domingo, 25 de dezembro de 2011

"AUTO BIOGRAFIA DO PECADO"

Dia moderno Babylon viajantes Baixo tablatura, brochura moderna ...
Em cada lugar do Planeta Terra onde houver presença humana há um ‘caminhante invisível’ vestido com elegância. Na cabeça um chapéu; na mão uma viola; nos lábios os versos que narram sua longa historia:
“Eu nasci há milhares de anos atrás, e não há nada nesse mundo no qual eu não esteja envolvido demais”.
Do jardim do Éden, a Adão e Eva expulsei. Em Caim, a Abel matei;  na terra o dilúvio provoquei. Se Noé achou graça aos olhos do Senhor,  aos meus também. Como bom menino, na arca com sua família entrei. No tempo de confinamento, em momento algum desanimei, e,  quando contentes todos da arca saíram, Deus VIU que no coração de cada um dos oito sobreviventes, eu estava presente. Em dezenas, centenas, milhares de anos, da minha missão jamais descuidei; em todas concepções minha marca deixei; em todos os lares habitei, e a cada um de seus ocupantes dominei.
“Eu nasci há milhares de anos atrás, e não há fato nesse mundo que eu não tenha participado demais”.
A Abraão, a Isaque e a Jacó; no Egito a Faraó; a Moisés e ao povo hebreu. Os que cruzaram o Mar Vermelho; os que habitaram nos montes, vales e planícies; por todos os recantos da terra a cada homem acompanhei. A Balaão, Sansão e Gideão, aos heteus e jebuseus; aos profetas, aos circuncisos e incircuncisos, a cada um escravizei. Reinei com Saul, Davi e Salomão; a mesa de cada rei de Israel me sentei. Na Assíria, na Babilônia, nas terras do norte, e do sul; nas extremidades do oriente e do ocidente, por todos os lugares habitados  passei e, como bom filho muitos corações ao meu pai Satanás entreguei. Jovens e velhos, homens e mulheres, ricos e pobres, a ninguém poupei.
“Eu nasci há milhares de anos atrás, e não há ninguém nesse mundo que não me conheça demais”.
Um dia, um fato estranho aconteceu. Um homem chamado Jesus Cristo, ao ser pregado na cruz,  ao meu domínio venceu. Sobre papai e seu exército de demônios na mesma cruz triunfou. Ele morreu, mas no sangue derramado, o escrito de divida existente contra todos quitou. Do tumulo ao terceiro dia ressuscitou e de minha mão as chaves da prisão arrebatou. As celas, Ele abriu e, para a liberdade aos cativos chamou. Houve alvoroço, mas ao convite uma multidão recusou e comigo ficou. O cristianismo cresceu, e, junto a ele permaneci.
Em dois milênios a muitos perdi, mas, mesmo assim muitas revoltas  provoquei;  inúmeras  moléstias criei;  perdi a conta dos que escravizei.
À época da Reforma de Lutero e Calvino os piores dias vivi. Fui espezinhado, massacrado e ferozmente combatido; mas, no advento do iluminismo me rejuvenesci. Nos ‘ismos’ que foram criados (deísmo, espiritismo, Darwinismo etc) fui revitalizado; e, nas novas seitas do século XIX o Novo Mundo conquistei.
“Eu nasci há milhares de anos atrás, e por todos povos desse mundo sou amado demais”.
A bordo dos inventos do século XX, fui transportado e transformado; novas técnicas adquiri e o status de mestre alcancei. Em um mundo onde duas pessoas do mesmo sexo são chamadas de casal; onde terroristas e sequestradores são considerados ativistas políticos, e onde o prefixo TRI deixou de ser três vezes seguidas, eu também uma nova identidade recebi. De agressor e transgressor dos princípios de Deus, como em milênios fui taxado, no século XX como ações pecaminosas por influência do mal passei a ser identificado. Com sabedoria fiz com que a culpa de toda a mazela por mim praticada, sobre os ombros de alguém que está preso e condenado fosse colocada. Com ares de ‘bom rapaz’ incito a todos dizerem que a culpa é de meu amado pai Satanás.
“Eu nasci há milhares de anos atrás, e as ações de todos nesse mundo influencio demais”.
Para não correr riscos de perseguição, publicamente procuro não me expor. Suave, mas, com tenacidade calmamente ocupo o espaço disponível em cada coração.
Na época da cibernética e do computador, onde o ter importa mais que o ser, sou a mentira da pregação triunfalista e antropocêntrica feita em nome de Jesus. Sou a vaidade dos que se preocupam com casas e templos luxuosos. Sou o egocentrismo dos cristãos, que aos domingos se fecham entre  quatro paredes de um lugar o qual dizem ser a Casa de Deus, mas desconsideram as necessidades nas comunidades dos aflitos. Sou a hipocrisia do religioso que a cada domingo encastelado no templo faz mil juras de amor a Deus e ao próximo, mas no mundo atenta somente para a sua família carnal e seus próprios interesses. Sou o desamor dos que dão dinheiro às crianças que vigiam  carros nas calçadas da vida. Sou o cinismo dos que distribuem cestas básicas, e se vêem aptos a receber elogios. Sou o desejo material e temporal, o individualismo que obrigatoriamente está inserido no cardápio de todas as orações.
Por tudo isso, neste século XXI em meus lábios há um novo cântico:
“ Dois mil anos atrás, na cruz, meu poder e domínio Jesus Cristo quebrou, mas até hoje por muitos cristãos sou praticado demais.
  AH! Se disserem que estou mentindo, tiro o meu chapéu”.         
            
  Fabio S. Faria





4 comentários:

  1. Olá meu irmão Fábio, bom dia! Perdoo-me por não ter comentado seu post antes, é que estive ausente por uns dias. Sobre os seus comentários no meu blog, saiba que de maneira alguma eles me ofendem, muito pelo contrário, sinto-me honrado em receber suas opiniões e pontos de vista. Continue acompanhando o meu blog e deixando seus comentários. Acerca do seu post, achei bem inteligente e oportuno, afinal de contas, na onda do relativismo, da libertinagem e do endeusamento da criatura em detrimento do Criador, pecado "deixou" de ser pecado, e o homem já não é mais responsável pelos seus atos. Esses são os piores sintomas da cegueira espiritual, quando o pecado se torna algo "normal" e o homem pensa que é o próprio Deus.
    Um abraço,
    Pr. Hiramar Paiva.

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  2. Boa tarde!
    Foi uma crônica bem construida em cima desse anônimo chamado pecado, que ganhou na atualidade status que o qualifica como, por exemplo, cultura, arte, estilo de vida, entre outros...

    Sergio Sena.

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    1. Sergio, agradeço-lhe pela visita e pelo comentário. Concordo plenamente com seu ponto de vista, pois, esta é minha proposta, ou seja, mostrar que o Pecado tem nos dominado sorrateiramente no dia a dia, e, nós nem notamos. Se for possível leia o post "a fiel testemunha", onde mostro isso em meu cotidiano.
      Abraços.
      Fabio.

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  3. Muito bom, Fabio!!!! Como foi muito bem colocado nos comentários anteriores, você mostrou como o pecado é insidioso e, de forma quase despercebida, ele vai tomando conta de atos e atitudes sem que as pessoas se deem conta e, o que é pior, passam a achar que é normal e nada fazem para acabar com a cegueira que o materialismo impõe. Primoroso o desfecho dado à última afirmativa musical: "Eu nasci há milhares de anos atrás, e as ações de todos nesse mundo influencio demais". Parabéns!!!!

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