Em cada lugar do Planeta Terra onde houver
presença humana há um ‘caminhante invisível’ vestido com elegância. Na cabeça
um chapéu; na mão uma viola; nos lábios os versos que narram sua longa
historia:
“Eu
nasci há milhares de anos atrás, e não há nada nesse mundo no qual eu não
esteja envolvido demais”.
Do jardim do Éden, a Adão e Eva expulsei. Em Caim,
a Abel matei; na terra o dilúvio
provoquei. Se Noé achou graça aos olhos do Senhor, aos meus também. Como bom menino, na
arca com sua família entrei. No tempo de confinamento, em momento algum
desanimei, e, quando contentes todos da
arca saíram, Deus VIU que no coração de cada um dos oito sobreviventes, eu
estava presente. Em dezenas, centenas, milhares de anos, da minha missão jamais
descuidei; em todas concepções minha marca deixei; em todos os lares habitei, e
a cada um de seus ocupantes dominei.
“Eu
nasci há milhares de anos atrás, e não há fato nesse mundo que eu não tenha
participado demais”.
A Abraão, a Isaque e a Jacó; no Egito a Faraó; a
Moisés e ao povo hebreu. Os que cruzaram o Mar Vermelho; os que habitaram nos montes, vales e planícies; por todos os recantos da terra a cada homem
acompanhei. A Balaão, Sansão e Gideão, aos heteus e jebuseus; aos profetas, aos
circuncisos e incircuncisos, a cada um escravizei. Reinei com Saul, Davi e
Salomão; a mesa de cada rei de Israel me sentei. Na Assíria, na Babilônia, nas
terras do norte, e do sul; nas extremidades do oriente e do ocidente, por todos
os lugares habitados passei e, como bom
filho muitos corações ao meu pai Satanás entreguei. Jovens e velhos, homens e
mulheres, ricos e pobres, a ninguém poupei.
“Eu
nasci há milhares de anos atrás, e não há ninguém nesse mundo que não me
conheça demais”.
Um dia, um fato estranho aconteceu. Um homem chamado
Jesus Cristo, ao ser pregado na cruz, ao meu domínio venceu. Sobre
papai e seu exército de demônios na mesma cruz triunfou. Ele morreu, mas no sangue
derramado, o escrito de divida existente contra todos quitou. Do tumulo ao
terceiro dia ressuscitou e de minha mão as chaves da prisão arrebatou. As celas, Ele abriu e, para a liberdade aos cativos chamou. Houve alvoroço, mas ao convite uma
multidão recusou e comigo ficou. O cristianismo cresceu, e, junto a ele permaneci.
Em dois milênios a muitos perdi, mas, mesmo assim
muitas revoltas provoquei; inúmeras
moléstias criei; perdi a conta
dos que escravizei.
À época da Reforma de Lutero e Calvino os piores
dias vivi. Fui espezinhado, massacrado e ferozmente combatido; mas, no advento
do iluminismo me rejuvenesci. Nos ‘ismos’ que foram criados (deísmo, espiritismo,
Darwinismo etc) fui revitalizado; e, nas novas seitas do século XIX o Novo Mundo
conquistei.
“Eu
nasci há milhares de anos atrás, e por todos povos desse mundo sou amado
demais”.
A bordo dos inventos do século XX, fui
transportado e transformado; novas técnicas adquiri e o status de mestre
alcancei. Em um mundo onde duas pessoas do mesmo sexo são chamadas de casal; onde
terroristas e sequestradores são considerados ativistas políticos, e onde o
prefixo TRI deixou de ser três vezes seguidas, eu também uma nova identidade
recebi. De agressor e transgressor dos princípios de Deus, como em milênios fui
taxado, no século XX como ações pecaminosas por influência do mal passei a ser
identificado. Com sabedoria fiz com que a culpa de toda a mazela por mim
praticada, sobre os ombros de alguém que está preso e condenado fosse colocada.
Com ares de ‘bom rapaz’ incito a todos dizerem que a culpa é de meu amado pai
Satanás.
“Eu
nasci há milhares de anos atrás, e as ações de todos nesse mundo influencio
demais”.
Para não correr riscos de perseguição, publicamente
procuro não me expor. Suave, mas, com tenacidade calmamente ocupo o espaço disponível
em cada coração.
Na época da cibernética e do computador, onde o
ter importa mais que o ser, sou a mentira da pregação triunfalista e
antropocêntrica feita em nome de Jesus. Sou a vaidade dos que se preocupam com
casas e templos luxuosos. Sou o egocentrismo dos cristãos, que aos domingos se
fecham entre quatro paredes de um lugar
o qual dizem ser a Casa de Deus, mas desconsideram as necessidades nas comunidades
dos aflitos. Sou a hipocrisia do religioso que a cada domingo encastelado no
templo faz mil juras de amor a Deus e ao próximo, mas no mundo atenta somente
para a sua família carnal e seus próprios interesses. Sou o desamor dos que dão
dinheiro às crianças que vigiam carros
nas calçadas da vida. Sou o cinismo dos que distribuem cestas básicas, e se
vêem aptos a receber elogios. Sou o desejo material e temporal, o
individualismo que obrigatoriamente está inserido no cardápio de todas as
orações.
Por tudo isso, neste século XXI em meus lábios há
um novo cântico:
“ Dois mil anos atrás, na
cruz, meu poder e domínio Jesus Cristo quebrou, mas até
hoje por muitos cristãos sou praticado demais.
AH! Se
disserem que estou mentindo, tiro o meu chapéu”.
Fabio S.
Faria
Olá meu irmão Fábio, bom dia! Perdoo-me por não ter comentado seu post antes, é que estive ausente por uns dias. Sobre os seus comentários no meu blog, saiba que de maneira alguma eles me ofendem, muito pelo contrário, sinto-me honrado em receber suas opiniões e pontos de vista. Continue acompanhando o meu blog e deixando seus comentários. Acerca do seu post, achei bem inteligente e oportuno, afinal de contas, na onda do relativismo, da libertinagem e do endeusamento da criatura em detrimento do Criador, pecado "deixou" de ser pecado, e o homem já não é mais responsável pelos seus atos. Esses são os piores sintomas da cegueira espiritual, quando o pecado se torna algo "normal" e o homem pensa que é o próprio Deus.
ResponderExcluirUm abraço,
Pr. Hiramar Paiva.
Boa tarde!
ResponderExcluirFoi uma crônica bem construida em cima desse anônimo chamado pecado, que ganhou na atualidade status que o qualifica como, por exemplo, cultura, arte, estilo de vida, entre outros...
Sergio Sena.
Sergio, agradeço-lhe pela visita e pelo comentário. Concordo plenamente com seu ponto de vista, pois, esta é minha proposta, ou seja, mostrar que o Pecado tem nos dominado sorrateiramente no dia a dia, e, nós nem notamos. Se for possível leia o post "a fiel testemunha", onde mostro isso em meu cotidiano.
ExcluirAbraços.
Fabio.
Muito bom, Fabio!!!! Como foi muito bem colocado nos comentários anteriores, você mostrou como o pecado é insidioso e, de forma quase despercebida, ele vai tomando conta de atos e atitudes sem que as pessoas se deem conta e, o que é pior, passam a achar que é normal e nada fazem para acabar com a cegueira que o materialismo impõe. Primoroso o desfecho dado à última afirmativa musical: "Eu nasci há milhares de anos atrás, e as ações de todos nesse mundo influencio demais". Parabéns!!!!
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