sábado, 26 de março de 2016

O JEJUM QUE AGRADAVA A DEUS!




[Grita a pleno pulmões, não te contenhas, levanta tua voz como trombeta, e faze ver ao meu povo a sua transgressão, à casa de Jacó o seu pecado. É a mim que eles buscam todos os dias, mostram interesse em conhecer os meus caminhos como se fosse uma nação que pratica a justiça, que não abandona o direito estabelecido pelo seu Deus. Pedem-me leis justas, mostram interesse em estar junto de Deus! E perguntam: “por que jejuamos e tu não o vê”? “Mortificamo-nos e tu não toma conhecimento disso”? A razão está em que jejuais para entregar-vos a contenda e rixas, para ferirdes com punho perverso. Não continueis a jejuar como a gora, se quereis que a vossa voz seja ouvida nas alturas! Por acaso é este o jejum que escolhi, o dia em que o homem se mortifique? Por acaso a esse inclinar de cabeça como um junco, a esse fazer a cama sobre pano de saco e cinza, acaso é a isso que chamas jejum e dia agradável a Iahweh? Por acaso não consiste nisto o que escolhi: em romper os grilhões da iniquidade, em soltar as ataduras do jugo, e por em liberdade os oprimidos e despedaçar todo o jugo? Não consiste em repartir o teu pão com o faminto, em recolheres em tua casa os pobres desabrigados, em vestires aquele que vês nu, e em não te esconderes daquele que é tua carne?
Se fizeres isto, a tua luz romperá como a aurora, a cura das tuas feridas se operará rapidamente, a tua justiça irá à tua frente, e a glória de Iahweh irá à tua retaguarda. Então clamarás e Iahweh responderá, clamarás por socorro e Ele dirá: “Eis-me aqui!” Isto, se afastares do meio de ti o jugo, o gesto ameaçador e a linguagem iníqua; se tu te privares para o faminto, e se tu saciares o oprimido, tua luz brilharás nas trevas, a escuridão será para ti como a claridade do meio dia.]

O texto acima é um trecho (versos 1 a 10) do capítulo 58 de Isaías, que muitos estudiosos consideram ser um oráculo pós exílico, oráculo este que reclama da não interiorização das práticas religiosas segundo o espírito dos grandes profetas, conforme: a) Isaías 1:10-20 
[ Ouvi a palavra de Iahweh, chefe de Sodoma, prestai atenção à instrução do nosso Deus, povo de Gomorra! Que me importam os vossos inúmeros sacrifícios, diz Iahweh. Estou farto de holocaustos de carneiros e da gordura de bezerros cevados; no sangue de touros, de cordeiros e de bodes, não tenho prazer Quando vindes à minha presença, quem vos pediu que pisásseis meus átrios? Basta de trazer-me oferendas vãs; elas são para mim incenso abominável. Lua nova, sábado e assembléia, não posso suportar falsidade e solenidade! Vossas luas novas e vossas festas, minha alma as detesta; elas são para mim um fardo; estou cansado de carregá-lo! Quando estendeis vossas mãos, desvio de vós meus olhos; ainda que multipliqueis a oração não vos ouvireis. Vossas mãos estão cheias de sangue; lavai-vos e purificai-vos! Tirai da minha vista vossas más ações! Cessai de praticar o mal, aprendei a fazer o bem! Buscai o direito, corrigi o opressor! Fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva! 
Então, sim, poderemos discutir. Diz Iahweh: ainda que vossos pecados sejam como escarlate,tornar-se-ão alvos como a neve; ainda que sejam vermelhos como carmesim, tornar-se-ão como a lã. Se quiserdes obedecer, comereis o fruto precioso da terra, mas se vos recusardes e vos rebelardes, sereis devorados pela espada. 
Eis o que a boca de Iahweh falou!] 
b) Amós 5:21-27:
 [Eu odeio, eu desprezo as vossas festas e não gosto de vossas reuniões. Porque, se me ofereceis holocaustos..., não me agradam as vossas oferendas, e não olho para o sacrifício de vossos animais cevados. Afasta de mim o ruído de teus cantos, eu não posso ouvir o som de tuas harpas! Que o direito corra como a água e a justiça como um rio caudaloso! 
Por acaso ofereceste-me sacrifícios e oferendas no deserto, durante quarenta anos, ó casa de Israel? Suportarei Sacut, vosso rei, e a estrela de vosso deus, Caivã, imagens que fabricastes para vós?
Eu vos deportarei para além de Damasco (Assíria), disse Iahweh - Deus dos Exércitos é o seu nome.]

O JEJUM!
 Pela Torá, a Lei de Moisés, o JEJUM só era prescrito para a festa da Expiação [Iahweh falou a Moisés e disse: "Mas o décimo dia do sétimo mês é o dia das Expiações. Tereis santa assembléia. JEJUAREIS e apresentareis oferenda queimada a Iahweh. Nesse dia não fareis trabalho algum, pois é o dia das Expiações, quando se fará por vós o rito de expiação diante de Iahweh vosso Deus. E toda pessoa que não jejuar nesse dia será eliminada de seu povo; e toda pessoa que fizer algum trabalho nesse dia, eu a exterminarei do meio do seu povo. Nenhum trabalho fareis; é uma lei perpétua para vossos descendentes, onde quer que habiteis. Será para vós um dia de repouso completo. Jejuareis e, à tarde do nono dia do mês, desde essa tarde até a tarde seguinte, cessareis completamente o trabalho."] Mas, em determinadas épocas, multiplicaram-se os dias de jejum, quer para comemorar aniversários de luto (Zc, 7:1-5; e 8:18-19), quer para implorar misericórdia divina (Jr 36: 6-9).
A exortação contida nos oráculos destes profetas [Isaías, Amós e Zacarias] era uma forma de lutar contra o ritualismo ao qual não corresponde um sentimento interior. Também foi com este sentido que Jesus Cristo usou o texto de Isaías 29.13 para exortar os fariseus, quando estes invalidavam a Palavra de Deus ao considerarem mais importante suas tradições:
Mateus 15.8,9: 
"Este povo me honra com os lábios , mas o coração está longe de mim. em vão me prestam cultos, pois o que ensinam são apenas mandamentos humanos."
             Para Deus, o jejum que era feito sem confissão e arrependimento dos pecados, o jejum cuja finalidade era de interesse particular ou para obtenção de favores, o jejum cujo sentimento não fosse fazer o bem, que não buscasse o direito, que não corrigisse o opressor, que não fizesse justiça ao órfão, que não defendesse a causa da viúva, não tinha valor algum. Pelo contrário, era algo abominável e ofensivo. 
             Para Deus, o jejum verdadeiro, o jejum agradável, o único aceitável era quando havia nos jejuantes a disposição de romper os grilhões da iniquidade, o desejo de vestir e calçar o nu, de compartilhar o pão com o faminto, de acolher o desabrigado, e de estar sempre à disposição dos necessitados. 

A PERGUNTA REFLEXIVA:  

           "SERÁ QUE NOS DIAS ATUAIS, DEUS MUDOU SUA FORMA DE PENSAR"?
             
                                      FABIO S. FARIA 



                                  




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