Por John Piper
Isto parece tão simples; e, como um princípio, é
bastante simples. Mas, na prática, nós, pecadores, somos inclinados a confiar
nos meios e não em Deus. Faço planos freqüentemente e percebo que meu
entusiasmo cresce ou diminui, à medida que os planos são perspicazes ou não. Isto é confiar em planos e não em Deus. Sem
dúvida, Ele deseja que utilizemos meios para realizar a sua obra. Todavia, é
evidente que Deus não deseja que confiemos nestes meios.
“O cavalo prepara-se
para o dia da batalha, mas a vitória vem do Senhor” (Pv 21.31). Portanto, nossa
confiança deve estar no Senhor e não em cavalos. “Uns confiam em carros,
outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Senhor, nosso
Deus” (Sl 20.7).
A vida de George Müller foi dedicada a comprovar
esta verdade. Em certa ocasião, ele explicou como esta verdade se relaciona à
nossa vocação. Devemos trabalhar para obter nosso sustento e suprir nossas
necessidades. No entanto, não devemos confiar em nosso trabalho, e sim em Deus;
pois, do contrário, sempre estaremos ansiosos pelo fato de que nossas
necessidades não serão satisfeitas, se não pudermos trabalhar. Entretanto, se
estamos confiando em Deus, não em nosso trabalho, e se Ele ordenar que percamos
nosso trabalho, podemos estar certos de que Deus satisfará nossas necessidades;
assim, não precisaremos ficar ansiosos. Eis a maneira como Müller apresentou o
assunto:
Por que estou realizando este trabalho? Por que
estou envolvido neste negócio ou nesta carreira? Em muitas instâncias, no que
diz respeito à minha experiência, que reuni no ministério entre os crentes,
durante os últimos 21 anos, creio que a resposta seria: “Estou envolvido em
minha vocação terrena para que tenha meios de conseguir as coisas necessárias
da vida, para mim e minha família”. No que se refere à vocação terrena dos
filhos de Deus, este é o principal erro do qual resultam quase todos os demais
erros nutridos por eles — não é bíblico nem correto estar envolvido em um
negócio, uma profissão, uma vocação apenas para ter meios de conseguir as
coisas necessárias à vida, pessoal e familiar. Mas, devemos trabalhar, porque é
a vontade de Deus para nós. Isto é evidente das seguintes passagens bíblicas: 1
Tessalonicenses 4.11-12, 2 Tessalonicenses 3.10-12 e Efésios 4.28.
É verdade que o Senhor provê as necessidades da
vida por intermédio de nossa vocação secular. No entanto, esta não é a razão
por que devemos trabalhar; isto é bastante claro da seguinte consideração: se o
possuirmos as coisas necessárias à vida dependesse de nossa capacidade de
trabalhar, nunca ficaríamos livres de ansiedade, pois sempre teríamos de
perguntar a nós mesmos: “O que farei quando estiver velho e não puder mais
trabalhar? Ou quando, por causa de enfermidade, for incapaz de ganhar o pão de
cada dia?” No entanto, se, por outro lado, estamos envolvidos em nossa vocação
terrena, porque é a vontade de Deus que trabalhemos e que, fazendo isso,
sejamos capazes de suprir nossas necessidades e de nossos queridos, bem como
ajudar os fracos, os doentes, os idosos, os necessitados; assim, temos um
motivo excelente e bíblico para dizermos: “Se agradar ao Senhor colocar-me na
cama, por causa de enfermidade, ou impedir-me, por causa de doença, idade
avançada ou falta de emprego, de obter o meu pão de cada dia, por meio do
trabalho de minhas mãos, meus negócios ou minha profissão, Ele mesmo
providenciará o necessário para mim”. (Uma Narrativa de Algumas das Realizações do Senhor
para com George Müller —
vol. 1, escrito por ele mesmo; Muskegon, Michigan, Dust and Ashes
Publications.)
Esta verdade se aplica não somente à nossa vocação
secular, mas a todas as áreas de nossa vida. Momento após momento, usamos meios
para manter nossa vida e realizar os propósitos de Deus (comida, telefone,
casa, remédios, carro, pedreiros, médicos, etc.). Temos de aprender a lição de
não confiar nestas coisas, quando as usamos, e sim confiar em Deus. Isto se
aplica também ao planejamento para a nossa igreja. Fazemos planos. Elaboramos
orçamentos. Ensinamos e aconselhamos. A tentação permanente é a de confiarmos
nestas coisas e não em Deus, para agir com, por intermédio de ou sem estas
coisas. Portanto, enquanto sonhamos a respeito de missões e de nosso
ministério, utilizemos meios, mas confiemos em Deus. As promessas dEle são as
únicas coisas seguras. Todos os nossos meios são falíveis.
George Müller resumiu assim este princípio:
“Este é um dos grandes segredos relacionados ao
serviço bem- sucedido para o Senhor — trabalhar como se todas as coisas
dependessem de nossa diligência, mas, apesar disso, não depender do menor de
nossos esforços, e sim das bênçãos do Senhor” (Narrativa, vol. 2, p. 290).
Ou, conforme a Bíblia o diz: “Desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.12-13). E conforme Paulo
também declara: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me
foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles;
todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1 Co 15.10).
Que o Senhor nos conceda estarmos livres de toda
ansiedade, enquanto confiamos nEle, em vez de confiarmos nos meios que
utilizamos.
0 comentários: