quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

APOCALIPSE: SUGESTÕES INTERPRETATIVAS PARTE 5!


     



<<<<NÃO HÁ NESTE ESTUDO QUALQUER PRETENSÃO DE SOLUCIONAR EM TODOS OS NÍVEIS AS DIFICULDADES EXISTENTES NA INTERPRETAÇÃO DESTE LIVRO.                        
O OBJETIVO É APENAS O DE APRESENTAR ALGUMAS SUGESTÕES HERMENÊUTICAS E EXEGÉTICAS CONSTANTES NO LIVRO ''ENTENDES O QUE LÊS?" PUBLICADO PELA EDITORA VIDA NOVA, DE AUTORIA DOS PROFESSORES GORDON D. FEE E DOUGLAS STUART. >>>>

QUINTA PARTE
                                                            AS QUESTÕES HERMENÊUTICAS!

As dificuldades hermenêuticas do apocalipse são bem semelhantes ao dos livros proféticos. Assim como, acontece com todos os gêneros, a Palavra de Deus para nós, se encontra embutida na palavra dita aos leitores primitivos, porém em contraste com os demais gêneros, os Profetas e o Apocalipse em muitos momentos falam acerca de coisas que, para estes leitores, ainda eram futuras.
Frequentemente, aquilo que "deveria ser" tinha um aspecto temporal imediato, que do nosso ponto de vista histórico já aconteceu. 
Desta forma, Judá foi mesmo para o cativeiro, e foi restaurado exatamente como Jeremias profetizara; também o Império Romano, realmente acabou se sujeitando ao julgamento temporal, parcialmente através das hordas bárbaras, exatamente como João previu. O que era futuro para eles é passado para nós, mas para tais realidades, os problemas hermenêuticos não são grandes em demasia. Ainda podemos ouvir, como Palavra de Deus, as razões para aqueles julgamentos, assim como, poderemos, também, a todo o momento ter a  do julgamento de Deus sobre todos os que "pisoteiam os necessitados, por um par de sandálias", e igualmente, poderemos corretamente supor que as taças da ira do julgamento divino será derramado sobre as nações promotoras do assassinato de cristãos, da mesma maneira feita a Roma.  
Além disto, podemos ainda ouvir como a Palavra de Deus a nós: [ e realmente devemos ouvir ] que o discipulado segue o caminho da Cruz, e que Deus não nos prometeu o livramento do "sofrimento e da morte", mas sim, o "triunfo" por intermédio deles. 
Conforme palavras ditas por Martinho Lutero: "O príncipe do mal, com rosto infernal, já condenado está... Embora a vida vá, por nós Jesus está, e dar-nos-á seu reino".
Portanto, o Apocalipse é a Palavra de Deus de consolo e encorajamento aos cristãos que sofrem perseguições, seja na Rússia, na China, no Iraque, ou em qualquer outro lugar. Deus está no controle. Viu a labuta de Seu Filho, e ficará satisfeito.
Tudo isto é uma Palavra que precisa ser ouvida repetidas vezes na igreja, em todos os climas e em todas as eras. Se não perceber esta Palavra, o sentido do livro inteiro estará perdido.
Nossas dificuldades hermenêuticas, no entanto, não se acham em ouvir esta Palavra, a palavra de advertência e de consolo que é a razão de ser do livro. Nossas dificuldades acham-se naquele outro fenômeno da profecia, a saber: "que a palavra temporal está frequentemente tão estreitamente vinculada às realidades escatológicas finais". Esse é o caso especialmente do Apocalipse. A queda de Roma no capítulo 18 parece constar como o primeiro capítulo no desfecho final, e muitos dos quadros do julgamento "temporal" se entrelaçam com palavras ou ideias que também subentendem o término definitivo como parte do quadro. Parece não haver maneira de se negar este fato como sendo real. 
A pergunta é: O QUE FAZEMOS COM ESTA PROFECIA?
 Aqui, simplesmente só é possível oferecer umas poucas sugestões:
1- Precisamos aprender que os quadros sobre o futuro são exatamente isso,  ou seja, quadros. Os quadros expressam a realidade, mas eles mesmos não devem ser confundidos com a realidade, nem é preciso que os pormenores de cada quadro sejam necessariamente "cumpridos" de alguma forma específica. "Sendo assim, não devemos obrigatoriamente esperar um cumprimento literal dos quadros referentes as calamidades na natureza como parte do julgamento de Deus, que foram proclamados pelo toque das quatro primeiras trombetas."
2- Alguns dos quadros, cujo intento era primeiramente expressar a certeza do julgamento de Deus não devem também ser interpretados de forma que venha significar a "iminência", ou pelo menos, "a iminência" da nossa perspectiva limitada. Desta forma, quando Satanás é derrotado e é "atirado para a terra" a fim de causar grandes danos à igreja, sabendo que "pouco tempo lhe resta", (Ap 12.9), este "pouco tempo", não significa forçosamente " para muito breve", mas, sim, algo muito mais semelhante a "limitado". Virá, de fato, um tempo em que ele será "preso" para sempre, mas qual dia e hora será, ninguém sabe.
3- Os quadros em que o "temporal" possui laços estreitamente vinculado com o "escatológico" não devem ser considerados como simultâneos, ainda que os próprios leitores originais os tenham entendido assim. 
A dimensão "escatológica" dos julgamentos e da salvação deve alertar-nos à possibilidade de uma dimensão 'ainda não' de muitos quadros. Do outro lado, parece não haver regras fixas de como devamos isolar o elemento que ainda está no futuro, ou de compreendê-lo. Algo do qual precisamos, e muito, tomar cuidado de não fazer, é dedicar tempo em demasia especulando sobre como quaisquer dos "nossos eventos contemporâneos" possam ser encaixados nos quadros do Apocalipse. 
Em momento algum, o livro pretendeu profetizar a existência de países como China ou Russia, por exemplo, assim como nos "fornecer pormenores literais da conclusão da história".
4- Provavelmente, em muitas ocasiões a presença de uma segunda dimensão ainda a ser cumprida possa ser observada nos quadros apresentados, mas, precisamos sempre lembrar que, não nos foram entregues chaves para nos ensinar a defini-las. Quanto a isto, o próprio Novo Testamento se comporta com certa dose de ambiguidade. 
A figura do "anti Cristo", por exemplo, é especialmente difícil. Nos escritos de Paulo (2 Ts 2.3,4), ele é uma figura específica; no Apocalipse 13 e 14, ele vem na forma de Imperador Romano. Nos dois casos, se aparecimento parece ser escatológico, [pode ser que sim, pode ser que não, nada que o comprove]. No entanto, em 1 João, tudo isto é reinterpretado de um modo generalizado para referir-se aos "assim-chamados gnósticos" que estavam invadindo a igreja.
A pergunta é: Como, pois, devemos NÓS entender a figura no que diz respeito ao nosso próprio futuro?
No contexto da história, a igreja tem visto (em certo sentido, corretamente) certa variedade de governantes mundiais como sendo uma expressão de um "anticristo". Hitler, Idi Amim, Saddam Hussein, certamente são pessoas a se encaixarem neste perfil no decorrer do século XX, e analisando neste sentido, muitos anti- cristos continuam a vir, como a Bíblia mostra em "1João 2.18".
Mas o que se diz de uma figura de alcance mundial que acompanhará os últimos os derradeiros eventos do fim? Mas, Apocalipse 13 -14, não nos diz que tais coisas hão de acontecer? 
Nossa própria resposta é: não necessariamente, porém, estamos suscetíveis à possibilidade. É a ambiguidade dos próprios textos do Novo Testamento que leva à nossa cautela, e à nossa falta de certeza dogmática. 
5- Os quadros que objetivavam ser totalmente escatológicos ainda devem ser entendidos assim. Portanto, os quadros mostrados em 11.15-19 e 19.1 - 22.1, são inteiramente escatológicos. Devemos considerá-los como fazendo parte da Palavra de Deus ainda a ser cumprida.
Assim como a palavra inicial da Escritura fala de Deus e da criação, assim também a palavra final fala de Deus e da consumação. 
Se há algumas ambiguidades para nós, quanto a como todos os pormenores devem ser desenvolvidos, não há ambiguidade quanto à certeza de que Deus irá realizar tudo, no seu próprio tempo e conforme sua própria maneira. Tal deve servir a nós, como serviu para os leitores originais, ou seja, para advertir e encorajar.

Até que Ele venha, vivemos o futuro no presente, e assim fazemos por meio de ouvir e obedecer a sua Palavra. Virá, no entanto, um dia em que livros tais como este já não será necessário, por que: "Não ensinará jamais cada um ao seu próximo... porque todos me  conhecerão" (Jr 31.34).

Com João, e o espírito, e a Noiva dizemos: AMÉM, VEM, SENHOR JESUS.!

             
                         FIM DA QUINTA PARTE!

PARTE 1 - A NATUREZA DO APOCALIPSE.
PARTE 3 - O CONTEXTO HISTÓRICO.
APOCALIPSE: SUGESTÕES INTERPRETATIVAS - PARTE 3!
PARTE 4 - O CONTEXTO LITERÁRIO.
APOCALIPSE: SUGESTÕES INTERPRETATIVAS - PARTE 4!

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Fonte bibliográfica: Livro Entendes o que Lês?, publicação da editora 
"Vida Nova": Edição de 1997 reimprimido em 2008.
Autores: Gordon D. Fee & Douglas Stuart com apêndice por Ênio R. Mueller.
Adaptação de Fabio S. Faria, das páginas 217 a 232.






Um comentário:

  1. O post é maravilhoso. Essa leitura tirou de vez a imagem da besta, os monstros e os gafanhotos que tinham na cabeça colocado desde que me entendo por gente. Quanta ignorância! Pergunta; Esses gnósticos são os mesmos que estão por ai, ensinando de porta em porta? Tenho alguns parentes gnósticos, inclusive estão no facebook. Nossa relação está meio abalada, por causa da Palavra de Deus, e não sei como lidar com eles. Outro dia minha sobrinha teve uma relação violenta, quando comentei um post dela sobre Jesus. Meu esposo
    disse que ela, disse que está afastada. Eles trabalham na mesma empresa. Eu oro pedindo misericórdia a Deus para que os salve! Obrigada por seus ensinamentos, que Deus abençoe esse blog!

    permita que ela volte, e que a livre dessa heresia.

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