Na infância fui educado de acordo com o modelo "cristão romano". Aprendi a rezar o "pai nosso", a "ave Maria", o "credo", a "salve rainha", e a recitar os mistérios do rosário. Cria piamente nos efeitos milagrosos da "benzição", assim como no efeito "curativo da água" contida no copo colocado ao lado do radio no momento da "prece poderosa” feita por um dos maiores lideres religiosos da época: ALZIRO ZARUR (o programa deste líder espirita era transmitido todas as noites pela radio Mundial do Rio de Janeiro às 20 horas).
Também na infância, através de uma revista mensal sobre
"esoterismo", à qual minha mãe muito apreciava, é que tive os
primeiros contatos com os ensinamentos a respeito do "poder do pensamento
positivo" (muito em voga nas igrejas evangélicas de nossos dias),
Aos onze anos, iniciei o curso ginasial e além das aulas
semanais de religião, passei a estudar regularmente o catecismo. Fiz a
"primeira comunhão", e logo depois passei a fazer parte do grupo de
coroinhas da igreja local, durante um bom período (quase dois anos) a dedicação
ao estudo e ao conhecimento da liturgia, me levaram a ser um dos principais
colaboradores das funções religiosas da paroquia de minha cidade.
Após os 16 anos, apesar de ser frequentador assíduo da
igreja, inclusive sendo participante das primeiras “missa para jovens"
embaladas pelos acordes das "guitarras", e mesmo crendo na existência
de Deus, o amor ao estudo da "Historia Geral" e da “Biologia"
tornou-se predominante. Darwin, a teoria da evolução, o iluminismo, as
filosofias e religiões orientais, o espiritismo, o umbandismo, o poder da
mente, a fé positivista etc, formaram em minha mente uma verdadeira "teia”
de paixões, e aos poucos essas paixões eliminaram a crença nos
"santos" e em todo "ritual litúrgico e religioso" da igreja
apostólica romana.
Durante anos procurei conhecer, e em muitos momentos até
viver um pouco de cada uma dessas paixões. Nas trilhas desse caminho, julguei
ter encontrado no espiritismo e umbandismo a melhor "sombra", pois
afinal era nessas duas "arvores" que estavam mais acentuadas as
promessas de resolução dos problemas, tanto os de âmbito financeiro, quanto o
sentimental, familiar e profissional.
Entre idas e vindas; altos e baixos;
vibração nas vitórias e decepção nas derrotas; alegria nos momentos de riqueza
e tristeza em tempos de pobreza; o entendimento era que tudo estava ligado ao
"poder da mente", e logicamente à influencia negativa e positiva de forças ocultas exercidas pelos
"bons" e "maus" espíritos. Cria que Deus era o senhor de
todas as coisas, mas só iria interferir caso houvesse de minha parte o
cumprimento de determinadas obrigações, aliado a específicos sacrifícios.
Seguindo esta rotina, em um momento de grande frustração, após um desastre
financeiro acompanhado de algumas desavenças familiares, fui instruído a buscar
em uma "igreja evangélica", a solução e a cura para todas as mazelas
que me atormentavam.
Inicialmente, achei tudo muito interessante, pois a
pregação e o ensino estavam de acordo com a minha maneira de pensar [o milagre
era o mesmo; só mudava o santo], ou seja, basta crer em alguém (uma entidade de
poder); ter fé (pensar positivo); expulsar satanás (os maus espíritos); fazer
"campanha" (determinada obrigação); sem faltar nenhum dia ( o
sacrifício especifico); e a vitória estará garantida.
Durante vinte e sete
meses cumpri fielmente este principio religioso, e o único resultado visível,
era que a cada sete semanas a gaveta ficava mais cheia, devido ao acréscimo de
mais uma unidade do famoso "cartão de campanha". Foram 120 semanas de
campanhas (libertação, portas abertas, benção financeira, benção familiar,
sucesso profissional, etc) sem que a profetizada, tão sonhada e esperada benção
desse algum sinal. Essa situação me intrigava profundamente, pois por todos os
ângulos examinados, o caminho o qual estava eu trilhava era o correto. Então,
qual era a razão do insucesso? Esta indagação só foi respondida quando ao final
de uma aula de estudos bíblicos, a ministrante sugeriu que em casa
escrevêssemos uma "carta", ou um "salmo"; algo de
intimidade com Deus.
Naquela noite ao tentar executar a sugestão recebida,
escrevi a Deus muito mais que uma simples carta; escrevi uma declaração muito
intima: "a do reconhecimento da minha condição de pecador"; e esse
reconhecimento propiciou-me olhar para Deus, não mais na condição de um pedinte
de bênçãos terrenas. Pela primeira vez, entendi plenamente que a GRAÇA e
MISERICÓRDIA de Deus, não são concedidas para saciar desejos ou resolver
problemas do ser humano. Pela primeira vez, visualizei JESUS NA CRUZ e a CRUZ
SEM JESUS, e pude finalmente entender que na ENCARNAÇÃO, CRUCIFICAÇÃO E
RESSURREIÇÃO de JESUS, está a única e verdadeira benção a ser buscada. A
benção, que não depende de campanhas ou sacrifícios, mas da renuncia aos
desejos, sonhos, planos e projetos elaborados pela nossa natureza pecaminosa: A
BENÇÃO DA SALVAÇÃO.
Fabio S. Faria.
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