filho de Deus (anjo):                                                                              [Jó 1,6 -12 e Jó 2,1-7!]

Nos dois textos é mencionado que quando os filhos de Deus vieram se apresentar ao SENHOR, Satanás estava entre eles. É importante destacar que apesar de muitos afirmarem categoricamente estar Satanás agindo como "penetra" nestas reuniões, a Bíblia não oferece respaldo para este pensamento. Em 2,1 está escrito: "... o dia em que os filhos de deus vieram apresentar-se ao Senhor, veio também Satanás entre eles apresentar-se perante o Senhor! " Além do mais nos dois textos, o diálogo é iniciado por Deus, de forma amigável  sem mencionar qualquer tipo de reprimenda à presença de Satanás.
Há ainda no AT outro texto onde também a Bíblia não deixa dúvidas sobre a condição de Satanás fazer parte das hostes celestiais, além de demonstrar claramente sua função ( o povo de Israel sempre o considerou assim) de um "anjo acusador". Em Zacarias 3,1 está escrito: "Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do Anjo do Senhor, e Satanás estava à mão direita dele, para se lhe opor. 

2- A Bíblia afirma que Satanás era MAU desde o princípio:  [João 8,44]  
  Neste texto o próprio Senhor Jesus afirma;
                                             " Vós tendes por pai o Diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, diz do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira."  

3 - A Bíblia em vários textos afirma que os "anjos" são mensageiros de Deus encarregados de executar suas ordens, seja para construção ou destruição, para anunciar os bons e os maus acontecimentos.
Ex: Em Lucas 2, o "anjo" trouxe aos pastores que estavam no campo a boa notícia do nascimento de Jesus. Em Apocalipse  15.1 João diz ter visto no céu um grande e admirável sinal, que eram os sete "anjos" em cujas mãos estavam as sete últimas pragas, nas quais seria consumada a ira de Deus.
Desta mesma forma é que a Bíblia também mostra Satanás, ou seja, um anjo cumprindo a determinação de Deus. 
Ex: Mateus 4.1 "Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo Diabo. Em João 13.26 a 28 está escrito: "Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tendo, pois, molhado um bocado de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. E, logo após o bocado, entrou nele Satanás. Disse-lhe, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa, e nenhum dos que estavam à mesa percebeu a que propósito lhe disse isto..."!  

CONCLUSÃO: Satanás é um ser espiritual criado por Deus, um anjo que ao mesmo tempo, se opõe, mas, obedece as determinações de Deus, porém agindo prazerosamente de forma maléfica e com malignidade na destruição do homem. Suas insinuações e sugestões são especificamente no sentido de impedir o homem de ir à Deus. 
Por outro lado, a Bíblia mostra nos textos e contextos, em verso e prosa, em ações e palavras, que DEUS É BOM, assim, como é BOA toda sua criação, Esta AFIRMATIVA possibilita concluir, que Satanás, tal como todos os seres criados por Deus era BOM, mas por motivos não sabidos, mas com a devida permissão de Deus, se APOSTATOU de sua primeira condição, e conforme o dito de Jesus: se transformou no PAI DA MENTIRA. Porém, apesar desta malignidade, suas ações são executadas sempre de uma forma que produza algo de bom para os eleitos, ou seja, Deus usa as maldades de Satanás no sentido de que elas venham ser benéficas aos verdadeiros cristãos.
OBS: NO CASO DE SATANÁS, "QUEDA" SIGNIFICA PERDA DE INFLUENCIA OU PODER, OU SEJA, CAIR DE UMA POSIÇÃO ELEVADA PARA UMA POSIÇÃO INFERIOR, E NÃO CAIR DE CERTO LUGAR!

AGOSTINHO: "A CRIAÇÃO E QUEDA DE SATANÁS"!

É extremamente importante que todos entendam que aqui será apresentado um resumo do pensamento de Agostinho, mais precisamente o resumo de sua conclusão sobre a "queda de Satanás", cujas minúcias do assunto estão registradas no livro XI da obra "Comentário ao Gênesis" e que estaremos compartilhando nas próximas publicações deste blog.

Livro XI [Comentários ao Gênesis] capítulo 33, pag 414/15:
    Já falamos muito sobre este assunto e ele exige uma exposição que trate somente desta questão, por agora basta este resumo:
"Ou o diabo , por sua ímpia soberba, desde o início de sua criação, caiu de sua bem-aventurança, a qual haveria de receber, se quisesse, ou havia anjos de ministério inferior neste mundo, entre os quais o diabo vivera gozando de certa bem-aventurança não sabida de antemão por ele, e de cuja companhia caiu como arcanjo com os anjos que lhe estavam submetidos. Se isso não se pode afirmar de modo algum, e admiro-me que possa, se há de se investigar se entre anjos bem-aventurados viveu o diabo por algum tempo; ou por que todos os santos anjos ainda não tinham tido certa presciência de sua bem-aventurança eterna, mas a receberam após a queda do diabo, ou por quais merecimentos o diabo com seus anjos foi separado dos demais anjos antes de seu pecado, de modo que ignoraria sua futura queda, enquanto que os outros estariam certos de sua bem-aventurança. Não duvidemos de forma alguma que os anjos pecadores fora desalojados de sua habitação para o cárcere das trevas aéreas nas proximidades da terra, de acordo com a fé apostólica, onde estão guardados à espera do juízo. Não duvidemos que na suprema bem-aventurança dos santos anjos não é incerta a vida eterna, e que para nós não é incerta pela misericórdia, pela graça, e pela fiel promessa de Deus, quando nos unirmos a eles depois da ressurreição e da transformação destes corpos. Com efeito, vivemos na esperança, e nos recreamos com a graça da promessa. Mas, tudo o que ainda se pode dizer sobre o diabo, ou seja, por que Deus o criou, sabendo o que haveria de ser, e porque o Onipotente não transformou sua vontade para o bem, tal como o faz aos homens que previu serem maus, mas mesmo assim os criou, porque também previu o bem que faria das más obras deles, ou se entenda ou se creia. Ou, se é possível encontrar algo que seja melhor, que se encontre."

UM LEMBRETE SOBRE ISAÍAS 14 E EZEQUIEL 28
                                                                                         "Não existe qualquer base bíblica, hermenêutica ou exegética para que se possa relacionar estes dois textos à uma narrativa sobre a queda de Satanás. Esta exegese feita por Jerônimo, cuja referência principal era a interpretação alegórica feita por  Orígenes, [para Orígenes, assim como o homem se constitui de três partes : -corpo, alma e espírito -, da mesma forma a Escritura, principalmente a do AT possui três sentidos. O corpo é o sentido literal, a alma o sentido moral, e o espírito o sentido alegórico ou místico] onde se buscava sempre um sentido oculto-místico, ainda a ser revelado nas Escrituras. 
Portanto, a crença de que os oráculos de Isaías 14 e de Ezequiel 28 sejam uma narrativa da queda de Satanás, se constitui juntamente com a crença na eficácia das "campanhas" como liberador do favor divino, em uma das mais poderosas heresias do catolicismo romano, e que foram totalmente aceitas nas hostes das igrejas evangélicas."

Fabio Silveira de Faria








         



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sábado, 17 de janeiro de 2015

LIVRO TODA A GRAÇA CAPÍTULO 7: "PELA GRAÇA DA FÉ!":


Por Charles H. Spurgeon Sobre Conversão



"Pela graça sois salvos, mediante a fé." (Efésios 2.8)

A fonte principal (graça)

Eu acho bom fazer um parêntesis e pedir com carinho ao meu leitor que observe com admiração e adoração a fonte principal de nossa salvação, que é a graça de Deus. "Porque pela graça sois salvos." Porque Deus é misericordioso, portanto, homens pecadores são perdoados, convertidos, purificados e salvos. Não é por causa de qualquer coisa neles, e que nunca pode ser deles mesmo, é que são salvos; mas por causa do imenso amor, bondade, piedade, compaixão, misericórdia e graça de Deus. 
Aprecie por mais um momento, então, a fonte principal. Eis o rio puro da água da vida, que sai do trono de Deus e do Cordeiro!
Como que um abismo é a graça de Deus! Quem pode medir a sua amplitude? Quem pode sondar sua profundidade? Como todo o resto dos atributos divinos, é infinito. Deus está cheio de amor, porque "Deus é amor" (1Jo 4:16). Deus é cheio de bondade; O próprio nome "Deus" é a abreviação de "bom". Bondades sem limites e amor formam a própria essência da divindade. É porque "a sua benignidade dura para sempre" é que os homens não são destruídos; porque "as suas misericórdias não têm fim" é que os pecadores são trazidos para Ele mesmo e perdoados (Lam 3: 22-23).
Lembre-se bem disso, ou você pode cair em erro, ao não fixar em sua mente, que a fé é apenas o canal de salvação, e nunca se esquecer de que a graça é a fonte e origem da própria fé. A fé é a obra da graça de Deus em nós.
             Ninguém pode dizer que Jesus é o Cristo, a não ser pelo Espírito Santo    (1 Coríntios 12: 3).
        "Ninguém vem a mim", disse Jesus, "se o Pai que me enviou não o trouxer"   (Jo 06:46).
Assim a fé, que vem de Cristo, é o resultado de desenho divino. Graça é a primeira e última causa do movimento da salvação; e a fé, mesmo sendo essencial, é apenas uma parte importante da máquina geradora da graça. Somos salvos "mediante a fé", mas a salvação é "pela graça". Tocai a trombeta como o arcanjo diante dessas palavras: "Pela graça sois salvos." Que notícia alvissareira para quem não merece!

Um canal (fé)

A fé ocupa a posição de um canal ou conduto. A graça é a fonte e o fluxo. A fé é o aqueduto ao longo do qual os fluxos de água da misericórdia de Deus desce para dessedentar os sedentos filhos dos homens, e é uma grande pena quando este aqueduto se quebra. 
"Como é triste de ver ao redor de Roma os muitos aquedutos nobres que já não transmitem água para a cidade, porque os arcos estão quebrados e as estruturas maravilhosas estão em ruínas." 
O aqueduto deve ser mantido para transportar toda a torrente; assim, a fé deve ser verdadeira e inteira, nos levando até a Deus e vindo direto para baixo a nós mesmos, para que se torne um canal utilizável de misericórdia para as nossas almas.
Ainda assim, novamente devo lembrá-lo de que a fé é apenas o canal ou aqueduto, e não a fonte, e não devemos olhar tanto para ele como para exaltá-lo acima da fonte divina de toda bênção que se encontra na graça de Deus. Nunca faça um Cristo de sua fé, nem pense nela como se fosse a fonte independente de sua salvação. Nossa vida é encontrada ao "olharmos para Jesus" (Hb 12: 2), e não em olhar para a nossa própria fé. Pela fé, todas as coisas se tornam possíveis para nós, mas o poder não está na fé, e sim em Deus em quem confiamos. A graça é o potente motor, e a fé é a corrente pela qual o carro da alma está ligada à grande força motriz. A justiça da fé não é a excelência moral de fé, mas da justiça de Jesus Cristo, que a fé apreende e se apropria. A paz dentro da alma não é derivada da contemplação de nossa própria fé; mas ela vem até nós, a partir Dele que é a nossa paz, cuja bainha de seu manto a fé toca, para do seu interior ser liberado a virtude para cura de nossa alma (Mat 9: 20-22).

A fraqueza da vossa fé

Veja, então, caro amigo, que a fraqueza da sua fé não vai destruí-lo. A mão trêmula pode receber um presente de ouro. A salvação do Senhor pode vir até nós, embora seja nossa fé apenas como um grão de mostarda (Mt 17:20). O poder está na graça de Deus, e não em nossa fé. Grandes mensagens podem ser enviadas ao longo de fios finos, assim a paz que dá testemunho do Espírito Santo pode chegar ao coração por meio de um fio fino de fé, que parece quase incapaz de sustentar seu próprio peso. 
Pense mais naquele a Quem você olha do que em seu próprio olhar. Você não verá nada olhando para longe ou até mesmo para sua própria aparência, mas se desviar dela o olhar poderá ver Jesus, e a graça de Deus, revelada  nEle.







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quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

FESTEJOS DO ANO NOVO: COMEMORAÇÃO OU SUPERSTIÇÃO?

Sempre fui um entusiasta dos festejos do Ano Novo, mas há alguns anos, algo relativo a esses festejos começaram a me incomodar. Após muitas pesquisas, várias reflexões, e inúmeros estudos bíblicos, minha sensação é de que nossa participação nesta festa de origem totalmente popular e pagã se situa muito mais no campo da SUPERSTIÇÃO do que da COMEMORAÇÃO.
Primeiramente examinei o significado das duas palavras:
COMEMORAÇÃO – 1: Ato ou efeito de comemorar. 2: Festa, solenidade.
SUPERSTIÇÃO - Sentimento de veneração religiosa que se funda no temor ou na ignorância, e que leva ao cumprimento de falsos deveres, a quimeras ou a confiança em coisas fantásticas e ineficazes; presságio infundado; crendice.
O PRIMEIRO SIGNIFICADO:
- Quando há comemoração há festa, há solenidade ou as duas, pois comemorar é "lembrar", "trazer à memória", "solenizar recordando", "simplesmente festejar", "celebrar publicamente".
Aí vêm as perguntas que representam minhas dúvidas: 
O QUE, E DO QUE NOS LEMBRAMOS? QUAL A RECORDAÇÃO A SER SOLENIZADO, O QUE É CELEBRADO PUBLICAMENTE?
No Natal celebramos publicamente o nascimento de Cristo, trazemos à memória a encarnação de Deus, e recordamos solenemente que no Jardim do Éden, Deus deu o primeiro indício do plano de salvação. (Gn 3.15).
Ao ler e analisar a Bíblia será visto que todas as festas e comemorações nela relatadas possuíam sentido claro. Mas, para a festa atual do Ano Novo não consegui ainda encontrar um sentido satisfatório.
- Muitos comentam ser este um momento de reflexão sobre as realizações do ano que termina, e ao mesmo tempo a oportunidade de projetar o ano vindouro, porém não vejo nesta explicação qualquer sentido bíblico, pois, nossa reflexão inerente ao relacionamento com Deus é diário. O pedido e a ação de graças pelo pão é uma rotina diária. A confissão do pecado acompanhada do pedido de perdão é em um momento próximo de sua manifestação.
- Alguns dizem ser momento do encerramento de um ciclo e o começo de outro, porém não se explica a que se refere esse ciclo.
Até o ano de 1582 havia uma pequena razão para se pensar dessa forma, pois, o Ano Novo se iniciava no dia 25 de março em comemoração ao início da primavera, mas desde que a Igreja no século XVI adotou o dia 01 de janeiro visando uma unificação com o calendário romano , não há qualquer tipo de ciclo terminando ou iniciando.
- Por fim, não consegui ainda entender o que há de tão importante no momento da “virada”, pois é um acontecimento cujo horário é determinado conforme as leis de cada país. Ex: No Brasil, a "virada" acontece em quatro momentos distintos. Ainda não me foi possível entender o real significado do convite aos fiéis ficarem de joelhos no momento da "virada", como se para Deus fosse um momento especial. Entendo que "ajoelhar" perante Deus, não é simplesmente colocar os joelhos no chão em um determinado instante, mas, estar em atitude de submissão em todos os momentos, submetendo a ELE todos os pensamentos, desejos e projetos. Algumas igrejas, no momento da "virada", convocam os membros de cada família a ficarem de mãos dadas neste momento tão especial, desconsiderando que ali naquele local todas as pessoas pertencem a uma única família: a família de Cristo. Isso sem falar das instituições onde o decretar, o determinar, e o profetizar no momento exato da “virada” é a praxe.
O SEGUNDO SIGNIFICADO:
- Todas as pesquisas históricas evidenciam que as comemorações da chegada de um novo ano sempre pertenceram aos pagãos, e essas comemorações sempre tiveram e ainda têm um cunho de religiosidade. Cada povo, de forma supersticiosa relacionava e ainda relaciona essa festa aos seus deuses.
Cito como exemplo os romanos a cujo dia comemorativo nos aliamos:
"Até o ano de 154 a.C realizavam a grande festa era no dia 01 de março. A partir de 153 a.C mudaram para o dia 01 de janeiro, mas a festa sempre foi em homenagem ao Deus Jano, o deus das origens.
- Os fogos que hoje se constituem na cereja do bolo, inclusive em nosso meio cristão, tiveram início com os chineses, e todo o barulho feito no momento da “virada” tinha e tem como objetivo espantar os maus espíritos.
- A primeira comemoração, chamada de festival de ano novo ocorreu na Mesopotâmia por volta do ano 2000 a.C. Na Babilônia, a festa começava na ocasião da lua nova indicando o equinócio da primavera, ou seja, um dos momentos em que o sol se aproxima da linha do equador, onde os dias e noites têm a mesma duração. Esse dia corresponde hoje ao dia 19 de março, que por sinal, é a data em que os “espiritualistas” comemoram o “ano novo esotérico”.
-No Brasil é feita uma homenagem especial a Iemanjá, com oferendas em agradecimento às bênçãos recebidas, assim como o agradecimento a realização dos pedidos. Também um momento para súplicas, de proteção e de ajuda no ano que se inicia, algo muito próximo do nosso comportamento.

A PERGUNTA QUE ME INCOMODA: Se analisarmos os atos praticados pela maioria dos integrantes de nossas igrejas, no sentido real, por ocasião do momento da "virada", o entendimento será de que estes atos são uma CELEBRAÇÃO a DEUS, ou atitudes de pessoas adeptas da SUPERSTIÇÃO?

  Coloco o ponto final deixando bem claro, que: "a intenção não é a de julgar ou condenar, mas, sim, compartilhar esta dúvida, - minha companheira a cada fim de ano - e buscar a explicação convincente para desfazê-la".

Obs: Publicado originalmente em 2012  Revista Ultimato. [ Palavra do Leitor]
             
FABIO S. FARIA


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