[O
Sr ORMELINDO caminhava tranquilamente por certa calçada, e só se lembrou do
buraco que havia em seu sapato, quando inadvertidamente pisou em um cigarro
aceso jogado ao chão. A brasa do cigarro em contato com a meia de nylon
formou uma “goma pegajosa abrasante” causando-lhe uma queimadura bem dolorida,
pois, devido sua tendência à obesidade encontrou dificuldades para executar o
ato de abaixar, descalçar o sapato e, consequentemente se livrar da meia que
grudara em sua pele. Este incidente fez com que o Sr ORMELINDO tomasse uma
decisão radical em relação ao seu vestuário futuro: “DECIDIU QUE A PARTIR
DAQUELE MOMENTO JAMAIS IRIA CALÇAR MEIAS”].
<< A decisão do Sr ORMELINDO em relação
ao “buraco do sapato” é análoga à ação adotada pelo “CRISTIANISMO
INSTITUCIONAL" no que se refere ao ensino, e ao próprio combate ao pecado,
pois na maioria das vezes, elege-se como prioridade solucionar as consequências
desprezando por completo a busca e eliminação das causas." >>
Diversas instituições cristãs, tanto as
católicas quanto as evangélicas, simplesmente estão direcionando seus membros
a olhar para as árvores sem considerar que elas sejam partes integrantes e
formadoras da floresta, pois, a ênfase de seus ensinos está na priorização do
abandono da prática de atos pecaminosos externos individuais, pautando o pecado
como uma questão de ética e de moral e não como rebeldia contra Deus.
O “padrão” atual ensina que o BOM CRISTÃO é
aquele que cuida bem de sua família, é o que obedece aos superiores, é o que
não tem vícios (aliás, beber e fumar parecem ser os pecados mais graves
existentes), é o que lê a Bíblia todos os dias. o que recita de cor vários
versículos, é o que paga os impostos em dia, é o que não tem seu nome
cadastrado nos órgãos de proteção ao crédito, é o que paga ou devolve
religiosamente o dizimo, é o que se faz presente em todas as atividades da
igreja, é o que coopera com alimentos para a cesta básica do necessitado, é o
que não adultera, é o que não mantém relações sexuais antes do casamento, é o
que não furta e nem mata, é o que não profere palavras torpes etc.
Todas as
atitudes citadas, sem exceção, são maravilhosas, dignas de elogio e devem ser
incentivada, e praticada por todos, porém, são comportamentos independentes da
graça de Deus. Inclusive, muitas dessas atitudes descritas se constituem em
regra de praxe de instituições não cristãs. Portanto, praticá-las não significa
combater o pecado, não significa testemunhar Cristo como Senhor de nossas
vidas; e consequentemente, não significa proclamar a “boa nova” de que na cruz,
Cristo (Deus encarnado) nos libertou do poder exercido pelo pecado.
Na atualidade, o cristianismo está dominado
por uma visão triunfalista, e essa visão induz a uma pregação antropocêntrica
que na essência produz motivações facilitadoras à conservação do pecado, pois
são pregações que ensina e incentiva as pessoas serem individualistas,
preocupadas somente com a resolução de seus problemas, ou com o realizar dos
próprios desejos.
Como exemplo desta visão, pode-se destacar:
1 - as “reuniões de oração”, onde a maioria
dos pedidos é centrada em particularidades, em individualidades;
2 - as “campanhas das sete semanas e suas
variantes” (cada igreja procura uma forma mais atrativa e bombástica), onde o
propósito é o de obter a vitória pessoal (no casamento, na profissão, nos
negócios etc.);
3 - a musica cuja ênfase é “louvar um deus
individualista” [“faz um milagre em mim”; “Deus cuida de mim”; “hoje o meu
milagre vai chegar”].
A pregação que tem como ponto central o bem
estar do homem, cuja ênfase está no combate às transgressões pessoais e aos
atos pecaminosos individuais, é uma pregação impeditiva para os cristãos
viverem em perfeita comunhão exercendo o papel, que como igreja lhes foi
determinado: "serem anunciantes da chegada do Reino de Deus, ao proclamar
a libertação do poder exercido pelo pecado através do que Cristo realizou na
Cruz, ao testemunhar sua ressurreição dos mortos, e a consequente propiciação
da Vida Eterna aos que crerem nesta obra."
Obs: Este texto faz parte do estudo REFLEXÃO E PARADIGMA"
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