sábado, 25 de maio de 2013

A NATUREZA HUMANA EM SEU QUÁDRUPLO ESTADO.






A Natureza Humana em
Seu Quádruplo Estado

Pensamentos sobre a Visão de Agostinho da Vontade

por
Ernest Reisinger 

Em seu famoso livro, A Natureza Humana em Seu Quádruplo Estado, o Puritano Escocês, Thomas Boston (1676-1732) nos informa que os quatro estados da natureza humana são: 

(a) Integridade Primitiva;
 (b) Completa Depravação;
 (c) Recuperação Iniciada;
                  (d) Felicidade ou Miséria Consumada.

 Estes quatro estados, que são derivados das Escrituras, correspondem aos quatro estados do homem em relação ao pecado enumerados por Agostinho de Hipona: (a) capacidade para pecar, capacidade para não pecar (posse peccare, posse non peccare); (b) incapacidade para não pecar (non posse non peccare); (c) capacidade para não pecar (posse non peccare); e (d) incapacidade para pecar (non posse peccare). O primeiro estado corresponde ao estado do homem na inocência, antes da Queda; o segundo estado do homem natural após a Queda; o terceiro estado do homem regenerado; e o quarto do homem glorificado.
Deve ser notado que em todos os quatro estados, o homem é livre para escolher o que fazer ou não de acordo com sua vontade. Sua vontade é livre porque ela não é forçada ou compelida por algo exterior. Todavia, sua vontade é determinada por suas próprias inclinações morais. Isto significa que enquanto o homem glorificado sempre escolherá fazer o bem porque a inclinação do seu coração será sempre a de glorificar a Deus; o homem natural caído sempre fará o que é mal (aos olhos de Deus), porque seus motivos nunca são puros, e jamais glorificam a Deus.
Antes da Queda, o homem era capaz de escolher fazer tanto o bem como o mal, seu coração, e assim sua inclinação e disposição, sendo inocente e não corrompido pelo pecado. Mas o estado de Adão era mutável e quando Satanás tentou Eva, e então através de Eva, o tentou, ele escolheu pecar contra Deus comendo o fruto proibido e assim caindo do estado de inocência.
 - Citado de Pilgrim Covenant Church

Homem Pré-Queda
Homem Pós-Queda
Homem Renascido
Homem Glorificado
capaz de pecar
capaz de pecar
capaz de pecar
capaz de não pecar
capaz de não pecar
incapaz de não pecar
capaz de não pecar
incapaz DE PECAR

Eis aqui algo que o próprio Agostinho disse sobre isto:
 A capacidade original do homem incluía tanto o poder para não pecar como o poder para pecar ( posse non peccare et posse peccare ). No pecado original de Adão, o homem perdeu o posse non peccare (o pode para não pecar) e reteve o posse peccare (o poder para pecar) - o qual ele continua a exercer. Na concretização da graça, o homem terá o posse peccare retirado e receberá o mais alto de todos, o poder para não ser capaz de pecar, non posse peccare.

 Cf. On Correction and Grace XXXIII.
 AGOSTINHO,
 ENCHIRIDION, CAPÍTULO 118: "OS QUATRO ESTÁGIOS DA VIDA CRISTÃ, E OS QUATRO ESTÁGIOS CORRESPONDENTES DA HISTÓRIA DA IGREJA."

Quando, afundado nas escuras profundezas da ignorância, o homem vive de acordo com a carne despreocupado de qualquer luta da razão ou consciência, este é seu primeiro estado. Mais tarde, quando através da lei veio o conhecimento do pecado, e o Espírito de Deus ainda não interpôs Seu auxílio, o homem, aspirando viver de acordo com a lei, é frustrado em seus esforços e cai em pecado consciente, e assim, sendo sujeitado pelo pecado, torna-se seu escravo ("porque daquele por quem o homem é sujeitado, do mesmo ele é trazido em cativeiro" (4)); e dessa forma o efeito produzido pelo conhecimento dos mandamentos é este, que o pecado opera no homem toda maneira de concupiscência, e ele é envolvido na culpa adicional de transgressão deliberada, e isso cumpre o que está escrito: "A lei entrou para que a Ofensa pudesse abundar". (5) Este é o segundo estado do homem. Mas se Deus tem cuidado para com ele, e lhe inspira com fé na ajuda de Deus, e o Espírito de Deus começa a operar nele, então o eficaz poder do amor esforça-se contra o poder da carne; e embora ainda haja na própria natureza do homem um poder que luta contra ele (porque sua enfermidade não é completamente curada), todavia ele vive a vida do justo pela fé, e vive na justiça no que diz respeito à não se render à perversa luxúria, mas conquista-a pelo amor da santidade. Este é o terceiro estado de homem de boa esperança; e aquele que pela constante piedade avança neste curso, alcançará no final a paz, aquela paz que, depois que toda esta vida tiver acabado, será aperfeiçoada no repouso do espírito, e finalmente na ressurreição do corpo. Destes quatro estágios o primeiro é antes da lei, o segundo é sob a lei, o terceiro é sob a graça, e o quarto é em completa e perfeita paz. Assim, também, a história do povo de Deus tem sido ordenada de acordo com Seu agrado de dispor todas as coisas em número, e medida, e peso. (6). Porque a igreja existiu primeiro antes da lei, então sob a lei, que foi dado por Moisés; então sob a graça, que foi primeiramente manifesta na vinda do Mediador. Não, deveras, que esta graça estivesse ausente anteriormente, mas, em harmonia com os arranjos do tempo, ela estava velada e oculta. Porque ninguém, até mesmo os justos homens do passado, poderia encontrar salvação aparte da fé de Cristo; a menos que Ele tivesse feito conhecido a eles poderia seus ministérios ter sido usados para conduzir profecias concernentes a Ele para nós, algumas mais claras, e algumas mais obscuras.
Disto [capítulo 118 do ENCHIRIDION] nós concluímos, novamente com Agostinho, que: 
- os filhos de Deus são movidos por Seu Espírito para fazer tudo o que é para ser feito.  
- eles são trazidos por Ele, de um estado involuntário para serem feitos dispostos.
- desde a queda é devido somente a graça de Deus que o homem aproxima-se dEle. 
- é devido somente esta mesma graça que Deus não retrocede ou retira-Se dele.
- nós sabemos que nenhuma coisa boa que é nossa, pode ser achada em nossa vontade. 
- pela magnitude do primeiro pecado, perdemos a liberdade da vontade para crermos em Deus e vivermos vidas santas. 
- portanto "não depende de quem quer, nem de quem corre" - não porque não devamos querer ou correr, mas porque é Deus que efetua tanto o querer como o efetuar.

Traduzido por: Felipe Sabino de Araujo Neto Cuiabá-MT, 08 de Novembro de 2003.

http://www.monergismo.com/textos/livre_arbitrio/naturezahumana.htm

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terça-feira, 21 de maio de 2013

CONJECTURA E REFLEXÃO!





A REFLEXÃO ALÉM DE NOS EDIFICAR, NOS DÁ A CONDIÇÃO DE EDIFICAR O PRÓXIMO.
COMO SERIA A HISTÓRIA DA HUMANIDADE SE A OPÇÃO DE ADÃO E EVA NÃO HOUVESSE SIDO A ÁRVORE DO CONHECIMENTO DO BEM E DO MAL?”

Primeiramente é importante destacar três pontos, um em cada capítulo:

Capitulo 1: durante a narrativa da criação o autor deixa claro que ao final de cada obra, Deus observava o que havia feito e concluía que o resultado "tinha sido bom" (veros 9, 12, 18, 21 e 25) . São cinco exclamações com a afirmação: “E VIU DEUS QUE ISSO ERA BOM”, porém no versículo 31, a ênfase é bem mais incisiva: “VIU DEUS TUDO QUANTO FIZERA, E EIS QUE ERA MUITO BOM”, e isso se deve ao fato de que ali Deus examinou todo o conjunto da obra.

Capitulo 2: a narrativa da criação mostra dentre outras coisas, a forma e a maneira como Deus delegou ao homem a primeira tarefa: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do ÉDEN para cultivá-lo e o guardar. E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: de toda arvore do jardim comerás livremente, mas da arvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (versos 15, 16 e 17).”

 É interessante observar que mesmo em se tratando de uma ordem, ao homem foi dado o direito de escolha, porém paralelamente havia a advertência sobre a consequência dessa escolha.

Capitulo 3: a ênfase da narração recai sobre a forma e a maneira pela qual o homem definiu sua escolha. Mesmo estando clara a advertência de que a opção pela “arvore do conhecimento do bem e do mal”, traria junto o decreto de sua morte, o homem conscientemente, e de pleno acordo com sua mulher desprezou a advertência, assim como desconsiderou as consequências que iriam advir de sua escolha, e a mais grave destas consequências é descrita nos versículos 17, 18 e 19: “E ao homem disse Deus: visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da arvore sobre a qual eu lhe advertira para que não comesses, maldita é a terra por tua causa. Em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes a terra, pois dela foste formado; porquanto sois pó ao pó retornarás”.

Analisando os três pontos destacados, é possível o entendimento de que:

1- A escolha feita pelo primeiro casal da humanidade causou danos irreparáveis para eles, para a terra da qual haviam sido formados, e para todos os seus descendentes. O maior desses danos é sem sombra de dúvidas, aquele o qual se denominou PECADO (escolha do caminho contrário ao caminho de Deus), pois ele é simplesmente o responsável direto não só pelo desajuste, como também pelo desvio sofrido por todos, e por tudo, que existe na terra. O próprio Deus em Gênesis 8.21, afirma que o dano denominado “PECADO” é algo que se encontra enraizado em todo ser humano: “edificou, pois Noé um altar ao Senhor e, tomando de animais e aves limpos, ofereceu-lhes em holocaustos sobre o altar; e o Senhor respirou o agradável odor e disse consigo: não amaldiçoarei mais a terra por causa dos homens porque os desígnios do coração do homem são maus desde a sua infância; nunca mais destruirei todos os viventes como fiz.”

2- O conteúdo bíblico nos dois primeiros capítulos do livro de Gênesis é explícito na afirmação de que toda a criação de Deus foi elaborada e produzida de uma forma perfeita, então, não há duvidas de que se o primeiro casal houvesse optado por não comer o fruto da árvore do “conhecimento do bem e do mal” teriam o direito de comer da outra árvore que também estava no meio do jardim – A ÁRVORE DA VIDA ETERNA -, seriam perfeitos e assim permaneceriam eternamente, porque eterno é o criador. Ou seja, se a escolha do primeiro casal da humanidade, tivesse respeitado a advertência de Deus, o “PECADO” não teria existência, e este não existindo todos os homens seriam plenamente possuidores somente do fruto do Espírito:

( “mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”, Gálatas 5.22 ).

       Sem a existência do pecado não existiria: prostituição, impureza, lascívia, luxúria, ira, idolatria, feitiçaria, medo, ansiedade, inimizade, porfia, discórdia, inveja, ganância, dissensão, ambição, ciúme, glutonaria etc.

Sem a existência do pecado a terra não produziria cardos e abrolhos. Não haveria doenças ou apodrecimento. Não haveria peste negra, dengue ou gripe suína. Não haveria morte ou qualquer tipo de maldição.

3- Todas as impurezas, malignidades e mazelas que assolam a terra, possuem como causa original a escolha feita pelo primeiro casal de humanos e o motivo pelo qual o esforço para combater as moléstias não tem alcançado resultados satisfatórios, se deve ao fato de concentrar o esforço no combate à consequência, e não discutir ou conhecer melhor a causa primaria.

         Quanto mais se refletir sobre a conjectura da “outra” opção de Adão, e quanto mais analisar os fatos sob a ótica do mal causado pela queda do homem no jardim do Éden, mais nítido se torna a dimensão da causa primária, a dimensão do PECADO. E, quanto mais nítida for esta dimensão, mais nítido será o entendimento da necessidade do estudo da Bíblia, e quanto mais se examinar a Bíblia, mais facilmente se constatará que de acordo com seus ensinos, [especialmente os contidos no Novo Testamento] a responsabilidade pelas mudanças de atitude e de comportamento das pessoas em relação às manifestações do mal [Pecado] em qualquer segmento ou setor, se encontra sob a égide da Igreja de Cristo, pois ela se constitui na única instituição a possuir não só os meios corretos, mas, também as ferramentas adequadas para promover essa mudança.

          Por essa constatação, não é difícil vislumbrar que se os cristãos realmente assumissem as responsabilidades que o “status” de cidadão do Reino de Deus lhes confere, iriam plenamente entender que a confissão de amor e submissão a Jesus Cristo como único SENHOR E SALVADOR, só será válida se a mesma for referendada por um desejo natural e espontâneo de viver uma vida, em que cada atitude venha  demonstrar alegria e amor em servir outros seres humanos. Atitudes firmes, constantes, que venham formar e sedimentar um “padrão de comportamento” (paradigma), alicerçado exclusivamente nos princípios imutáveis, universais, e irrevogáveis do padrão de Deus, como estes exemplificados pela Bíblia:

  “Se alguém disser: amo a Deus, e odiar a seu irmão é mentiroso, pois aquele que não ama a seu irmão a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê.” (1 João 4.20)   “Porque a mensagem que ouvistes desde o principio é esta: que nos amemos uns aos outros” (1 João 3.11).“Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino, e vos sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si. Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e nós devemos dar nossa vida pelos irmãos. Sendo assim aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.” (1 João 3. 14 a 18).

   “Ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelo que vos perseguem, para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre os maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não faz os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não faz os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” (Mateus 5. 43 a 48). “Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei o bem ao que vos odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai pelo que vos caluniam. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que tirar a tua capa, deixa-o levar também a túnica. Dá a todo que te pede; e, se alguém levar o que é teu, não entres em demanda. Da forma como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles” (Lucas 6.27 a 31). 

     Diante do exposto, algumas conclusões interessantes são mostradas:

1- A responsabilidade pelo ensino, tanto da preservação do meio ambiente, quanto da educação sanitária, como meios de combate a varias epidemias cabe principalmente à Igreja de Cristo, pois, antes destas moléstias serem um problema causado pela falta de ética, de cultura, e de moral são primeiramente consequências da escolha do homem no jardim do Éden.

2- Devastação, degradação, destruição, falta de cuidados para com o meio ambiente, significa falta de amor ao próximo e desprezo á criação de Deus, ou seja, o atestado do estado permanente de rebeldia.

3 – Quanto mais os cristãos do século 21 refletirem sobre os paradigmas estabelecidos na encarnação, crucificação e ressurreição de Jesus, verão que na atualidade estão respeitando e seguindo um “modelo doutrinário” não condizente com os ensinamentos bíblicos, ou com a doutrina cristã instituída pelos apóstolos. Se refletirem um pouco mais sobre a historia do cristianismo entenderão que a doutrina atual é formada por uma verdadeira miscelânea de ideias, sendo predominantes as que se originaram com o  "deísmo iluminista” dos séculos 17 e 18, e as que são geradas pelo misticismo religioso aliado à crenças populares e culturais.

 4- Para que o cristianismo possa voltar ao seu caminho natural, é necessário que alguns dos paradigmas atuais sejam quebrados, e que haja uma reflexão mais cuidadosa sobre o propósito de Deus onde sua vontade seja mais exaltada que a vontade do homem. É necessário abandonarmos a pregação antropocêntrica trocando-a por um estudo mais profundo de doutrinas negligenciadas, e até desconhecidas nas igrejas do século XXI.

 Não há dúvidas de que haverá um novo e grande avivamento quando os temas: pecado original, expiação, justificação, salvação e outros afins retornarem aos púlpitos, quando for o ensino constante nas salas da EBD, e o assunto dominante nos templos denominacionais.

Goiânia, 20 de maio de 2013.

Fabio S. de Faria






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