sábado, 14 de outubro de 2017

A ORAÇÃO DE SANTO AGOSTINHO!




                     NO ANO DE 387 APÓS SER BATIZADO, AGOSTINHO SE REFUGIOU COM SUA MÃE, SEU FILHO, E ALGUNS AMIGOS EM CASSICÍACO, UMA ALDEIA AO NORTE DE MILÃO, PERÍODO EM QUE SE DEDICOU TOTALMENTE AO ESTUDO, À FILOSOFIA, À MEDITAÇÃO E SATISFAÇÃO DE SEU ANSEIO: 
“A PROCURA DE DEUS E DA VERDADE”. 
FOI NESTA ÉPOCA QUE AGOSTINHO ESCREVEU UMA DE SUAS OBRAS PRIMAS – SOLILÓQUIOS -, E AO INICIAR A PRODUÇÃO DO LIVRO, ELE OROU E TRANSCREVEU PARA O MESMO SUA COMOVENTE ORAÇÃO QUE, SEM DÚVIDAS, ESTÁ INSERIDA ENTRE AS PÉROLAS DA LITERATURA CRISTÃ DE TODOS OS TEMPOS.

Deus, criador de todas as coisas, conceda-me primeiramente que eu faça uma boa oração; em seguida, que me torne digno de ser ouvido por ti; por fim, que me atendas. Deus, por quem tende a ser tudo aquilo que por si só não existiria. Deus, que não permites que pereça nem mesmo aquilo que se destrói. Deus, que do nada criaste este mundo, o qual acham belíssimo, os olhos de todos os que o contemplam. Deus, que não fazes o mal e fazes que este não seja pior. Deus, que mostras aos poucos, que se aproximam do que é verdadeiro, que o mal é nada. Deus, por quem todas as coisas são perfeitas, ainda com a parte que lhes toca de imperfeição. Deus, por quem se atenua ao máximo qualquer dissonância quando as coisas piores se harmonizam com as melhores. Deus, a quem amam, consciente ou inconscientemente, todos os que possam amar. Deus, em quem todas as coisas subsistem e para quem, contudo, não é torpe a torpeza de qualquer criatura, a quem não prejudica a sua malícia nem o afasta o seu erro. Deus, que não quiseste que conhecessem a verdade senão os puros. Deus, Pai da verdade, Pai da sabedoria, Pai da verdadeira e suprema vida, Pai da felicidade, Pai do que é bom e belo, Pai da luz inteligível, pai do nosso desvelo e iluminação, Pai da garantia pela qual somos aconselhados’ a retornar a ti.

Eu te invoco, Deus Verdade, em quem, por quem e mediante quem é verdadeiro tudo o que é verdadeiro. Deus Sabedoria, em quem, por quem e mediante quem têm sabedoria todos os que sabem. Deus, verdadeira e suprema Vida, em quem, por quem e mediante quem tem vida tudo o que goza de vida verdadeira e plena. Deus Felicidade, em quem, por quem e mediante quem são felizes todos os seres que gozam de felicidade. Deus Bondade e Beleza, em quem, por quem e mediante quem é bom e belo, tudo o que tem bondade e beleza. Deus Luz inteligível, em quem, por quem e mediante quem tem brilho inteligível, tudo o que brilha com inteligência. Deus, cujo reino é o mundo inteiro, a quem o sentido não percebe. Deus, de cujo reino procede também a lei para os reinos da terra. Deus, de quem separar-se significa cair, a quem retornar significa levantar-se, em quem permanecer significa ser firme. Deus, de quem afastar-se é morrer, ao qual voltar é reviver, em quem habitar é viver. Deus, a quem ninguém deixa senão enganado, a quem ninguém busca senão estimulado para isso, a quem encontra senão purificado. Deus, a quem abandonar é o mesmo que perecer, a quem acatar é o mesmo que amar, a quem ver é o mesmo que possuir. Deus, a quem a fé nos estimula, a esperança nos eleva, o amor nos une.
Eu te invoco, Deus, por quem vencemos o inimigo. Deus, de quem recebemos o fato de não perecermos totalmente. Deus, por quem somos admoestados a estar atentos. Deus, por quem discernimos as coisas boas e as coisas más. Deus, por quem evitamos as coisas más e seguimos as boas. Deus, por quem não caímos diante das adversidades. Deus, por quem prestamos bons serviços e nos portamos bem. Deus, por quem aprendemos que é de outros, o que às vezes julgávamos ser nosso, e que nos pertence o que às vezes julgávamos ser de outros. Deus, por quem não nos aquiescemos às artimanhas e seduções dos maus. Deus, por quem as pequeninas coisas não nos diminuem. Deus, por quem o que há de melhor em nós, não está sujeito ao que há de pior. Deus, por quem a morte é absorvida na vitória. Deus, que nos convertes. Deus, que nos despes daquilo que não é, e nos revestes daquilo que é. Deus, que nos fazes dignos de ser ouvidos. Deus, que nos fortificas. Deus, que nos atrais para toda verdade. Deus, que nos falas tudo o que é bom, não nos fazes de tolos nem permites que quem quer que seja nos faça de tolos. Deus, que nos chamas para o caminho. Deus, que nos levas à porta. Deus, que fazes com que a porta seja aberta aos que batem. Deus, que nos dás o pão da vida. Deus, por quem temos sede de uma bebida que, uma vez tomada, faz que nunca mais tenhamos sede. Deus, que acusas o mundo do pecado, justiça e juízo. Deus, por quem não nos induzem aqueles que não creem. Deus, por quem censuramos o erro dos que julgam que não há méritos das almas junto a ti. Deus, por quem não servimos aos elementos covardes e miseráveis. Deus, que nos purificas e nos preparas para os prêmios divinos, achega-te a mim com benevolência.

Tudo o que eu disse és tu, Deus único. Vem em meu auxílio, substância uma, eterna e verdadeira, em quem não há discrepância, confusão, mudança, indigência nem morte. Onde há plena concórdia, total evidência, total constância, suma plenitude e vida plena. Em quem nada falta, nada sobra. Em quem aquele que gera e o que é por ele gerado são um só. Deus, a quem servem todas as criaturas capazes de servir, a quem obedece toda alma boa. Por cujas leis giram os corpos celestes, os astros cumprem seus cursos, o sol traz o dia, a lua suaviza a noite e todo o mundo, à medida que o suporta a matéria sensível, mantém uma grande constância em relação às ordens estabelecidas e reiterações, isto é, no decurso dos dias: pela alternância da luz e da noite; no decorrer dos meses: pelas fases lunares; no decurso dos anos: pelas sucessões da primavera, verão, outono e inverno; no decorrer de intervalos de cinco anos: pela conclusão do curso solar; no decurso de grandes períodos: pelo retorno dos astros aos seus cursos. Deus, por cujas leis subsistentes na eternidade não se permite que se perturbe o movimento instável das coisas mutáveis, o qual, em virtude dos freios dos mundos circunvolventes, sempre se reitera à guisa de estabilidade; por cujas leis o homem tem livre arbítrio, sendo consequentemente distribuídos prêmios aos bons e castigos aos maus, em tudo de acordo com exigências estabelecidas. Deus, de quem procedem até nós, todos os bens, por cuja força coercitiva, são afastados de nós todos os males. Deus, acima de quem nada existe, além de quem nada existe, sem o qual nada existe. Deus, abaixo de quem está tudo, em quem está tudo, com quem está tudo. Que fizeste o homem à tua imagem e semelhança, fato este que é reconhecido por aquele que se conhece a si mesmo. Ouve-me, ouve-me, meu Deus, meu senhor, meu rei, meu pai, meu criador, minha esperança, minha realidade, minha honra, minha residência, minha pátria, minha salvação, minha luz, minha vida. Ouve-me, ouve-me, ouve-me com aquele teu jeito bem conhecido de poucos.

Amo somente a ti, sigo somente a ti, busco somente a ti, estou disposto a servir somente a ti e desejo estar sob a tua jurisdição, porque somente tu governas com justiça. Manda e ordena o que quiseres, mas sana e abres meus ouvidos para ouvir tuas palavras; sana e abre meus olhos para enxergar os teus acenos. Afasta de mim a ignorância para que eu te reconheça. Dize-me para onde devo voltar-me para ver-te e espero fazer tudo o que mandares. Suplico-te: recebe teu fugitivo, Senhor e Pai clementíssimo; já sofri muito; já servi demais aos teus inimigos, os quais sujeitas sob teus pés; por muito tempo fui ludibriado por falácias. Recebe-me, que sou teu escravo fugindo deles, que me receberam estranho a eles, quando eu fugia de ti. Sinto em mim que devo voltar a ti. Abra-se tua porta para mim, que estou batendo. Ensina-me com chegar a ti. Nada mais tenho que a vontade. Nada mais sei senão que se deve desprezar as coisas passageiras e transitórias, e procurar o que é certo e eterno. Faça-o, Pai, porque é a única coisa que sei; porém, ignoro como chegar a ti. Ensina-me, mostra-me, oferece-me as provisões para a viagem. Se for com a fé que te encontram os que se refugiam em ti, dá-me fé; se é com a força, dá-me força; se é com a ciência, dá-me ciência. Aumenta em mim a fé, aumenta a esperança, aumenta o amor. Ó admirável e singular bondade tua.

Almejo-te; e novamente te peço aquilo que se necessita para almejar-te. Perece aquele a quem abandonares; mas não abandonas, porque és o bem supremo a quem não deixa de encontrar aquele que procura corretamente. E procura corretamente todo aquele a quem conduzes para que procure corretamente. Faze Pai, que eu te procure, mas livra-me do erro. Nenhuma outra coisa, além de ti, se apresente a mim, que te estou procurando. Se nada mais desejo senão a ti, Pai, então eu te encontro logo. Mas se houver em mim desejo de algo supérfluo, limpa-me  e torna-me apto a ver-te. Quanto ao mais, em relação à saúde do meu corpo mortal, confio-o a ti, porquanto não sei que utilidade possa haver nele para mim ou para aqueles a quem amo. Pai sapientíssimo e ótimo, em relação a isso orarei no tempo em que me avisares. Apenas rogo à tua excelentíssima clemência que me convertas totalmente a ti e faças com que nada se oponha a mim, que caminho para ti e que, durante o tempo em que carrego e lido com este mesmo corpo, eu seja puro, magnânimo, justo e prudente, perfeito amante da tua sabedoria, aplicando-me à sua percepção, digno da habitação, e de ser habitante do teu reino tão feliz. 
Amém e amém.







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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

O ADULTÉRIO: UMA REFLEXÃO EM APOCALIPSE 2.4,5!



Mirtes era uma linda moça que nasceu no interior e mudou para a capital em busca da realização do sonho de estudar, e se tornar advogada.
No início seguiu à risca a meta traçada, porém à maneira que foi conhecendo novos amigos, o sonho foi colocado de lado. Começou a frequentar barezinhos e boates da moda. Em pouco tempo estava totalmente envolvida na nova vida, cuja prioridade era a busca dos prazeres carnais. Tudo foi maravilhoso até o dia em que descobriu estar grávida.
 O choque foi grande. No desespero fez um aborto e este ato lhe causou uma séria infecção levando-a a ficar internada uma semana para tratamento, e neste período de repouso forçado conheceu um médico plantonista que lhe dedicou uma atenção especial. 
A atenção do jovem médico - João Carlos – fez com que Mirtes refletisse nos erros cometidos e decidisse voltar a buscar  seu alvo inicial. Ao sair do hospital retornou aos estudos e aprofundou o relacionamento com João Carlos. 
Um ano depois já estavam casados. 
João Carlos era um marido dedicado, exemplar, e sempre disposto a realizar os desejos de Mirtes. Por ter tempo disponível, ela resolveu paralelamente ao curso de direito, estudar inglês e francês, mas aos poucos estes cursos exigiram demanda maior de tempo, e uma consequente diminuição do tempo para os assuntos matrimoniais.
Mirtes se formou, o casamento continuou, mas o relacionamento com o marido perdeu a intensidade, as relações em vários momentos era algo insípido, os compromissos a dois ficaram cada vez mais raros, e fez-se inverno no amor.
Foi nesse contexto, que ela foi contratada para defender um cliente em outra cidade, e naquela viagem de três dias encontrou um ex-colega de faculdade. Como os dois se hospedaram no mesmo hotel, não houve entrave para o início de um caso amoroso.
Na volta para casa, Mirtes até pensou contar tudo ao marido e pedir a separação, mas optou por esperar algum tempo, e no decorrer da espera, decidiu que o mais cômodo era ficar com os dois:

TORNOU-SE UMA ADÚLTERA.

A história de Mirtes e João Carlos é uma fiel metáfora da história que muitos cristãos têm com Jesus. Quando estão na pior, quando o barco está afundando, a boca grita por socorro, e busca-se Nele a cura e proteção. Normalmente faz-se uma opção por frequentar com assiduidade as reuniões em templos religiosos, e nelas levantam as mãos em adoração, declaram em alto e bom som o amor ao Senhor, porém à maneira que vão se sentindo melhor, os afazeres se tornam mais importantes.
A frequência às reuniões vai se espaçando até chegar ao ponto em que só se comparece em dias festivos. Assim, marcam presença, visitam e dão uma satisfação aos “quase amados” irmãos.
Gritam ao mundo que amam Jesus, mas a falta de tempo os impede de ser participantes em sua obra. A Bíblia vai sendo esquecida, pois há relatórios a ser redigidos, há os cursos de aperfeiçoamento, estudo de processos, visita a novos clientes, etc.
Calmamente, porém eficazmente o pecado os conduz a um proceder dúbio, em que a boca declara amor, mas o coração atesta apenas interesse, ou seja, o adultério está caracterizado.
Que esta estória não seja sua história, mas, se acaso for, não se desespere, nem se conforme:
“Lembra-te, pois de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras”. Jesus ainda lhe ama!


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