sábado, 20 de dezembro de 2014

APOCALIPSE: SUGESTÕES INTERPRETATIVAS - PARTE 4!



                  <<<<NÃO HÁ NESTE ESTUDO QUALQUER PRETENSÃO DE SOLUCIONAR EM TODOS OS NÍVEIS AS DIFICULDADES EXISTENTES NA INTERPRETAÇÃO DESTE LIVRO.                        
O OBJETIVO É APENAS O DE APRESENTAR ALGUMAS SUGESTÕES HERMENÊUTICAS E EXEGÉTICAS CONSTANTES NO LIVRO ''ENTENDES O QUE LÊS?" PUBLICADO PELA EDITORA VIDA NOVA, DE AUTORIA DOS PROFESSORES GORDON D. FEE E DOUGLAS STUART. >>>>

QUARTA PARTE
                                                           O CONTEXTO LITERÁRIO!
  
                         Para  entender qualquer das visões específicas no Apocalipse, é especialmente importante não somente compreender a situação histórica e o significado das figuras [as questões do conteúdo] como também perguntar:
"Como esta visão específica funciona no livro como um TODO? "

Neste aspecto, o Apocalipse é bem mais semelhante às Epístolas do que aos Profetas, pois estes últimos são oráculos individuais, nem sempre com um propósito funcional claro com relação uns aos outros.  Já nas Epístolas, o foco é "pensar por parágrafos", porque cada parágrafo se constitui em um bloco que irá edificar o argumento inteiro, e assim também acontece no livro do Apocalipse. O livro é uma totalidade global, com estrutura criativa, onde cada visão faz parte integrante da totalidade.
Visto que o Apocalipse é o único livro do seu tipo no Novo Testamento, se torna importante que o interpretemos seguindo por sua totalidade, ao invés de simplesmente seguir um ou outro modelo. Deve se notar, naturalmente, que a estrutura básica fica clara e não é assunto de debate; enquanto isto as diferenças irão entrar na maneira de as pessoas interpretarem a estrutura. 
O livro desdobra-se como um grande drama, onde as primeiras cenas são responsáveis por preparar o palco, além de definir o elenco de personagens, e as cenas posteriores precisam das primeiras para podermos seguir o enredo.
                  Os capítulos 1 a 3 preparam o palco, e também nos apresentam a maioria dos "personagens". 
O primeiro personagem apresentado é o próprio João (1.1-11), e ele a cada passo será o narrador dos acontecimentos. [foi exilado pela sua fé em Cristo, e tinha o dom profético para ver que a presente perseguição era apenas uma precursora daquilo que haveria de acontecer.]
O segundo personagem é Cristo (1.12-20) a quem João descreve em figuras magníficas derivadas principalmente de Daniel capítulo 10 [ é descreve como Senhor da história e Senhor da igreja, ou seja, Deus não perdeu o controle, a despeito da presente perseguição, pois é Cristo quem segura as chaves da morte e do Hades]. 
O terceiro personagem é a igreja (2.1 a 3.22). Em cartas para sete igrejas reais, porém também representativas, João encoraja e adverte a igreja. Há uma necessidade do entendimento da perseguição atual, mas sempre tendo em mente haver uma promessa que ela irá continuar no futuro. Também, há muitas desordens internas ameaçando o bem estar destas igreja. Por isso, para aqueles que vencem, há as promessas da glória final.
Os capítulos 4 e 5 também auxiliam na preparação do palco. No quatro, por intermédio de visões empolgantes, acompanhadas por adoração e louvor a igreja é informada de que Deus em majestade soberana. Já no cinco, João relembra aos cristãos que porventura tenham dúvidas sobre a presença de Deus agindo em prol deles, que o "Leão" é um "Cordeiro", e esse "Cordeiro" redimiu a humanidade através de sofrimento.
Os capítulos 6 e 7 iniciam o desdobrar do próprio drama. Por três vezes no livro, as visões são apresentadas em conjuntos de sete, e nestes conjuntos, se nota estruturas preparadas cuidadosamente (capítulos 6- 7; 8-11; 15-16). Em cada caso, os quatro primeiros itens são colocados juntos formando um só quadro; em 6 - 7 e 8 -11, os dois itens seguintes também vão juntos para apresentar dois lados de outra realidade, e estes, por sua vez, tem seu curso interrompido por um  interlúdio de duas visões, antes que haja a revelação do sétimo item. 
Nos capítulos 15 e 16, os três finais constituem um único agrupamento sem o interlúdio
Veja como isto funciona no capítulo 7:
- cavaleiro branco = conquista.
2 - cavaleiro vermelho = guerra.
3 - cavaleiro preto = fome.
4 - cavaleiro amarelo = morte.
5 - a pergunta dos mártires: "até quando?".
6 - o terremoto ( o julgamento de Deus): "quem é que pode suster-se?"
                 a. - 144.000 selados
                 b. - uma grande multidão.
7 - a ira de Deus = as sete trombetas dos capítulos 8 - 11.

Os capítulos 8 - 11 revelam o conteúdo do julgamento divino. As 4 primeiras trombetas indicam que parte deste julgamento envolverá grandes desordens na natureza, enquanto, a quinta e sexta trombeta indicam que o julgamento também virá das hordas bárbaras e de uma grande guerra. Após o interlúdio, exprimindo o enaltecimento que Deus faz das suas "testemunhas", ainda que morram, a sétima trombeta soa a conclusão: "O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos".
Desta maneira, os cristãos foram levados através do sofrimento da igreja e do julgamento divino contra seus inimigos, para o triunfo final de Deus.
As visões, no entanto, não se acabaram, e nos capítulos 8 - 11, recebemos o quadro global, já nos capítulos 12 - 22, há um oferecimento dos pormenores daquele julgamento e triunfo. 
O que aconteceu é um pouco similar a visão que temos ao olhar para a obra de Miguel Ângelo na Capela Sistina: "no início ficamos muito impressionados diante da vista da capela inteira, e somente mais tarde, ao inspecionar com cuidado os detalhes individuais é que poderemos notar quanta magnificência entrou em cada pormenor".

O capítulo 12 é a chave teológica do livro. Em duas visões, nos é informado acerca da tentativa de Satanás no sentido é destruir a Cristo, e da derrota que lhe é impingida nesta tentativa. Desta forma, dentro do arcabouço neo testamentário recorrente do Já/Ainda Não, Satanás é revelado como sendo um inimigo derrotado -"Já"-, cuja derrota final "Ainda Não" chegou. Portanto, há regozijo porque "agora veio a salvação" (12.10), mas ainda há "ais" para a igreja porque Satanás sabe que seu tempo está limitado e está tirando vingança contra o povo de Deus. 

Os capítulos 13 - 14 vão, então, mostrar como, para a igreja de João, aquela vingança tomou a forma do Império Romano com seus imperadores e suas exigências de obterem homenagem religiosa. Porém, assim como o Império, também seus imperadores estavam condenados. [capítulos 15 - 16]. 
O livro termina como uma "história de duas cidades" [capítulos 17 - 22]. A cidade terrestre (Roma) está condenada por sua participação na perseguição do povo de Deus, e após ela, a cidade de Deus virá do céu, e então, o povo perseguido habitará eternamente. 

OBS- Dentro desta estrutura global, várias visões apresentam consideráveis dificuldades, não só quanto ao significado do seu conteúdo como também à sua função no contexto. Para estas questões, sempre é preciso que se faça uma consulta a bons "livros" - comentários bíblicos - .   

                                    
                         FIM DA QUARTA PARTE!


PARTE 1 - A NATUREZA DO APOCALIPSE 
PARTE 3 - O CONTEXTO HISTÓRICO
APOCALIPSE: SUGESTÕES INTERPRETATIVAS - PARTE 3!
PARTE 5 - AS QUESTÕES HERMENÊUTICAS!

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Fonte bibliográfica: Livro Entendes o que Lês?, publicação da editora 
"Vida Nova": Edição de 1997 reimprimido em 2008.
Autores: Gordon D. Fee & Douglas Stuart com apêndice por Ênio R. Mueller.
Adaptação de Fabio S. Faria, das páginas 217 a 232.  







2 comentários:

  1. Deus te ilumine cada vez mais nas interpretações corretas da bíblia.
    Muito boa sua exegese do apocalipse.
    Paz e bem!

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