A REFORMA INICIADA POR LUTERO, ZUÍNGLIO, E CALVINO NÃO FOI EXCEÇÃO. TALVEZ NO DESEJO DE PRESERVAR A VISÃO DESTES HOMENS, SEUS SUCESSORES NO PERÍODO QUE SE SEGUIU, ACHARAM POR BEM PROMOVER DE FORMA EXCESSIVA O CRESCIMENTO DE UMA ABORDAGEM ESCOLÁSTICA.""É QUASE NORMAL QUE NA HISTÓRIA, PERÍODOS DE GRANDE CRIATIVIDADE SEJAM SUCEDIDOS POR UM TEMPO DE PARALISAÇÃO DO PENSAMENTO.
Entre os seguidores de Calvino, a grande preocupação foi com a questão do método, ou seja, com a ordenação sistemática e a dedução coerente das idéias. Os teólogos sucessores de Calvino foram levados à uma posição em que tinham de defender suas idéias frente a opositores tanto luteranos quanto católicos.
A filosofia de Aristóteles que havia sido encarada com certa reserva por Calvino, se constituiu em grande aliada. Vários de seus seguidores recorreram aos ensinos filosóficos de Aristóteles, na esperança de que estudos sobre MÉTODO, desenvolvidos por ele oferecessem alguma ideia onde a teologia calvinista tivesse a condição de se apoiar sobre um alicerce racional mais sólido.
Esta nova abordagem teológica teve como resultado quatro características distintas:
1- A razão recebeu um papel no estudo e na defesa da teologia cristã.
2- A teologia passou a ter como ponto de partida seus primeiros princípios, e prosseguia na dedução de suas doutrinas, fundamentando nesses princípios.
3- A teologia foi entendida como algo que se baseava na filosofia aristotélica, e particularmente nas perspectivas de Aristóteles em relação à natureza do MÉTODO, e isto levou vários autores reformados posteriores a serem vistos, melhor na posição de teólogos estudiosos da filosofia do que da Bíblia.
4- A teologia voltou-se para as questões metafísicas especulativas, de forma especial para as relativas à natureza de Deus, à sua vontade, tanto para humanidade quanto para a criação, e sobretudo para a doutrina da Predestinação.
Essas características fizeram com que o ponto de partida da teologia passasse a ser os "princípios gerais", e não um acontecimento histórico específico. Enquanto para Calvino, a teologia se concentrava e se derivava de um só evento - JESUS CRISTO - tal como está registrado nas Escrituras, para seus seguidores posteriores, os princípios gerais ocuparam a posição central.
Foi nesta época, onde a preocupação com as questões metodológicas atingiu altos níveis, que surgiu um notável escritor chamado Teodoro de Beza.
Beza além de se tornar genro de Calvino, também o sucedeu na direção da academia de Genebra.
Os estudiosos interpretam seu trabalho de maneiras diversas, ou seja, enquanto uns opinam que ele causou a distorção e o enrijecimento da teologia calvinista, outros entendem que ele contribuiu para a explicitação e aperfeiçoamento do pensamento de Calvino.
De 1570 a 1582 Beza escreveu os três volumes de sua obra mais importante:TRATADOS TEOLÓGICOS.
Nesta obra apresentou uma descrição racionalmente coerente dos principais elementos da teologia reformada mediante o uso da lógica aristotélica.
De 1570 a 1582 Beza escreveu os três volumes de sua obra mais importante:TRATADOS TEOLÓGICOS.
Nesta obra apresentou uma descrição racionalmente coerente dos principais elementos da teologia reformada mediante o uso da lógica aristotélica.
Ao contrário de Calvino, que se concentrava em um fato histórico específico:JESUS CRISTO, para depois prosseguir na investigação de suas implicações, ou seja, uma abordagem ANALÍTICA E INDUTIVA, Beza partiu de princípios gerais e prosseguiu na dedução de suas consequências para a teologia cristã, ou seja, em uma abordagem SINTÉTICA E DEDUTIVA.
Os princípios gerais que Teodoro de Beza utilizou como ponto de partida para sua sistematização teológica foi os DECRETOS DIVINOS DA ELEIÇÃO, - isto é na decisão de Deus em eleger certas pessoas para a salvação, e outras para a condenação -, fazendo com que sua teologia se dedicasse à investigação das consequências dessa decisão. Assim a doutrina da Predestinação assumiu a posição de um princípio determinante e teve como principal consequência a "doutrina da reconciliação limitada, ou da redenção particular".
O uso dos "decretos divinos da eleição", como base para o sistema teológico fêz surgir nos círculos reformados uma importante controvérsia com respeito à sequencia lógica destes decretos. "Controvérsia que gerou um debate ao qual, alguns teólogos se referem como sendo algo notoriamente pedante, e que se transformou no símbolo do obscurantismo teológico."
O uso dos "decretos divinos da eleição", como base para o sistema teológico fêz surgir nos círculos reformados uma importante controvérsia com respeito à sequencia lógica destes decretos. "Controvérsia que gerou um debate ao qual, alguns teólogos se referem como sendo algo notoriamente pedante, e que se transformou no símbolo do obscurantismo teológico."
O ponto inicial do entendimento desta controvérsia está situado no ensino de Calvino sobre a "doutrina da predestinação". Ele havia situado esta doutrina dentro da soteriologia, como parte da atividade graciosa de Deus, e admitiu tratar-se de uma área difícil, delicada e misteriosa. Já Teodoro de Beza deu a esta doutrina uma ênfase maior, situando-a no escopo da doutrina de Deus, e desta forma se aproximou mais de Zuínglio que de Calvino.
No intuito de proteger a doutrina da predestinação da possibilidade de se tornar um "sinergismo, Beza e alguns teólogos ortodoxos desenvolveram uma posição que considera o decreto da "eleição" anterior ao da "queda", ou seja, a humanidade antes da "queda" é considerada o objeto do "decreto divino da predestinação", e assim a "queda" é vista como meio de levar a cabo o "decreto da eleição". Nesta posição à qual se deu o nome de SUPRALAPSARISMO, a ordem dos decretos é:
1- decreto de predestinar alguns para a salvação; 2- decreto de criar o mundo; 3- decreto de permitir a queda; 4- decreto de prover os meios de salvação; 5- decreto de aplicar a salvação dos eleitos.
Note-se que nesta corrente o decreto da predestinação é o mais fundamental, antecedendo todos os demais, em especial o de permitir a queda. Nela o propósito de Deus é glorificar a si mesmo pela predestinação, e o decreto se aplica aos homens considerando-os como criaturas.
Em oposição, alguns anos depois, outros teólogos do circulo reformado elaboraram outra posição a qual deram o nome de INFRALAPSARISMO, ou seja, o entendimento de que a eleição pressupõe queda da humanidade.
Dessa forma os "decretos da eleição", voltam-se para toda a humanidade como uma "massa de pecados", ou seja, a decisão de Deus predestinar alguns para a eleição e outros para a condenação é uma reação à "queda". Os seres humanos caídos são o objeto desta decisão.
No INFRALAPSARISMO a ordem dos decretos é:
1- criar o mundo e os seres humanos; 2- permitir a queda; 3- predestinar para a perdição ou perdição; 4- prover meios para a salvação; 5- aplicar a salvação aos eleitos.
Nesta corrente o propósito de Deus é glorificar-se pela criação, e o decreto se aplica aos homens considerando-os como pecadores.
Sobre esta controvérsia uma observação e duas perguntas podem ser muito importantes:
Observação- Foi o Supralapsarismo a causa principal da revolta e da rebelião de Armínio, um ex aluno de Teodoro de Beza.
Perguntas:
Observação- Foi o Supralapsarismo a causa principal da revolta e da rebelião de Armínio, um ex aluno de Teodoro de Beza.
Perguntas:
B- Qual seria a posição que Calvino assumiria neste debate?
C - Que tipo de calvinista, seria Calvino no século XXI?
Fabio S Faria em 15 de abril de 2014.
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