domingo, 8 de janeiro de 2023

Concupiscências: "O Processo Químico/Fisiológico"


CONCUPISCÊNCIAS: "O PROCESSO QUÍMICO/FISIOLÓGICO" 

              “Quando desejamos algo e nos dedicamos a pensar em como receber esse algo recebemos uma tempestade de informações, e nosso organismo é estimulado a produzir hormônios a fim de direcionar a reação e o recebimento do fruto do desejo.”

Para explicar e explanar como o processo ocorre no coração humano – CENTRO DAS EMOÇÕES - será usado o texto bíblico de Genesis 3,6: 

“A mulher viu que a árvore era boa ao apetite e formosa à vista, e era uma  árvore desejável para adquirir discernimento”.                         

O PROCESSO

Quando a mulher fixa os olhos na árvore, o “neurotransmissor do desejo”, a BETA-FENILETILAMINA é liberada acelerando o fluxo de informações entre os neurônios, e esta ação faz com que o “CÓRTEX CEREBRAL” reduza a atividade da área responsável pela racionalidade e pelo julgamento crítico, ou seja, pela análise. A mulher sente uma espécie de calafrio causado pela liberação imediata de outros neurotransmissores, sendo a “DOPAMINA” a mais importante, pois é ela que estimula o CENTRO DE RECOMPENSA do cérebro. A liberação volumosa de DOPAMINA gera um “bem estar prazeroso”, e a mulher busca obter e ter a razão do desejo, no caso o fruto da árvore. Juntamente à DOPAMINA também é liberado mais alguns neurotransmissores tais como os hormônios ADRENALINA, NORADRENALINA E SEROTONINA, formando-se assim o esquadrão responsável pela “sintomatologia do desejo”, mas cada um deles tem uma função específica no processo: a DOPAMINA é responsável pelo prazer interferindo diretamente nos níveis de humor; a ADRENALINA acelera a corrente sanguínea provocando uma vasoconstrição generalizada causando a vermelhidão da pele, ou seja, o rubor; a NORADRENALINA deixa a mulher em um estado avançado de euforia e disposição; por fim a SEROTONINA provoca a obsessão que a faz “sonhar acordada” com o fruto desejado, a faz viver pelo desejo. Então, “a mulher tomou do fruto e o comeu...”!

Assim como foi com a mulher no Jardim do Éden, também o é na atualidade com todo ser humano sempre que somos provados pelos nossos desejos exacerbados; “somos atraídos e engodados pelas nossas próprias concupiscências, e elas ao serem concebidas dão à luz o pecado, e o pecado atingindo o termo gera a morte”.

Lembremos de que as concupiscências não vêm do Pai, mas do mundo, e o mundo passa, é temporal e temporário como os nossos desejas exacerbados, porém os que fazem a vontade de Deus permanecem ETERNAMENTE.

Fabio S de Faria. 

Goiânia 08/01/23

OBS:  Este post é o segundo da trilogia sobre funcionamento do CORAÇÃO conforme o relato da BÍBLIA. 

Leia o primeiro em:

 https://cristaodebereia.blogspot.com/2022/04/o-coracao-na-biblia-uma-angiografia.html


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terça-feira, 5 de abril de 2022

O Coração Na Bíblia: “Uma Angiografia.”

O Coração Na Bíblia: “Uma Angiografia.”

 (Angiografia: “exame radiológico das artérias coronárias, minimamente invasivo”)

... E IAHWEH DISSE CONSIGO: “eu não amaldiçoarei nunca mais a terra por causa do homem, porque os desígnios do homem são MAUS desde a sua infância...” Gênesis 8.21.

Os hebreus, tendo como base o texto de Levíticos 17 entendiam que o “coração” era a própria vida das pessoas e assim os escritores bíblicos o empregaram pelo todo, pelo indivíduo, o considerando a sede da vida intelectual e emotiva, como o símbolo do amor e de todas as emoções. E, é dessa forma que até os dias atuais, poetas, compositores, amantes, e o povo em geral o considera.

Na Bíblia, o “coração” é citado mais de mil vezes, porém raras vezes no sentido fisiológico como em 2ºSamuel 18:14. A maioria das citações afirma ser ele a sede das faculdades e da personalidade, é nele que nascem os pensamentos, sentimentos, palavras, decisões e ações, e só Deus o conhece profundamente, quaisquer que sejam as aparências [ex:1ºSamuel 16:17].                                  O “coração” é o centro da consciência religiosa e da vida moral, é nele e por ele que o homem procura a Deus, que o ouve, o serve, o louva e o ama. O “coração” simples, reto, puro, é aquele que não está dividido por nenhuma reserva ou segunda intenção e por nenhuma falsa aparência em relação a Deus ou aos homens. 

Em Gênesis 8:21, o próprio Deus diz que os desígnios do “coração” são maus desde a sua infância; o profeta Jeremias inspirado por Deus diz que o pecado dos judeus – consequentemente o nosso também – está escrito com estilete de ferro, gravado com ponta de diamante na tabuinha e nos altares do “coração”. O Senhor Jesus Cristo afirmou que as impurezas não estão nas coisas ingeridas pela boca, mas pelas palavras que dela sai procedente do ”coração”, - a boca fala aquilo que do qual o “coração” está saturado – ou seja, é no “coração” que reside as más intenções, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsidades e difamações (Mt 15:15 a 20). Deus ordenou ao profeta e sacerdote Ezequiel que dissesse aos judeus exilados na Babilônia: eu os purificarei de todas as imundícies, tirarei dos seus peitos o “coração” de pedra e no lugar colocarei um “coração” de carne; essa promessa também nos foi feita pelo Senhor Jesus Cristo mediante o seu sangue, o sangue da Nova Aliança, ou seja, ao verter na cruz o seu sangue, Ele purificou nosso “coração” e substituiu a pedra por carne.
           Em oposição à visão dos escritores bíblicos, dos poetas, dos compositores, dos amantes em geral, sabe-se que o “coração” é simplesmente o órgão responsável por bombear o sangue levando-o a todas as partes do corpo, um órgão desprovido de qualquer tipo de sentimento ou de emoção.                                                                                            Este saber culmina na pergunta:
 ENTÃO, QUAL É O ÓRGÃO DO CORPO HUMANO QUE TEM A FUNÇÃO DO “CORAÇÃO” APREGOADO NA BÍBLIA?
A resposta exata é que o “coração bíblico” é em realidade um conjunto de estruturas localizado no cérebro, composto por:
1 - córtex cerebral, responsável pelas funções cognitivas e pelo processamento de informação de nível mais elevado cujas funções incluem pensamento e raciocínio, memória, consciência, atenção, consciência perceptiva e linguagem, se constituindo, portanto, na sede do intelecto e da razão. "O consciente."
2 - sistema límbico, o responsável pelo controle do comportamento emocional do sistema nervoso e está envolvido diretamente com a natureza afetiva das percepções sensoriais, também conhecido por cérebro emocional, ou seja, a sede das emoções. "O subconsciente".
A esse conjunto nós chamamos MENTE,[1] [2] [3] (o estado da consciência ou subconsciência que possibilita a expressão da natureza humana, também sendo um conceito bastante utilizado para descrever as funções superiores do cérebro humano relacionadas à cognição e ao comportamento, particularmente aquelas funções que tornam os seres humanos conscientes, tais como a interpretação, os desejos, o temperamento, a imaginação, a linguagem, e sentidos, embora estejam vinculadas às qualidades mais inconscientes como o pensamento, a razão, a memória, a intuição, a inteligência, o arquétipo, o sonho, o sentimento, ego e superego), porém é preciso entender que o cérebro e a mente não são entidades separadas mas que a mente é a atividade do cérebro, [4] ou seja, o cérebro é a parte física e a mente, a abstrata. 

A maioria das citações sobre o “coração” na Bíblia está basicamente relacionada à parte física, à parte que gera as emoções, que controla os desejos e os pensamentos. Hoje se sabe que esta parte é o “sistema límbico”.

O SL é quem responde pelos comportamentos instintivos, pelas emoções profundamente arraigadas, pelos impulsos básicos como sexo, ira, prazer e sobrevivência. É a parte do cérebro que regula as respostas fisiológicas e emocionais do corpo. Suas estruturas anatômicas são as responsáveis por processar as emoções, regular a conduta do ser humano. É assim que ele funciona como "coração", ou seja, o centro das emoções e dos desejos. É ele que regula o  Sistema Nervoso Autônomo, - o responsável pela coordenação do funcionamento de todos os órgãos internos. 

É importante destacar que sua descoberta - anatomia - se deu há menos de duzentos anos, mas somente a partir de 1952 - há setenta anos - é que o cientista Paul McLean definiu as estruturas neuronais implicadas na formação deste sistema que hoje conhecemos como Sistema Límbico, e foi este cientista quem também afirmou pela primeira vez ser este, o sistema emocional mais avançado de todos.[5].

        Apesar de todo o avanço da ciência pode-se afirmar que o SL ainda é um ilustre desconhecido. Não há como sondá-lo em sua profundidade. Por meio de medicamentos é possível acalmar suas atividades, mas não se consegue dominá-lo por completo. Pode-se até extirpá-lo, mas é impossível domá-lo pela força humana. Por ser afetado pelas experiências afetivas e emocionais do ser humano em seu contexto social, é o SL quem dita e direciona o comportamento e a reação das pessoas em todos os níveis, pois é dele que surge os pensamentos bons e ruins, é nele  que reside o egoísmo, o medo, a ira, a ansiedade, etc.              Assim como afirmado pela Bíblia, ele é enganoso e enganador, falso e incorrigível, ou seja, ninguém pode conhecê-lo a não ser Iahweh, o nosso Deus. Só a graça de Deus é capaz de mudar o seu intento, só ela é capaz de transformá-lo e curá-lo, pois só ela é capaz de dar ao homem uma nova natureza - um novo nascimento -, só ela pode dar ao homem um novo "coração", ou seja, uma nova forma de entendimento. Só a graça de Deus na pessoa do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é que pode nos libertar de toda esta escravidão, pois só Ele é a verdadeira espada de dois gumes, a que penetra no mais profundo do nosso ser até dividir alma e espírito, juntas e medulas, a espada que julga as disposições e as intenções produzidas e armazenadas em nosso "coração", o SL. 

      Concluo a angiografia do "coração bíblico", este pequeno estudo, esta simples reflexão, trazendo à lembrança a citação do teólogo e filósofo francês, Blaise Pascal:                                                                                  O coração tem razões que a própria razão desconhece.


Fabio S. de Faria.

GOIÂNIA, abril de 2022.




[1]  https://conceito.de/mente

[2] https://www.cognifit.com/br/mente#:

[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Mente

[4] Gabbard G.O. Mente, cérebro, e transtornos de personalidade, American Journal of Psychiatry 2005; 162:648-655

[5]  https://www.todamateria.com.br › sistema-limbico





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quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

O PECADO ORIGINAL


O PECADO ORIGINAL

OS FATOS: 

1º “quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as arvores do jardim. O Senhor Deus ao homem chamou e lhe perguntou: onde estás? O homem respondeu: ouvi a tua voz no jardim, e por estar nu, tive medo, e me escondi. Gn 3.8 a 10”. 

2º “Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, extraordinariamente Caim e lhe descaiu o semblante. Gn 4.4 e 5.”

 3º “Dei-te a casa de teu amo Saul e as mulheres de teu amo Saul em teus braços, e também te dei a casa de Judá e de Israel; se isto fora pouco, eu teria acrescentado tais e tais coisas. Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o que era mal perante ele? A Urias o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por mulher, após o matar com a espada dos filhos de Amon. 1ºSm 12.8 e 9 ”.  

4º “Mas Jesus lhe disse: afirmo-te Pedro, que hoje, três vezes negarás que me conheces, antes que o galo cante. Lucas 22. 34”. 

5º “Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do Homem? Lucas 22.48”.

6º “Em 20 de julho de 1944, o ditador nazista HITLER, escapou por pouco de morrer quando uma bomba-relógio, colocada em seu quartel-general, por um oficial alemão, explodiu. Os inimigos de Hitler na Alemanha faziam   planos de derruba-lo ou mata-lo desde 1938, mas todas as tentativas não lograram sucesso. Para se vingar da bomba-relógio que quase o matara, Hitler mandou executar pelo menos 4980 pessoas. Em obediência a ordem sua, algumas dessas pessoas foram estranguladas lentamente com cordas de piano, e a agonia delas foi registrado em filmes que o ditador  assistiu depois.(pág. 4031, enciclopédia Delta Universal)”.

7º “Estrangulou filhotes de cães para atingir mulher”; “Cadáver encontrado com tiros e facadas”; “Dupla mata homem em hotel”; “Rapaz  é executado dentro de sua casa”; (manchetes de jornais e telejornais de Goiânia em 23-07-10).

Ao ler os fatos descritos, e refletir sobre: “o medo de Adão; a raiva de Caim; a perversão sexual de Davi; a traição de Judas; a negação de Pedro; a fina maldade de Hitler; a banalização da vida na atualidade”, conclui-se que todas essas manifestações, são originarias de uma única fonte, e são partes integrantes de um mesmo sistema. Ao refletir, sobre o motivo que gerou a explosão de cada uma destas manifestações, percebe-se que o estopim da bomba, sempre é aceso pela ação destrutiva do EGOISMO [excessivo amor ao bem próprio, sem atender ao dos outros] assim como, pelo domínio ambicioso do EGOCENTRISMO [propensão inata para referir tudo a si próprio, considerando-se sempre a figura central] que são características inerentes ao ser humano. A essa inerência, a Bíblia outorga um nome: PECADO. 

                                          SIGNIFICADOS  

PECADO: s.m = Transgressão de preceito religioso (por ext) culpa, vicio  maldade. (dicionário da língua portuguesa).

Transgressão livre e deliberada da lei de Deus; todo desvio decidido por si mesmo, embora de leve, de Deus; nosso ultimo fim para aderir a algum bem finito, contrario a lei de Deus. O âmago do pecado é a rebelião contra Deus; e será pecaminoso todo o ato em que a vontade humana se opuser à vontade divina como tal conhecida pela consciência. (dicionário  da Bíblia Sagrada; enciclopédia  Barsa –  Monsenhor J.Alberto L. de Castro Pinto).

PECADO NO HEBRAICO « é definido pelo uso de três palavras básicas: HATA’= pecar, errar o alvo; PESA’= rebelar-se, transgredir; e AWON’= iniquidade, culpa. Cada uma dessas palavras implica um absoluto padrão divino, e define o pecado em relação a esse padrão. Podemos errar o alvo por causa de nossas fragilidades, podemos nos rebelar contra o padrão de Deus, ou podemos deturpá-lo em uma tentativa de evitar o conhecimento do pecado. No entendimento de Lawrence O. Richards (escritor, filosofo, mestre em Educação Cristã, e doutor em Psicologia Social e Religiosa), o SALMO 51, desenvolve a mais completa e simples declaração de uma real “teologia do pecado”, ao identificar a natureza da falha humana através dos termos usados (versos 1 e 2... e, segundo a multidão das misericórdias apaga as minhas TRANSGRESSÕES, lava-me completamente da minha INIQÜIDADE, purifica-me do meu PECADO); ao afirmar que o pecado é contra Deus, que institui o padrão (verso 3.... pois eu conheço as minhas TRANSGRESSÕES, e o meu PECADO, está sempre diante de mim); e ao apresentar a idéia de que a semente do pecado está enraizada na natureza humana decaída, de maneira que não só executamos atos pecaminosos, mas nós mesmos somos pecadores por natureza (verso 5 ..... eu nasci em INIQÜIDADE, e em PECADO  me concebeu minha mãe). Refletindo um pouco mais nessa “teologia do pecado”, pode-se também entender através do verso 5, que a  “doutrina bíblica de depravação” é frequentemente mal interpretada. Davi diz “eu nasci em iniquidade (‘awon), e em pecado (hata’) me concebeu minha mãe”. A afirmativa mostra que a verdadeira natureza de Davi foi desviada da forma planejada por Deus, de maneira que ele não atingiu o objetivo do designo de Deus para a humanidade. È essa falha na natureza humana, que Romanos 5.12-21 (o fundamento real desse estudo) traça para a queda de Adão; a falha que faz com que homens e mulheres, sejam pecadores e que gera o ato de pecar. Afirmar que a humanidade é depravada significa que o pecado tem um constante domínio sobre o ser humano, e que todas as pessoas praticam atos de pecado.

Também não se deve olvidar que a historia do pecado de Davi com Bate-Seba, encontrada em 2º Samuel 11, relata que ele viveu com o pecado encoberto, fechado no seu interior por um ano, desde a concepção de Bate-Seba (verso 4), até o nascimento da criança (verso 27). A confissão de Davi sobre a ocultação e interiorização desse pecado, é relatada no Salmo 32. (Ler com muito zelo)

    O PECADO NA VISÃO DA IGREJA CATOLICA ROMANA

O catolicismo romano considera que o pecado é constituído de dois tipos distintos: “o pecado original e os pecados atuais”, sendo que os atuais são divididos, conforme a gravidade da transgressão, e conforme o grau de voluntariedade e deliberação: “pecados mortais e pecados veniais”. Outra classificação divide os pecados atuais em “formais”, (todas as transgressões deliberadas) e “materiais” (transgressões onde não haja consentimento ou conhecimento). Os pecados materiais, não são propriamente considerados pecados, porque a transgressão não é voluntária. De acordo com a visão teológica do catolicismo romano, a Igreja tem o poder de fazer com que a alma, volte à amizade de Deus, e ela assim o faz através do sacramento da “Penitencia ou Confissão”. Esse poder foi recebido quando Jesus Cristo disse: “recebei o Espírito Santo. Os pecados a quem perdoardes serão perdoados, e os pecados a quem retiverdes, serão retidos. (João, 20.23).” ««« comentários exegéticos e hermenêuticos ao final desta secção »»».

PECADO ORIGINAL: esta expressão designa duas coisas diversas, porém relacionadas entre si:

 I- o pecado de Adão, ao desobedecer a Deus;

 II- as consequências dessa desobediência,

 As consequências se constituíram na perda para si e para todos seus descendentes, da graça santificante e bens sobrenaturais, que lhe fora dado por Deus, tais como o direito ao céu, a imortalidade e a imunidade contra o sofrimento, o paraíso terrestre, o dom da integridade, « o perfeito controle das paixões pela razão cuja perda prejudicou os dons naturais no sentido de que, só através de luta e esforço, poderá o homem alcançar a perfeição de qualquer um deles » assim, pois, Tomas de Aquino aponta a luta pela verdade para suplantar a ignorância, a luta pelo árduo para suplantar a fraqueza, a luta pelo uso moderado, daquilo que é altamente agradável para suplantar a concupiscência.

[o livro da Sabedoria 10:1 e 2 nos informa que, mais tarde, Adão obteve o perdão de sua grande falta, “a sabedoria guardou aquele, que foi por Deus formado primeiro pai da redondeza da terra, tendo sido criado só, e o tirou do seu pecado e lhe deu virtude de governar todas as coisas”].

Uma vez que Adão foi não somente o primeiro homem, mas também o “chefe ou cabeça” do gênero humano, seu pecado (não o de Eva) causou serias consequências a todos os seus descendentes, que ficaram privados dos mencionados dons que teriam se Adão não tivesse pecado. Esta privação da graça santificante e dos outros dons é o que se denomina pecado original em todos os homens (Rm 5.19). Nisto não há injustiça alguma, já que não tínhamos direito a esses dons.  O pecado de Adão, não nos fez perder nada que, como seres humanos, tivéssemos direito. Pelo sacramento do Batismo, Deus nos restitui o mais precioso dos dons gratuitos outorgados outrora a nossos primeiros pais, que é a graça santificante. Entretanto, as outras consequências tais como a morte corporal, doenças, fraqueza da inteligência e da vontade etc permanecem.

[Apenas uma pessoa, Maria, mãe de Jesus, não chegou a ser privada da graça santificante devido ao extraordinário privilegio de uma redenção preservativa, em vista dos méritos futuros de seu filho, Jesus. Esse singular privilegio de Maria é conhecido como “A IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA”, tendo sido majestosamente instituído como “dogma de fé” em 08 de dezembro de 1854, pelo papa Pio IX. [Imaculada Conceição, é o peculiar privilegio pelo qual a Virgem Maria, em vista dos méritos futuros de seu “Divino Filho Jesus Cristo, foi concebida livre do pecado no seio de sua mãe Santa Ana, ou seja, no primeiro instante de sua concepção, foi preservada de toda mancha do pecado original]”.

PECADO ATUAL-Todos os atos ou omissões que são contrários à Lei de Deus. São pessoais e voluntários, sendo assim chamados em contraposição ao pecado original.

PECADOS CAPITAIS - São as sete principais fontes de atos pecaminosos:   ORGULHO;   AVAREZA;   LUXURIA;   INVEJA;   IRA;   PREGUIÇA;   GULA.   È importante notar que essas fontes não são primitivamente o “pecado”, mas sim tendências da natureza para os atos descritos. Recebem o nome de “capitais”, porque são as fontes ou as raízes de outros pecados. A visão da “Igreja Romana” é de que a vida cristã é uma continua luta contra estas sete tendências ou inclinações para atos pecaminosos.

 PECADOS QUE CLAMAM AOS CÉUS POR VINGANÇA- O homicídio voluntário, o pecado de Sodoma, a opressão do pobre, a defraudação dos operários no seu salário. Em virtude de sua má fé ou dolo, (são pecados cometidos contra a sociedade) parecem pedir castigo por um ato especial da Justiça Divina. O nome especial dado a esse tipo de pecado, se deve ao  motivo das Escrituras Sagradas, assim se referirem a eles. Gênesis 4.10 “e disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim”. Êxodo 22. 22 e 23: “A nenhuma viúva nem órfão afligireis, pois se de algum modo os afligirdes, e eles clamarem a mim, eu irei lhes ouvir o clamor.” Deuteronômio 24.14 e 15: “Não oprimirás o jornaleiro pobre e necessitado, seja ele teu irmão ou estrangeiro que está na tua terra e na tua cidade. No seu dia, lhes dará o seu salário, antes que o sol se ponha, porquanto é pobre, e disso depende a sua vida; para que não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado.”

PECADOS CONTRA O ESPIRITO SANTO: Conforme o relato bíblico em Mateus 12. 22 a 32, alguém trouxe a Jesus um endemoninhado, cego e mudo. Jesus expulsou o demônio, e aquele homem passou a ver e a falar.  Enquanto a multidão se admirava, os fariseus murmuravam, acusando a Jesus de expelir os  demônios senão pelo poder de Belzebu, o maioral dos demônios.

 Jesus, porém conhecendo seus pensamentos, lhes contou uma parábola, afirmando ao final: “se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguém falar contra o ESPIRITO SANTO, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.” Em Marcos 3.29, lê-se: “mas aquele que blasfemar contra o ESPIRITO SANTO jamais terá perdão, pois será réu de eterno pecado.”

 Este pecado, cognominado como “o pecado dos fariseus,” se diz contra o ESPIRITO SANTO, porque vai contra a bondade e o poder milagroso de Deus. Cristo expulsava os demônios pelo poder divino, então os fariseus ao atribuírem esse ato ao poder de Belzebu, simplesmente colocavam em duvida o poder de Deus. Consoante a esse, há outros seis pecados citados pelos “teólogos medievais” e, que de forma especial, podem também ser considerados contra o ESPIRITO SANTO.

São eles: 

1- desesperar-se da própria salvação; 2- acreditar presunçosamente na misericórdia de Deus; 3- atacar as verdades aceitas pela Igreja; 4- invejar o bem espiritual dos outros; 5- permanecer obstinadamente em estado de pecado mortal; 6- a impenitência final (falta de arrependimento). Embora sejam diferentes do pecado que Jesus descreveu como sendo contra o ESPIRITO SANTO, estes seis também recebem a mesma cognominação porque endurecem o pecador contra o auxilio do ESPIRITO SANTO, o que torna mais difícil a possibilidade do arrependimento.

PECADO MORTAL: Transgressão da lei de Deus em matéria grave com advertência e consentimento, ou seja: “voluntariamente”. Para que haja um pecado mortal, três condições são requeridas:

A - que a ação seja em “matéria grave” ou como tal considerada pelo pecador, como assassinato, furto, blasfêmia;

 B - deve haver “plena advertência” de que a atitude a ser realizada é falta grave.

 C- deve haver “pleno consentimento” da vontade, escolhendo-se livremente o perfazer a atitude má. Esses pecados são chamados mortais, porque matam a vida sobrenatural da alma, tirando-lhe a graça santificante. Todo o que perecer, em estado de pecado mortal não terá condições de ir para o céu, e será condenado ao inferno eternamente.

PECADO VENIAL: desobediência em matéria leve ou por não ter havido pleno consentimento. O pecado venial, embora prepare o caminho para o pecado mortal e seja o maior mal depois deste, ainda não destrói de forma completa a amizade da alma com Deus. É uma enfermidade da alma, mas ainda não significa morte, pois a graça santificante permanece na alma.

«« Dicionário Prático por Mons. José Alberto L. de Castro Pinto – Bíblia Sagrada, Edição Barsa  1968; Rio de Janeiro. »»

OBS: 1- A respeito da interpretação feita pela Igreja Católica Apostólica Romana de João 20. 23, antes de aceitar ou condenar, é importante que se faça uma reflexão cuidadosa sobre as palavras e a intenção de Jesus ao proferi-las. A tradução literal do texto grego diz: “aqueles cujos pecados vocês perdoarem, já terão sido perdoados; aqueles cujos pecados vocês não perdoarem, não terão sido perdoados”. É no evangelho que todos nós proclamamos o perdão. Ao compartilharmos o evangelho colocamo-nos no papel de perdoar os pecados, dependendo da sensibilidade do ouvinte. Jesus deu aos seus discípulos, que são pessoas conduzidas pelo Espírito Santo (v. 22), a autoridade para declarar aquilo que Deus já fez quando alguém confia em Cristo. Quando vocês perdoam os pecados de alguém, ele parece estar dizendo, essa pessoa já foi perdoada, entretanto, quando vocês dizem que ela não é perdoada (por não confiar em Cristo), ela não foi perdoada. Todos os cristãos, portanto, possuem esse mesmo poder de pronunciar perdão de pecados, pois são testemunhas das boas novas de Cristo por todo o mundo. Nessa passagem não há qualquer menção de que essa declaração de perdão fosse apenas obra dos apóstolos, e que iria ser primazia de um grupo sacerdotal, ou de algum determinado  grupo de clérigos. (Manual Popular de duvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia: Norman Geisler e Thomas Howe, pág 432, ed. Mundo Cristão).

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sexta-feira, 19 de novembro de 2021

"A IGREJA ATUAL X O MITO DA CAVERNA".

                         Partindo do pressuposto de que a filosofia é uma forma de interpretar a realidade, interagindo e considerando temas sociais, políticos, culturais e religiosos, nos é possível entender que ela propicia o desenvolvimento do senso crítico, o afastamento da mente da mediocridade, nos levando a refletir sobre qual é o melhor caminho para compartilhar as descobertas, repassar o bem, auxiliando e ensinando ao próximo em sua evolução.

             No momento atual, em que boa parte dos cristãos se encontram envolvidos na idolatria e na prática dos "fake news", neste momento de arrefecimento de uma cruel pandemia, refletir e fazer uma analogia sobre a obra de Platão – O MITO DA CAVERNA – e interpretá-la sociologicamente em alinhamento à realidade da Igreja brasileira é algo de importância ímpar.

[Na alegoria da caverna, Platão descreve a seguinte situação: “Em uma caverna  escura existe um grupo de prisioneiros que desde a infância  se encontram acorrentados a uma parede e a única coisa que conseguem ver é a parede paralela à sua frente. Nessa parede, sombras formadas por uma fogueira num fosso anterior aos prisioneiros são projetadas. Pessoas passam com estatuetas e fazem gestos na fogueira para projetar as sombras na parede frontal aos prisioneiros, e esses acham que toda a realidade são aquelas sombras, pois o seu restrito mundo resume-se a estas experiências. Um dia, um dos prisioneiros é liberto e começa a explorar o interior da caverna, descobrindo que as sombras que ele sempre via eram, na verdade, controladas por pessoas atrás da fogueira. O homem livre sai da caverna e encontra uma realidade muito mais ampla e complexa do que a que ele jugava haver quando ainda estava preso. No início, o homem sente um incômodo muito forte com a luz solar, elemento que as suas retinas não estavam habituadas e que o cega momentaneamente. Após algum tempo de visão ofuscada, o homem consegue enxergar e percebe que a realidade e a totalidade do mundo não se parecem com nada do que ele tinha conhecido até então. Tomado por um dilema, de retornar para a caverna e correr o risco de ser julgado como louco por seus companheiros ou desbravar o novo mundo, o homem aprende que o que ele julgava conhecer antes era fruto enganoso de seus sentidos, que são limitados.]

Tanto no mito da caverna, quanto na vida cristã, o ponto central a ser focado é a luz, pois ela é que leva ao discernimento de todas as coisas. Se no escrito de Platão a luz é o bem ansiado, na Igreja a luz é Jesus. E em ambas as sombras representam o mal e a ignorância. Portanto, sair da caverna é sair de um estado de ilusão para o conhecimento de algo real.

Quando se olha atentamente para a Igreja atual é possível ver que a maior parte de seus membros fizeram do mundo com seu sistema uma grande caverna. Uma caverna que os mantém prisioneiros vivendo pela ideia do ter, os levando a lutar por coisas instáveis, passageiras e não prioritárias. Uma caverna em que as sombras e os ecos representam as opiniões e os preconceitos que trazem da vida cotidiana, ou seja, conhecimentos errados que são adquiridos no dia a dia por meio dos sentidos, apenas projeções distorcidas da imagem real, levando-os ao falso entendimento de que continuar na caverna exige menos esforço do que sair da zona de conforto e enfrentar a realidade e lidar com suas consequências. 

Sair da caverna, estar em contato com a luz traz aos olhos uma dor insuportável, por isso aceitar a própria ignorância, os erros, as ilusões, é algo bem menos doloroso do que tentar olhar de frente para a luz. Amar o mundo, amar o que ele nos oferece no aqui e agora é algo bem mais desejável e apetecível do que entender, se convencer e viver pela fé na promessa da vida eterna. Viver alimentados pela pregação de falsas promessas, andar sob a luz projetada pelos falsos "deuses terrenos', se comportar conforme o padrão estabelecido, conforme certas ideologias criadas por pessoas irrelevantes e sem embasamento divino é algo bem mais confortável do que seguir os princípios ensinados por Jesus. Por isso, amar o próximo, mostrar Jesus aos mortos em delitos e pecados, ser tolerante com os fracos e desvalidos, buscar justiça para os oprimidos, vestir o nu e alimentar o faminto são paradigmas dos quais grande parte da Igreja de Cristo na atualidade, prefere ficar distante e se manter indiferente. A cada dia constata-se que para estes cristãos aredes sociais tornaram-se vitrines cheias de imagens que demonstram felicidade e perfeição invejáveis, mas revelam egos vazios de sentido. Há uma vulgarização da vida humana, pois a escolha é manter-se na caverna tornando-se seres cada vez mais desprezíveis, manipuláveis, fracos e dominados.

                Diante desta situação, a esperança está nos 144000 que não dobraram o joelho a baal, aqueles que saíram da caverna, que foram iluminados pela luz do Senhor e Salvador Jesus Cristo, e se tornaram aptos a resgatar muitos dos "zumbis cavernísticos". 

Fabio S. de Faria.


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domingo, 21 de fevereiro de 2021

Os Habitantes do Reino do Meu "EU"

                             Eu disse a Deus: “Senhor tenho buscado seguir os ensinos de Jesus, tenho buscado um conhecimento melhor da Bíblia, tenho buscado ajudar as pessoas, mas as dificuldades, os contratempos não diminuem, a colheita tem sido escassa e improdutiva, não consigo entender o porquê, a razão para tanta angústia”.

                              A resposta veio de forma dura, chocante e categórica: “você foi bastante impertinente em sua indagação, nem merece resposta, porém pela minha imensa misericórdia lhe proporcionarei a visão das construções e dos habitantes do seu reino interior, assim como lhe darei a chance de um arrependimento sincero e verdadeiro”.

                   De imediato, diante de meus olhos, uma porta se abriu colocando à mostra tudo quanto existe no reino do meu “eu", e o Sr Discernimento já estava à espera, preparado para me guiar pelos tortuosos caminhos do reino. 

A primeira construção com a qual me deparei foi a de um grande palácio em cuja sala principal há vários tronos. O trono central está ocupado pela rainha Vaidade, do lado direito o trono de seu marido, o Egoísmo, e do lado esquerdo mais quatro tronos nos quais estão assentadas as princesas: Soberba, Arrogância, Prepotência e Impiedade. Em frente aos tronos há duas grandes cadeiras, e nelas se assentam os dois principais súditos de sua Majestade: o duque Orgulho Próprio e sua esposa Justiça Própria. 

                      Olhei para o Discernimento e ele me informou que estávamos no palácio “Velha Natureza”, e que na atualidade as pessoas ali presentes são as responsáveis pelo governo do reino, e detêm praticamente o domínio sobre tudo que há nele. 

               Olhando por uma das janelas da sala avistei uma pequena construção inacabada; a sua volta vi um jardim mal cuidado e algumas árvores frutíferas sem folhas, sem flores e sem frutos. Rapidamente saí do palácio, fui até a construção inacabada, e então pude ver em seu interior algumas pessoas tristonhas aparentando estarem famintas e desnutridas. Virei-me para o Discernimento e ele com calma informou: “esta construção inacabada é o palácio Nova Natureza, e estas pessoas são aquelas que você recebeu a incumbência de alimentar, mas não o fez. Em realidade estas são as pessoas que deveriam e devem governar este reino. 

       Quando Deus disse que daria a você a chance de um arrependimento sincero e verdadeiro, Ele simplesmente lhe outorgou a missão de reconduzir estas pessoas ao lugar que devem estar. Eis que lhe apresento a Humildade, o seu marido Amor ao Próximo, suas filhas Caridade, Benignidade, Bondade e Generosidade. Só você pode fornecer-lhes os meios e os víveres necessários para que a construção do palácio seja concretizada, e elas possam assumir o comando do reino. Se você assim o fizer, elas irão libertá-lo da escravidão que lhe foi imposta pelos habitantes da “Velha Natureza”.

         Assim como veio, a visão se foi, porém uma grande faixa ficou fixada em minha mente, e nela está escrito: 

               "A RESPOSTA FOI DADA. COLOQUE EM AÇÃO O QUE LHE FOI DITO PELO DISCERNIMENTO. ALIMENTE OS HABITANTES DA NOVA NATUREZA E ELES O ALIMENTARÃO".

Fabio S Faria




 

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domingo, 1 de novembro de 2020

O Tempo e seus Tempos!



O TEMPO E SEUS TEMPOS!

                         Não tenho tempo...! Se eu tiver tempo...! Naquele tempo...!    O tempo voou e...! Não houve tempo...! O tempo acabou...!

                     A todo o momento alguém se expressa sobre o tempo, mas afinal o que é o tempo, quem é o tempo?

DEFINIÇÃO: O TEMPO é a medida do movimento, então não pode haver TEMPO antes da existência das coisas mutáveis.

A VISÃO DE SANTO AGOSTINHO SOBRE DEUS E O TEMPO: “Como poderiam ter passado inumeráveis séculos, se Vós que sois o Autor e o Criador de todos os séculos, ainda os não tínheis criado? Que TEMPO poderia existir se não fosse estabelecido por Vós? E como poderia esse TEMPO decorrer se nunca tivesse existido? Sendo, pois, Vós, o obreiro de todos os TEMPOS, - se é que existiu algum TEMPO antes da criação do céu e da terra – por que razão se diz que Vós abstínheis de toda a obra? Efetivamente fostes Vós criastes esse mesmo TEMPO,  nem ele podia decorrer antes de o criardes! Porém, se antes da criação do céu e da terra não havia TEMPO, para quê perguntar o que fazíeis então? Não podia haver <então>, onde não havia TEMPO. Não é no TEMPO que Vós precedeis o TEMPO, pois, doutro modo, não seríeis anterior a todos os TEMPOS. Precedeis, porém todo o passado , alteando-Vos sobre com a Vossa eternidade sempre presente. Dominais todo o futuro porque está ainda para vir. Quando ele chegar, já será pretérito. Vós, pelo contrário, permaneceis sempre o mesmo e os vossos anos não morrem.  [Santo Agostinho, Confissões, Livro XI, § 13]                                                                                                                         “Não houve TEMPO nenhum em que fizésseis alguma coisa, pois fazíeis o próprio TEMPO. Nenhuns TEMPOS Vos são coeternos porque Vós permaneceis imutável, e se os TEMPOS assim permanecessem, já não seriam TEMPOS. Que é, pois, o TEMPO? [...] Vós sois, antes de todos os TEMPOS, o eterno Criador de todos os TEMPOS. “Estes não podem ser coeternos convosco, nem nenhumas outras criaturas, ainda que haja algumas que preexistem aos TEMPOS”. [Santo Agostinho, Confissões, Livro XI, §14 e 30]

O entendimento de Santo Agostinho é o de que existem três tempos, assim divididos: “presente das coisas passadas, presente das coisas futuras e presente das coisas presentes.”, ou seja, o tempo é uma forma do homem se relacionar com as coisas que passaram, passam e passarão. O passado não é, pois é o tempo que se afasta, é tudo que já não é mais palpável, simplesmente porque já se foi. O presente é o “agora”, mas se permanecer sempre presente, não se tornando passado, não seria mais TEMPO, mas sim ETERNIDADE. Então, se o presente precisa se tornar passado para ser tempo, ele não é, porque o que é não deixa de ser. O futuro também não é, já que ainda não existe, e quando existir deixará de ser futuro e passará a ser presente, que tão logo já será passado. Para Santo Agostinho existe o tempo da alma e o tempo do mundo, e os três tempos só existem para nós, para nossa alma, o resto do mundo se resume na instantaneidade do real. No tempo do mundo, nada dura, tudo deixa de ser tão logo que é. Já no tempo da alma, as coisas duram, pois seguem uma lógica estritamente nossa.

Para os amantes, o tempo é capaz de fazer com que as decepções sejam esquecidas, o tempo tudo apaga, mas ao mesmo tempo, para outros, o tempo não será capaz de apagar a chama de um grande amor. Para os endividados o tempo voa, para os credores o tempo não passa.  Existem algumas pessoas que consideram o tempo como algo abstrato, já que ele não pode ser apreendido por nenhum dos cinco sentidos, se esquecem de que se não é possível vê-lo, ouvi-lo, cheirá-lo, prová-lo, pegá-lo, também é impossível não constatar as marcas deixadas por ele. Basta olharmos as fotos antigas. As marcas de sua passagem são claras como o sol do meio dia.

Em relação à morte o tempo é irreverente paradoxal, pois a cada manhã a expectativa é a de se viver MAIS um dia, porém à noite, diante do regozijo do cumprimento da expectativa, nos deparamos com a realidade de que teremos um dia a MENOS para viver.

Inspirado por Deus, o escritor de Eclesiastes nos leva à reflexão de que dentro do tempo existem vários tempos, mas todos no presente, e, portanto, há um momento para tudo e um tempo para todo propósito, mas o homem só dispõe do momento presente para agir só podendo fazer algo em um tempo, e cada um destes tempos acontece de forma desconexa fazendo com que a metade das ocupações do homem seja algo sinistro, sejam gestos de luto, pois para cada tempo há um presente positivo e um presente negativo, os dois acontecendo em uma sequência de atos desconexos sem planejamento, e Deus reedita cada presente à maneira que o tempo passa, ou seja, o que existe já havia existido, o que existirá já existe. Sempre houve, sempre há, e sempre haverá o tempo de nascer e de morrer, de matar e de curar, de abraçar e de separar, de amar e de odiar, de falar e de calar, de rasgar e de costurar, de fazer a guerra e de promover a paz, porém entre gemidos de dor e gritos de júbilo, assim como os céus irão passar com grande estrondo e os elementos ardendo se dissolverão, o TEMPO no qual vivemos também passará. Haverá o fim do TEMPO E DE SEUS TEMPOS, mas para aqueles que foram feitos filhos de Deus, junto com os novos céus e com a nova terra, um novo TEMPO irá raiar, um tempo em que não mais haverá enfermidades, tristezas e prantos, um tempo infindável, o TEMPO DA VIDA ETERNA a ser vivido ao lado de JESUS CRISTO o nosso SENHOR e SALVADOR.

Que a cada manhã, enquanto estivermos vivendo neste TEMPO atual, arda em nosso coração o desejo e a esperança pela chegada do NOVO TEMPO.

Fabio S de Faria



 

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domingo, 20 de setembro de 2020

A Igreja é o Israel na Babilônia.

 


A Bíblia não deixa dúvidas de que o cristão é alguém cuja direção tem como parâmetro uma identidade missional e missionária. Ela mostra que a  identidade política, nacionalista, social e denominacional do cristão está sujeita a sua missão como cidadão do Reino de Deus. Não há nada demais que ele pertença, aliás, ao contrário, ele deve ser membro de uma igreja organização, deve ter sua posição politica, deve amar a pátria em que nasceu, deve ser praticante de obras sociais, porém sem nunca se esquecer de que todas estas coisas são temporais, e, portanto não deve se apegar a nenhuma como se a elas pertencesse, pois desde o momento do novo nascimento, ele se tornou cidadão da pátria que está nos céus, ele é um integrante da família de Cristo, e os membros desta família são peregrinos e forasteiros nesta terra. 

A Bíblia ensina que a cultura dominante neste planeta de peregrinação não deve ser a identidade primária do cristão.  A cultura do cristão é um campo missionário, ou seja, sua profissão, seu ministério, sua vida familiar, são partes inseparáveis de sua missão. O cristão é um missionário, uma testemunha viva de Cristo em todos os lugares, em todos os momentos, pois sua missão é conduzir as pessoas ao conhecimento do Reino de Deus por meio da proclamação da Boa Nova. Ele precisa se ver como uma pessoa em missão, e não como alguém que tem uma missão. É preciso que em sua mente esteja gravado em letras garrafais: “você é um estranho em terra estrangeira”      

A primeira carta de Pedro [2:11] diz que os cristãos são estranhos e exilados . Diz que a terra não é a sua casa, mas infelizmente há um grande contingente de cristãos se empenhando por sua terra natal temporal, em vez de reconhecer que devem ter a mentalidade de estrangeiros e exilados, e de que sua luta é para povoar a pátria prometida por Jesus Cristo, a pátria eterna.

Na atualidade, não é difícil a constatação de que o percentual de pessoas que são nominalmente cristãs está diminuindo, e de que os cristãos nominais estão se tornando Nonas, um fato indicativo de que a terra está cada vez mais secular, e, portanto é preciso de uma ênfase na clareza do evangelho. Ser rotulado como cristão, não significa que o indivíduo possa ser meramente classificado como 'cristão social', significa que ele é uma pessoa transformada pelo poder do evangelho. Esta diferenciação teológica é vital na maneira como os cristãos são vistos, e de como eles devem se ver aqui na terra.

          Compreender essas mudanças é necessário, em parte, porque se vive em uma época de indignação. As pessoas da terra ficam irritadas com as coisas das quais não gostam. Isso chama o cristão à clareza do evangelho, à clareza de sua identidade missionária, pois ao ser visto como estranho e residente temporário, ele terá condições de mostrar e compartilhar mais facilmente o amor de Jesus da forma que deve ser feito.   Houve um tempo em que o cristianismo foi percebido de forma incorreta, ou seja,  como uma maioria religiosa. Hoje ele é simplesmente uma minoria convicta. Isso é fundamental, porque quando se é uma minoria de convicção, a pessoa não se encaixa na corrente principal da cultura. Estatisticamente o cristão pertence a uma minoria de pessoas que pensa diferente no meio da cultura dominante. Ele não anda por aí pensando ser a maioria e gritando a todos: você vai fazer o que eu digo você vai aceitar todos os meus padrões. Por outro ângulo, ainda é possível encontrar muitos cristãos pensando que a família de Cristo é formada pelas pessoas que nasceram em seu país, pelos seus conterrâneos, e consideram como intrusos os vindos de outros lugares se esquecendo de que na realidade, eles é que são os intrusos, os estranhos e estrangeiros.  

Ao se pensar como uma minoria de convicção é menor o poder de engajamento na cultura do com "Você me deve", e maior na "Como eu posso engajar você na cultura em que estamos através da missão em que estamos?" Ao se olhar como uma minoria de convicção será possível entender que estatisticamente a cristandade morreu, mas o cristianismo se fortalece a cada dia pelo poder da graça de Deus. Será possível entender que nenhuma nação, nenhuma terra pode ser considerada como sendo o novo Israel de Deus. A igreja de Cristo é o novo Israel, e, portanto os novos israelitas são os membros da Igreja, são os cidadãos do céu. Na terra, sempre serão exilados, peregrinos e forasteiros. A Igreja de Cristo é o Israel no exílio. Os cristãos podem e devem plantar jardins, pomares, florescer, crescer, multiplicar, mas tendo sempre na mente de que para eles, todas as nações são a BABILÔNIA.


Fabio S. de Faria
[Adaptação do artigo de Ed Stetzer publicado na revista Christianity Today em 01 de maio de 2018].
 

       


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