[Como encorajar uma experiência mais profunda nas Escrituras]
POR JR Briggs
Um homem mais idoso do que eu se mudou recentemente para a casa vizinha.
Ele carregava uma caixa grande, quando lhe dei as boas vindas. Depois de uma rápida
conversa, gesticulei em direção à caixa e lhe perguntei: "O que é
isso?" Ele respondeu: "É uma caixa de velhas Bíblias."
Meu novo vizinho disse que havia se aposentado recentemente, e resolveu
se mudar para uma casa menor que estivesse de acordo com suas necessidades, e explicou
que aquelas Bíblias estiveram em sua família por algumas gerações. Também explicou
que não era religioso, e no passado, só havia frequentado a igreja antes de servir
no Vietnã.
Sabendo ser eu um pastor, achou que talvez eu quisesse as Bíblias. Foi
um gesto gentil.
"Você não as quer?" Perguntei. “Que tal seus filhos”? Será que
eles não querem mantê-las na família?
"Não", disse ele. “Minha esposa faleceu. Meus filhos não estão
interessados nelas. Eles não leem a Bíblia, e nem eu, mas se eu jogá-las fora, Deus pode me castigar, ou algo
assim”. Eu quase ri, mas percebi que ele não estava
brincando. Ele honestamente achava que Deus iria puni-lo se jogasse fora as
Bíblias. Então resolvi ficar com as Bíblias.
Esta conversa é um exemplo extremo da relação contraditória de muitas
pessoas com a Bíblia: elas acreditam que há algo de especial, e que ela seja o
Bom Livro, mas raramente, ou nunca, realmente o leem.
Embora a propriedade e as vendas da Bíblia permaneçam fortes, a leitura e
o engajamento caíram significativamente. De acordo com o Instituto para a Leitura
da Bíblia, a família média na América do Norte possui quatro Bíblias e a
família cristã média tem 11 Bíblias. No entanto, todos os dias, 700 pessoas param
de ler a Bíblia para sempre.
Como pastores, o que devemos fazer com pessoas que possuem mais Bíblias
do que nunca, mas têm pouco interesse em lê-las?
Além disso, como podemos mover as pessoas
para além da leitura bíblica automática e rotineira e das práticas de envolvimento
profundo das Escrituras?
Além da leitura
Quão importante é o compromisso das Escrituras? Greg Hawkins e Cally
Parkinson, em seu livro Move , compartilham suas descobertas de pesquisar o
crescimento espiritual em 1.000 igrejas.
Essa foi a conclusão deles: Nada tem um impacto maior no crescimento
espiritual do que a reflexão sobre as Escrituras. Se as igrejas tivessem que
fazer apenas uma coisa para ajudar as pessoas em todos os níveis de maturidade
espiritual a crescer em seu relacionamento com Cristo, sua escolha é clara.
Eles inspirariam, encorajariam e equipariam seu povo para ler a Bíblia -
especificamente, para refletir sobre as Escrituras em busca de significado em
suas vidas. … O poder da Bíblia para promover o crescimento espiritual é
inigualável, está acima de qualquer outra coisa que tenhamos descoberto. Mas o comprometimento
com as Escrituras significa mais do que simplesmente ler as palavras da Bíblia.
De acordo com Paul Caminiti, diretor sênior de mobilização do Instituto para a
Leitura da Bíblia, o comprometimento com as Escrituras significa imergir na
Bíblia. A Palavra não foi escrita para nos banhar, mas para mergulhar nela. Ele
diz que muitas pessoas são instruídas a apenas “orar e ler sua Bíblia”.
Ingenuamente, esperamos que as pessoas leiam suas Bíblias com sucesso sem
orientação ou direção. O resultado, diz Caminiti, é que as pessoas lêem a
Bíblia em fragmentos, fora de contexto e isoladamente. Caminiti sugere que a
melhor maneira de reverter esse comprometimento superficial é ensinar as
pessoas a ler as Escrituras em partes maiores, dentro de seu contexto original,
juntos na comunidade.
Phil Collins, professor de Ministérios de Educação Cristã da
Universidade de Taylor, descreve o comprometimento nas Escrituras como um
processo de marinar e refletir sobre as Escrituras de uma maneira que leva a
encontros transformadores com Deus. “Não é por informação ou culpa ou orgulho”,
diz ele, “mas para conhecer e conhecer a Deus. É relacional”. Collins diz que
esse tipo de envolvimento nos leva a nos deleitar em Deus e em seus caminhos
(Salmo 119).
Como se pode facilitar este tipo de comprometimento
mais profundo?
Primeiro: precisamos ajudar as pessoas a se concentrarem menos no
quê e mais em quem. O estudioso do Novo Testamento, Scot McKnight, ensina que o
objetivo de ler a Bíblia não é conhecer a Bíblia; é conhecer o Deus da Bíblia.
Devemos ter o fim adequado à vista: não simplesmente obter mais informação, mas
um relacionamento mais profundo com Deus.
Segundo: devemos ler a Bíblia nos termos da Bíblia, e não nos
nossos. Nós não estamos acima das Escrituras e não as interpretamos. Em vez
disso, nos colocamos sob as Escrituras e permitimos que ela nos dê a
interpretação. A Bíblia tem autoridade sobre nossas vidas, não o contrário.
Terceiro: devemos ajudar as pessoas a ver o livro como uma
compilação narrativa e não como um manual de referência para a vida. É uma
história da qual participamos. Glenn Paauw, autor de “Salvando a Bíblia de Nós”,
diz que mesmo quando as pessoas têm acesso a uma Bíblia bem traduzida, elas não
necessariamente a entende bem. Lanche em pequenos pedaços da Escritura não é o
que Deus pretendia. Se as pessoas o veem simplesmente como um manual de
referência espiritual, diz Paauw, isso nunca as inspirará a se envolver com
alegria, excitação e antecipação. Mas se ajudarmos as pessoas a ver a Bíblia
como uma grande história na qual Deus nos convida a participar, ela pode
inspirar e transformar.
Certa manhã de outono, alguns anos atrás, ao olhar pela janela da sala notei a mudança de cores da árvore do vizinho.
"Olhe!" Eu disse ao meu filho de cinco anos, colocando meu
dedo vidraça e apontando para a árvore resplandecente.
Ele olhou, e lentamente se virou para mim com uma sobrancelha levantada.
"O que, papai?"
“Você não vê isso”? É lindo, não é?
Ele seguiu meu dedo novamente e depois olhou de novo para mim, sem
expressão.
Insistente, eu continuei: "Você não acha que a árvore é linda com todas
aquelas folhas coloridas?"
"Qual árvore?"
Percebi que meu filho achava que eu estava me referindo à pequena mancha
de sujeira situada na janela, bem perto de onde meu dedo apoiava. Ele estava
olhando para a janela, não através dela.
Muitas pessoas adotam essa abordagem para ler a Bíblia. Eles se
concentram na Bíblia e não no que a Bíblia revela. Ajude as pessoas a ler a
Bíblia de uma maneira que lhes permita ver o mundo todo de maneira diferente. Se ajudarmos as pessoas a verem a Bíblia como uma grande história na qual Deus nos convida a participar, ela pode inspirar e transformar.
Sete Práticas para incentivar
o comprometimento nas Escrituras
Então, o que podemos fazer para incentivar as pessoas de nossas igrejas
a se envolver nas Escrituras? Aqui estão algumas práticas a ser tentadas.
1. Escreva as Escrituras à mão.
Peça às pessoas que escrevam capítulos inteiros ou mesmo livros da
Bíblia. Isso pode ser trabalhoso, mas nos dá um tempo maior a fim de saborear
cada palavra. Eu me envolvi nesse tipo processo escrevendo lentamente o livro
de Mateus. Assim fui forçado a me concentrar em cada palavra e frase,
permitindo-me então descobrir novos insights. Por só se conseguir escrever apenas
alguns versos de uma só vez, somos impedidos de "ler" com rapidez, ou
de ler somente a passagem, ou seja, em vez de passear de esqui aquático na superfície,
mergulhamos no texto.
2. Faça perguntas - mesmo as mais difíceis.
Leia uma passagem e peça às pessoas que escrevam de 10 a 15 perguntas
sobre a passagem em um pedaço de papel. Por que a mulher perguntou isso de
Jesus? O que estava passando pela mente de Abraão quando subia a montanha para
sacrificar Isaque? Permita que as pessoas interajam com o texto lutando corajosamente
com perguntas difíceis.
3. Coloque-se na história.
Leia uma passagem narrativa das Escrituras com um grupo de pessoas. Em
seguida, divida a sala em grupos e atribua às pessoas diferentes personagens na
história que você acabou de ler. Peça-lhes que se imaginem na história como se
estivesse acontecendo. Em seguida, leia a história novamente e peça-lhes que
respondam às perguntas: “Se você fosse essa pessoa em particular, o que
sentiria, pensaria ou consideraria fazer?” “O que você gostaria que Deus
fizesse por você nessa situação?”
4. Praticar Lectio Divina
Lectio Divina - “leitura sagrada” - é uma maneira de ler em oração uma
passagem da Escritura, lenta e repetidamente, convidando o Espírito Santo a
revelar a verdade para nós através de quatro movimentos: ler, ponderar/
meditar, orar e viver. Enquanto isso é praticado na maioria das vezes
individualmente, pode ser tão poderoso e proveitoso para a igreja inteira.
5. Leia a Bíblia em comunidade e faça cinco perguntas simples.
Reúna um grupo de pessoas e peça a alguém que leia um grande pedaço das
Escrituras. Em seguida, siga com perguntas para interação. Durante anos, nossa
igreja deu às pessoas essas cinco perguntas para incentivar interações mais
profundas com o texto.
- O que está acontecendo na história/passagem?
- O que me excita, inspira ou me encoraja nesta passagem?
- Que desafios, sacode, confundem ou até me ofende nesta passagem?
- O que isso nos diz sobre a essência de Deus ou a natureza de Jesus?
- O que faremos com o que acabamos de ouvir/aprender nos próximos sete
dias?
6. Memorize as histórias da Bíblia juntas.
Muitos de nós crescemos memorizando versos, mas quando foi a última vez
que você memorizou uma história bíblica inteira? Histórias nos agarram, nos
moldam, nos faz mover e nos inspiram. Reúna-se com um grupo de pessoas e
memorize a Parábola do Filho Pródigo ou a história de Jesus curando Bartimeu, e
depois revise a história um para o outro.
7. Utilize arte e escritura.
Através dos séculos, artistas pintaram belas versões de relatos
bíblicos. Rembrandt e O Retorno do Filho Pródigo, A Incredulidade de São Tomás
de Caravaggio, e Os Discípulos de Pedro e João, de Eugene Burnand, Correndo
para o Sepulcro, na Manhã da Ressurreição, são ótimos lugares para começar. Você
também pode dispor de materiais de arte (lápis de cor, marcadores, papel,
tintas, telas, barro), ler uma passagem em voz alta e pedir às pessoas que
desenhem ou esculpem a história. Depois, convide as pessoas a compartilhar suas
criações com outras pessoas para estimular a conversa sobre a passagem.
Existem inúmeras maneiras de convidar as pessoas a juntas se envolverem
com as Escrituras. Como pastores, podemos modelar esse amor, deleite e paixão
pelas Escrituras, mostrando aos outros como nosso próprio relacionamento com
Cristo é aprofundado pelo nosso compromisso com a Bíblia e convidando outras
pessoas a participar do processo conosco.
JR Briggs é o fundador das Parcerias Kairos.
Ele serviu por 10 anos como pastor da
Comunidade Renew na área da grande Filadélfia.
PUBLICADO EM: Christianity Today em 20 de julho de 2018
https://www.christianitytoday.com/pastors/2018/spring-when-church-gets-sidelined/7-ideas-for-improving-bible-engagement-in-your-church.html?utm_source=ctweekly-html&utm_medium=Newsletter&utm_term=11338976&utm_content=595488806&utm_campaign=email
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