POR: JOHN PIPER
"Portanto,
assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte,
assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” Porque
até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta
quando não há lei. "Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés,
mesmo sobre aqueles que não pecaram, à semelhança da transgressão de Adão, o
qual prefigurava aquele que havia de vir.” Todavia, não é assim o dom gratuito
como a ofensa, porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a
graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes
sobre muitos."O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um
pecou; porque o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a
graça transcorre de muitas ofensas, para a justificação."Se, pela ofensa
de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a
abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber,
Jesus Cristo."Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos
os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça
sobre todos os homens para a justificação que dá vida."Porque, como, pela
desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por
meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos."Sobreveio a lei
para que avultasse a ofensa, mas, onde abundou o pecado, superabundou a
graça,"a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também
reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso
Senhor." (Romanos
5.12–21)
Jesus é supremo
Jesus Cristo é a
pessoa mais importante no universo - não mais importante que Deus, o Pai, ou
Deus, o Espírito.
Com eles, Cristo é
igual em dignidade, perfeição, sabedoria, justiça, amor e poder. Mas ele é mais
importante que todas as outras pessoas - sejam anjos ou demônios; reis ou
comandantes; cientistas ou artistas; filósofos ou atletas; músicos ou atores -
aqueles que vivem agora ou que sempre viveram ou viverão continuamente.
Jesus Cristo é
supremo.
Todas as coisas
são para Jesus - até mesmo o mal
Tudo o que existe
- incluindo o mal - é ordenado por um Deus infinitamente santo e totalmente
sábio para fazer a glória de Cristo brilhar com mais esplendor. O texto de
Provérbios 16.4 diz: "O Senhor fez todas as coisas para determinados fins,
até o perverso para o dia da calamidade". Deus faz isso a seu próprio modo
misterioso que preserva a responsabilidade do perverso e a impecabilidade de
seu próprio coração. As coisas foram feitas por meio de Cristo e "para"Cristo
(Colossenses 1.16). E isso inclui, Paulo afirma, os "tronos, soberanias,
principados e potestades", que foram derrotados por Cristo na cruz. Eles
foram feitos "para o dia da calamidade". E, naquele dia, o poder, a
justiça, a ira e o amor de Cristo foram manifestos. Mais cedo ou mais tarde,
toda rebelião contra Cristo resulta em ruína.
O Deus que está
presente
Tenho a convicção
de que o cristianismo não é meramente um conjunto de ideias, práticas e
sentimentos designados para nosso bem-estar psicológico - seja ele designado
por Deus ou pelo homem. Isso não é Cristianismo. Ele começa com a convicção de
que Deus é uma realidade objetiva fora de nós mesmos. Não o tornamos o que ele
é por pensar de certa forma com respeito a ele. Conforme Francis Schaefer
disse: "O Deus Presente". Não o criamos. Ele é quem nos cria. Não
decidimos como ele será. Ele decide que seremos. Deus criou o universo e o
universo tem o propósito que Deus concede a ele, não o propósito que nós
conferimos a ele. Se lhe dermos um propósito diferente do divino, somos
insensatos. E nossas vidas serão trágicas no fim. Cristianismo não é um jogo;
não é uma terapia. Todas as suas doutrinas fluem do que Deus é e do que ele faz
na história. Elas correspondem aos fatos rigorosos. O cristianismo é mais que
fatos. Há a fé, a esperança e o amor. Mas eles não flutuam no ar; crescem como
grandes cedros na rocha da verdade de Deus.
Estou
profundamente convencido pela Bíblia que nossa alegria, força e santidade
eternas dependem da solidez dessa visão de mundo que é colocar fibra forte na
espinha dorsal de sua fé. Tímidas visões de mundo produzem cristãos tímidos. E
cristãos tímidos não sobreviverão aos dias à frente. Emocionalismo sem raiz que
trata o cristianismo como uma opção terapêutica será eliminado nos Últimos
Dias.
Aqueles que permanecerão firmes serão os que
construíram suas casas sobre a rocha da grande verdade objetiva com Jesus
Cristo como a origem, o centro, e o propósito de tudo isso.
A glória de Jesus
planejada no pecado de Adão
Nosso foco é no
pecado extraordinário do primeiro homem, Adão, e como esse pecado preparou o
cenário mais extraordinário: a contra-inserção de Jesus Cristo. Vamos voltar
para Romanos 5.12-21.
Quero focar na
glória de Cristo como o principal propósito que Deus teve em mente quando
planejou e permitiu o pecado de Adão e com ele a queda de toda a humanidade no
pecado. A Palavra diz: "Seja o que Deus permitir, ele o faz por uma
razão". E suas razões são sempre infinitamente sábias e propositais. Ele
não tinha obrigação de permitir que a Queda ocorresse. Ele poderia tê-la
impedido, assim como teria evitado a queda de Satanás. O fato de que Deus não a
impediu significa que ele tem uma razão, um propósito para ela. E ele não faz
seus planos enquanto acontece alguma atividade. Ele sabe o que é sábio, sempre
sabe o que é sábio. Portanto, o pecado de Adão e a queda da raça humana com ele
no pecado e miséria não encontraram Deus desprevenido e é parte de seu plano
abrangente para manifestar a plenitude da glória de Jesus Cristo.
Uma das formas
mais claras de demonstrar isso na Bíblia - e não vamos entrar em detalhes sobre
esse assunto aqui - é examinar aquelas passagens onde o sacrifício de Cristo
que vence o pecado é exposto como estando na mente de Deus antes da criação do
mundo. Por exemplo, em Apocalipse 13.8, João escreve sobre "aqueles cujos
nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a
fundação do mundo". Assim, havia um livro antes da fundação do mundo
chamado"O Livro da Vida do Cordeiro que foi morto. Antes que o
mundo fosse criado, Deus já havia planejado que seu Filho seria morto como um
cordeiro para salvar todos aqueles que estão escritos no livro. Poderíamos
examinar muitos outros textos como estes (Ef 1.4-5; 2Tm 1.9; Tt 1.1-2; 1Pd
1.20) para perceber a visão bíblica de que os sofrimentos e a morte de Cristo
pelo pecado não são planejados depois do pecado de Adão, mas antes. Portanto,
quando o pecado de Adão acontece, Deus não é surpreendido por ele, mas já o
tornou parte de seu plano, o plano de manifestar sua paciência, graça, justiça
e ira maravilhosas na história da redenção, e, então, em um clímax, revelar a
magnificência de seu Filho como o segundo Adão, superior por todos os modos ao
primeiro Adão. Assim, examinamos Romanos 5.12-21 desta vez tendo em mente que o
pecado extraordinário de Adão não frustrou os propósitos de Deus de exaltar a
Cristo, mas, pelo contrário, os serviu. Aqui está o modo como examinaremos
esses versículos. Há cinco referências explícitas a Cristo. Uma delas
estabelece o modo como Paulo pensa no que se refere a Cristo e Adão.
E o restante mostra como Cristo é superior a
Adão. Dois desses versículos são tão similares que os uniremos. Significa que
examinaremos três aspectos da superioridade de Cristo.
Jesus,
"aquele que vem"
Assim, vamos
examinar a forma como Cristo é referido no versículo 14 e vamos ler os
versículos 12 e 13 para o contexto: "12” Portanto, assim como por um só homem
entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a
todos os homens, porque todos pecaram."13" Porque até ao regime da
lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há
lei."14"Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre
aqueles que não pecaram, à semelhança da transgressão de Adão, o qual
prefigurava aquele que havia de vir". Há a referência a Cristo:
"Aquele que havia de vir".
O versículo 14
apresenta o modo como Paulo reflete o restante da passagem. Adão é chamado um
"tipo" daquele que viria, isto é, um tipo de Cristo. Note o fato mais
óbvio primeiramente: Cristo "viria". Desde o princípio, Cristo era
"aquele que viria". Paulo mostra que Cristo não é uma ideia tardia.
Paulo não diz que Cristo foi concebido como uma cópia de Adão. Ele afirma que
Adão foi um tipo de Cristo. Deus tratou Adão de uma maneira que faria dele um
tipo da forma que ele planejou para glorificar seu Filho. Um tipo é uma
prefiguração de algo que viria mais tarde e seria semelhante ao tipo - somente
superior. Por conseguinte, Deus tratou com Adão de uma maneira que o faria um
tipo de Cristo.
Agora, observe com
mais rigor, exatamente onde, na fluência de seu pensamento, Paulo decide dizer
que Adão é um tipo de Cristo. O versículo 14: "Entretanto, reinou a morte
desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram, à semelhança da
transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir". Ele
decide nos dizer que Adão é um tipo de Cristo no momento após afirmar que as
pessoas que não pecaram como Adão o fez ainda sofrem a punição que Adão sofreu.
Por que Paulo, justamente nesse ponto, declara que Adão foi um tipo de Cristo?
Jesus, nosso
representante
O argumento de
Paulo demonstra a essência de como Cristo e Adão são semelhantes e diferentes.
Eis o paralelo: as pessoas cujas transgressões não foram iguais as de Adão
morreram como Adão. Por quê? Porque estavam ligados a Adão. Ele foi o
representante da humanidade e seu pecado é considerado deles devido à conexão
deles com Adão.
Essa é a essência
do por que Adão é chamado um tipo de Cristo - pois nossa obediência não é igual
à obediência de Cristo e, contudo, temos vida eterna com Cristo. Por quê?
Porque somos unidos a Cristo pela fé. Ele é o representante da nova humanidade
e sua justiça é considerada nossa justiça pela nossa união com ele (Confira
Romanos 6.5).
Há um paralelo
inferido em chamar Adão de um tipo de Cristo:
Adão > pecado de Adão > humanidade
condenada nele > morte eterna
Cristo > justiça de Cristo > nova
humanidade justificada nele > vida eterna
O restante da
passagem revela o quanto Cristo e sua obra redentora são superiores a Adão e
sua obra destrutiva. Tenha em mente o que disse no princípio. O que vemos aqui
é a revelação das realidades que definem o mundo onde toda pessoa neste planeta
vive. Todos neste planeta estão inclusos no texto porque Adão foi o pai de
todos. Portanto, toda pessoa que você encontrar na América ou em qualquer país
de qualquer etnia se defronta com o que esse texto fala. Morte em Adão ou vida
em Cristo. É um texto universal. Não perca isso de vista. Ele é a realidade
definidora para cada pessoa que você sempre encontrará. Tímidas visões de mundo
produzem cristãos tímidos. Essa não é uma visão de mundo tímida. Ela se estende
por toda a história e por toda a terra. Ela influencia cada pessoa no mundo e a
cada manchete na internet. A celebração da superioridade de Jesus
Vamos agora
examinar três modos como Paulo celebra a superioridade de Cristo e a obra dele
sobre Adão e sua obra. Eles podem ser resumidos sob três frases: 1) a
abundância da graça, 2) a perfeição da obediência, e 3) o reino da vida.
1) A abundância da
graça
Primeiro: o
versículo 15 e a abundância da graça. "Todavia, não é assim o dom gratuito
[a saber, o dom gratuito da justiça v. 17] como a ofensa, porque, se, pela
ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça
de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos". O ponto aqui
é que a graça de Deus é mais poderosa que a ofensa de Adão.
É isso que as
palavras "muito mais" significam: "muito mais a graça de Deus…
foram abundantes sobre muitos". Se a ofensa do homem trouxe morte, muito
mais a graça de Deus trará vida. Mas Paulo é mais específico que isso. A graça
de Deus é especificamente "a graça de um só homem, Jesus Cristo".
"Muito mais a graça de Deus e o dom "pela graça de um só homem,
Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos".
Essas graças não
são duas graças diferentes. "A graça de um só homem, Jesus Cristo" é
a encarnação da graça de Deus. Essa é a forma com a qual Paulo fala sobre ela, por
exemplo, em Tito 2.11: "A graça de Deus se manifestou [a saber, em Jesus]
salvadora...". E em 2 Timóteo 1.9:
"Sua própria... graça, que nos foi dada em Cristo Jesus". Por
conseguinte, a graça que está em Jesus é a graça de Deus.
Essa graça é a
soberana graça. Ela conquista tudo em seu caminho. Veremos em um momento que
ela tem o poder do rei do universo. É a graça imperial. Essa é a primeira
celebração da superioridade de Cristo sobre Adão. Quando a ofensa de um só
homem, Adão, e a graça de um só homem, Jesus Cristo, se encontram, Adão e a
ofensa perdem. Cristo e a graça vencem. São as boas-novas para aqueles que
pertencem a Cristo.
2) A perfeição da
obediência
Segundo: Paulo
celebra a forma pela qual a graça de Cristo vence a ofensa de Adão e a morte, a
saber, a perfeição da obediência de Cristo. O versículo 19: "Porque, como,
pela desobediência [a saber, de Adão] de um só homem, muitos se tornaram
pecadores, assim também, por meio da obediência [isto é, a de Cristo] de um só,
muitos se tornarão justos".
Assim, a graça de
um só homem, Jesus Cristo, o impede de pecar - ela o mantém obediente até à
morte e morte de cruz (Fp 2.8) - de modo que ele oferece uma obediência perfeita
e completa ao Pai em nome daqueles que estão unidos com ele pela fé. Adão
fracassou em sua obediência. Cristo procedeu perfeitamente. Adão foi a fonte de
pecado e morte. Cristo foi a fonte de obediência e vida.
Cristo é como
Adão, que foi um tipo de Cristo - ambos são representantes de uma velha e uma
nova humanidade. Deus imputa o fracasso de Adão à sua humanidade e o sucesso de
Cristo à sua humanidade, devido a como essas duas humanidades estão unidas às
suas respectivas cabeças. A sublime superioridade de Cristo é que ele não é
apenas bem-sucedido em obedecer perfeitamente, mas o faz de tal forma que
milhões de pessoas são consideradas justas pela sua obediência. Você está unido
somente a Adão? Você está unido à parte da primeira humanidade destinada à
morte? Ou você também está unido a Cristo e à parte da nova humanidade
destinada à vida eterna?
3) O reino da vida
Terceiro: Paulo
celebra não apenas a graça abundante de Cristo e a obediência perfeita de
Cristo, mas finalmente, o reino da vida. A graça conduz à obediência de Cristo
rumo ao triunfo da vida eterna.
O versículo 21:
"A fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a
graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso
Senhor". A graça reina por meio da justiça (isto é, mediante a justiça
perfeita de Cristo) para o grande clímax da vida eterna - e tudo isso é
"mediante Jesus Cristo, nosso Senhor". Ou, uma vez mais no versículo
17, a mesma mensagem: "Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a
morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça
reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo". O mesmo
padrão: graça por meio do dom gratuito de justiça conduz ao triunfo da vida e
tudo isso acontece mediante Jesus Cristo.
Mencionei
anteriormente que a graça de Deus em Cristo, a que Paulo faz alusão nesses
versículos, é a soberana graça. Eis o termo onde se percebe esse fato, a saber,
na palavra "reinar. A morte tem um tipo de soberania sobre o homem
e reina sobre tudo. Todos morrem. Mas a graça vence o pecado e a morte. Ela
reina em vida mesmo sobre aqueles que outrora estavam mortos. É graça soberana.
A obediência extraordinária de Jesus
Esta é a grande
glória de Cristo - ele ultrapassa imensamente em excelência o primeiro Adão. O
pecado extraordinário de Adão não é tão maior quanto a graça e a obediência
extraordinárias de Cristo e o dom da vida eterna. De fato, o plano de Deus,
desde o princípio, em sua justiça perfeita, foi que Adão, como o representante
da humanidade, seria um tipo de Cristo como o representante de uma nova
humanidade. Seu plano foi por comparação e contraste que a glória de Cristo
brilharia com mais esplendor.
O versículo 17
expressa o assunto para você de uma forma muito pessoal e muito urgente. Onde
você se situa? "Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte,
muito mais os que recebem "a abundância da graça e o dom da
justiça "reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus
Cristo".
Note as palavras
muito cuidadosamente e pessoalmente: "Os que recebem a abundância da graça
e o dom da justiça". Palavras preciosas para pecadores Estas são palavras
preciosas para pecadores: a graça é gratuita, o dom é gratuito, a justiça de
Cristo é gratuita. Vocês receberão tudo isso como a esperança e o tesouro de
suas vidas? Se receberem, vocês "reinarão em vida por meio de um só, a
saber, Jesus Cristo".
Recebam isso
agora. Testemunhem isso no batismo. E tornem-se uma parte viva do povo de
Cristo.
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John Piper é um dos ministros e autores cristãos mais proeminentes e atuantes dos dias atuais, atingindo com suas publicações e mensagens..
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