terça-feira, 4 de setembro de 2012

UMA BELA EXPLICAÇÃO SOBRE OS "MILAGRES"


HOJE O MEU MILAGRE VAI CHEGAR
Por Rev. Rodrigo G. da Silva

Antes de tudo, quero deixar claro uma coisa: Eu creio em milagres. Estou plenamente convicto de que os milagres bíblicos foram reais, tal como descritos na infalível e inerrante Palavra de Deus. Também creio que os milagres possam acontecer nos dias de hoje, afinal de contas, o Deus de ontem é o mesmo de hoje e o será para sempre.

Milagres tem sido assunto de grande discussão hoje em dia. Não são poucos os que os confundem com os “sinais”, mencionados por Jesus em Mc 16.17,18: 

“Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados”.

No grego neo-testamentário, a palavra usada para “sinais” é shmeion, que significa um sinal mediante o qual se reconhece uma pessoa, ou coisa específica, uma “marca” ou “prova” confirmatória, corroborativa e autenticadora. O sinal era algo realizadode maneira sobrenatural por Jesus Cristo e, posteriormente pelos apóstolos, a fim de comprovar a sua comissão divina. Por isso, das 77 vezes que aparece esta palavra no Novo Testamento, 48x acontece nos Evangelhos e 13x em Atos dos Apóstolos – livros que relatam a vida de Jesus e o início da Igreja.

A palavra grega mais usada para “milagres” no Novo Testamento é dunamij, que significa “poder”. Assim, biblicamente, milagre é uma demonstração do poder de Deus, salvando, restaurando, curando, etc. Outra palavra usada para “milagres” é teraj, que significa “prodígio”. Geralmente esta palavra é usada no plural e em combinação com shmeion, a fim de diferenciar as duas intervenções. A palavra teraj ocorre, na maioria das vezes, em Atos.

Entendamos, portanto, que:

 Os sinais ficaram limitados ao período apostólico – com a finalidade da confirmação da pregação tantos do Senhor Jesus, quanto à dos Seus apóstolos. Já os milagres, são intervenções sobrenaturais de Deus, alterando a estrutura e a vida humana, bem como o curso da natureza, não com o propósito revelador, uma vez que já temos a Revelação completa, a saber, a Palavra de Deus. Em última instância, o propósito dos milagres é a glória de Deus e não a Sua revelação ou confirmação da Sua presença e/ou, aprovação.

Os milagres são intervenções soberanas de Deus e, ainda que Ele use homens para a operação de alguns deles, estes nunca podem ser agendados por quem quer que seja. Deus é livre para realizar os milagres, contudo, Ele também o é para retê-los. 
Podemos cantar “hoje o meu milagre vai chegar, eu vou crer, não vou duvidar”, mas caso ele não venha, não devemos deixar de crer e nem nos martirizarmos com sentimentos de culpa por uma suposta falta de fé.
 Lembremos sempre: Os milagres são intervenções divinas e não humanas.
Não devemos cair no erro de entendermos que palavras do tipo “se creres verás a glória de Deus” (Jo 11.40), estão ligadas diretamente às nossas causas pessoais. É claro que devemos crer que o milagre pode acontecer, mas entendamos que a palavra final é de Deus e não nossa ou de algum “curandeiro da fé”. A boa hermenêutica ensina que textos bíblicos que mostram relatos históricos específicos, não devem ser usados como doutrina.

Influenciados pelo neopentecostalismo e, no afã de verem seus rebanhos crescerem, muitos pastores tem apelado para os famosos “cultos de milagres”, “culto da vitória”, “tardes da bênção”, com a presença do “homem de Deus”, do “profeta”, “apóstolo”, “patriarca” e coisas do tipo. O problema não é a realização de cultos e orações clamando por milagres, mas o pragmatismo e a tentação de agendar a ação do Espírito Santo. E o que dizer então, se o milagre não chegar? Faltou fé? Da parte de quem?

Milagres são reais e contemporâneos, mas as extravagâncias evangelicais e pseudo-evangelicais têm feito muita gente desacreditar deles. Quando eles supostamente acontecem, as pessoas são convidadas a gritar, a “glorificar de pé” e a contribuir com quantias determinadas para que “a obra continue”. Mas quando eles não acontecem... Nesse meio, os milagres, que nas Escrituras são descritos como algo sobrenatural, perderam esse peso, afinal de contas, eles são tão corriqueiros e normais: É a dor no dedão que passou; a dor de cabeça que parou; o caroço que sumiu, e por aí vai.

Creio em milagres. Creio na soberania de Deus. Creio que Ele age quando, onde, como e em quem quer – independente de qualquer coisa ou de qualquer pessoa. Creio que não devermos nos colocar no lugar dEle. Em hipótese alguma! Hoje o seu milagre pode chegar! Mas se, porventura não acontecer como queres, lembre-se: Deus sabe exatamente o que de fato precisamos. Por isso, continue crendo, mesmo que você tenha que esperar um pouco mais.

Rev. Rodrigo G. da Silva posto em seu blog Pensamentos Quase Livre



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